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'Vai ter recessão'. Ops, 'não vai ter recessão'. Goldman muda previsão em 73 minutos

Fazer projeções sobre a economia nunca é tarefa fácil. Mas sob Donald Trump virou praticamente missão impossível

Uma questão quase esotérica: "O que está na cabeça de Donald Trump?" (NBCU /Getty Images)

Uma questão quase esotérica: "O que está na cabeça de Donald Trump?" (NBCU /Getty Images)

Publicado em 9 de abril de 2025 às 18h15.

Última atualização em 10 de abril de 2025 às 16h55.

Fazer previsões sobre a economia e o mercado nunca é tarefa fácil. Mas sob Donald Trump virou praticamente missão impossível.

Que o digam os analistas do Goldman Sachs. Num dia em que relatórios já chegaram às caixas de email desatualizados e reportagens envelheceram antes sequer de ir ao ar com o cavalo de pau nas tarifas de Trump, o banco fez o que pode ser a mudança de call mais rápida da história.

Depois de aumentar gradativamente sua previsão para uma recessão nos Estados Unidos ao longo da semana com a guerra tarifária, o Goldman soltou no começo da tarde de hoje um relatório colocando uma queda no PIB americano como seu cenário básico.

Era 12h57 no horário de Nova York.

“Esperamos que a taxa efetiva de tarifas dos Estados Unidos suba 20 pontos percentuais e vemos uma probabilidade de recessão de 65%", escreveram os estrategistas do banco.

"Acreditamos que é baixa a chance de a Casa Branca reverter rapidamente as tarifas [risos nervosos], mas se ele o fizer a probabilidade de recessão cai."

Foi apenas vinte minutos antes de o presidente americano vir à Truth Social para chamar uma trégua de 90 dias para a maioria dos países, ainda que a régua para a China tenha subido, com taxas de 125% contra os 104% para os produtos do país. Ops.

Exatos 73 minutos depois, o email da retratação.

“Estamos agora retornando ao nosso cenário anterior não recessivo, que projetava um crescimento de 0,5% no PIB em 2025, uma taxa máxima de inflação PCE de 3,5%, uma probabilidade de recessão de 45% e três cortes consecutivos de 25 pontos-base no ‘seguro’ pelo Fed em junho, julho e setembro”, escreveram os analistas em nota datada de 14h10 (no horário de Brasília).

Resta saber agora o quanto agora as previsões – e o humor de Trump – vão durar.

(Nota: os jornalistas que tiveram que descartar inúmeras linhas escritas ao longo da semana estão com vocês, estrategistas do Goldman!)

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