Eleições municipais de 2024 indicaram uma tendência ainda maior à direita, diz a Mar Asset (Fábio Pozzebom/Agência Brasil)
Editora do EXAME IN
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 16h24.
Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 17h36.
Em janeiro, quando ninguém ainda arriscava um palpite eleitoral, a Mar Asset já tinha soltado uma carta aos cotistas explicando seu ânimo com a bolsa brasileira por conta da expectativa para as eleições presidenciais.
Numa longa análise baseada em estudos proprietários, a casa chegou à conclusão de que a ascensão da população evangélica no Brasil não só vai dificultar a reeleição de Lula em 2026, como sua "teologia da prosperidade", baseada no esforço individual, deve garantir apoio popular para reformas econômicas mais à direita.
Numa nova carta que acaba de ser publicada, a Mar – que toca uma estratégia única que une teses macro com olhar fundamentalista para ações – reforça o call e vai além: a vitória de um presidente de centro-direita voltaria a realinhar o Legislativo com o Executivo. Seria um evento de proporções históricas, abrindo espaço para reformas estruturantes na economia “inéditas em 30 anos” e “ainda mais abrangentes” do que as verificadas nos mandatos de Fernando Henrique Cardoso.
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“Temas como a desindexação da previdência ao salário-mínimo, a desconstitucionalização dos pisos de gastos em educação e saúde e a privatização de estatais teriam custos políticos menores. Essas medidas contribuiriam para a reversão da trajetória crescente do endividamento público e queda estrutural da nossa taxa de juros”, afirmam os gestores.
Que continuam: “Esse cenário positivo que pode se consolidar nos próximos meses tem alto potencial de reação nos mercados. Por isso, acreditamos que é hora de manter exposição ao Brasil em nosso portfólio, mesmo a mais de um ano da eleição e depois de um forte rally de preços ao longo de 2025”.
(Eles reconhecem que análises políticas são “frágeis por natureza” e, por isso, afirmam que estão com “perdas potenciais controladas no caso de a realidade não corresponder às projeções”.)
A gestora fez um longo estudo de investigação de padrões eleitorais, com base dos pleitos municipais, estaduais e federais, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo.
De 2002 a 2014, o ponteiro se deslocou mais para a esquerda em cada eleição, facilitando a governabilidade dos mandatos petistas. Desde 2016, porém, o movimento tem sido rápido e intenso para a direita. Nas eleições de 2022, esse pêndulo seguiu se deslocando na mesma direção – e Lula só ganhou a presidência por conta da rejeição a Jair Bolsonaro.
Agora, o cenário é ainda mais hostil do PT, defende a casa. Primeiro, porque as eleições municipais de 2024 marcaram uma guinada ainda maior à direita. Segundo, porque a população evangélica, onde o partido encontra pouco apoio, segue crescendo, inclusive nos seus redutos eleitorais, como o Nordeste. Mesmo o aumento de popularidade do presidente Lula depois do tarifaço de Trump não encontrou eco entre a população protestante.
As tarifas, por sua vez, também nublaram mais o cenário para a extrema-direita, defende a Mar. “O efeito marginal foi uma redução da competitividade da extrema-direita e uma leve melhora na avaliação do governo, sinalizando que a extrema-direita isolada não consegue se manter competitiva, mesmo diante de um presidente mal avaliado”, escrevem os gestores.
Nesse cenário, quem ganha espaço é a centro-direita, expressa principalmente na figura dos “governadores desse campo” que vem se apresentando como alternativa ao pleito. A casa não cita nomes em específico, com exceção de um.
“O swing voter entre as eleições [presidenciais] de 2018 e 2022, que foi concentrado em SP, aponta o bem avaliado governador Tarcísio de Freitas como a aposta natural para reverter a má performance no Estado”, explica a Mar.
No ano, o multimercado da casa sobe 17,27%, contra 8,78% do CDI. Em 36 meses, a rentabilidade do fundo é de 38,5%, frente a 42,5% do benchmark.