Unimed: JV com a Blue Health pode reduzir em até 30% custos das regionais (Unimed/ Divulgação/Site Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 10 de outubro de 2023 às 07h00.
Em um movimento cada vez mais forte no setor de saúde para lidar com a crescente pressão de custos, o Sistema Unimed está avançando na verticalização.
O passo mais recente da Unimed foi dado pela sua holding de participações com a criação de uma joint venture com a Blue Health, de aluguel de equipamentos médicos, para atender exclusivamente a rede de hospitais da operadora.
Trata-se de uma operação conjunta cujosinvestimentos podem chegar a R$ 3 bilhões nos primeiros cinco anos de operação. Ao menos 15 Unimed regionais já demonstraram interesse em contratar o serviço da JV.
Pouco pulverizado, o mercado de locação ainda responde a menos de 5% dos equipamentos médicos, estima Eric Varga, CEO da Blue Health. A empresa já opera há cerca de 20 anos na área, mas passou a operar de forma mais integrada a partir de 2022, quando realizou uma rodada de capitalização de R$ 500 milhões.
A empresa fornece equipamentos e serviços de manutenção em segmentos que vão de exames de laboratório, a tomografias e ressonância magnética.
Entre os acionistas da Blue Health estão o fundo Kinea, do Itaú, a EB Capital, de Pedro Parente e da família Melzer, e a Lazuli Partners, de Carlos de Barros, ex-CEO da Dasa.
Batizada de Uniblue, a JV é vista como uma forma de ajudar as unidades regionais da Unimed a reduzir o desembolso de caixa. “Já há algum tempo que nós, enquanto o Sistema Unimed, entendemos que é fundamental verticalizar”, diz o CEO da Unimed Participações, Adelson Severino Chagas.
Compra em escala, conhecimento na operação de equipamentos desde baixa a alta complexidade e capacidade de manutenção são algumas das vantagens competitivas da companhia criada com a Blue Health.
Pelos cálculos das duas empresas, a operação da Uniblue será capaz de reduzir de 15% a 30% dos custos assistenciais das Unimed regionais, o que deve trazer “mais sustentabilidade” para o negócio.
“A locação de imediato representa um desembolso que é só uma fração da compra de um equipamento. Tem um alívio de caixa imediato, que não é nem comparável. Então é uma forma de aliviar os balanços do sistema. É uma solução é muito potente”, argumenta Varga.
O custo assistencial com a parte hospitalar tem sido uma das pedras no sapato das operadoras de saúde, que apenas no primeiro semestre amargam R$ 4,3 bilhões de prejuízo operacional, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS).
A Uniblue inclui um modelo de financiamento dedicado, com recursos captados pela InvestCoop, via fundos de investimentos, onde se capta recursos do próprio sistema Unimed para o funding das operações de compra e locação de equipamentos. As reservas já existem e são constituídas pelos ativos garantidores junto à ANS.
Para o Sistema Unimed esse modelo deverá ser bastante representativo na linha de custos, já que são 20 milhões de beneficiários, ou nada menos do que 40% do total da saúde suplementar brasileira.
Hoje, todo o Sistema Unimed conta com 157 unidades hospitalares e outras dez devem entrar em operação a partir de 2024. Para as unidades Unimed que já têm contrato de locação com a Blue Health em vigor, nada muda. Mas todos os contratos firmados com o Sistema a partir de agora devem ficar sob o guarda-chuva da Uniblue.
A sociedade na Uniblue será de 51% para a Unimed Participações e 49% para a Blue Health. A empresa locadora de equipamentos indicará o CEO e a Unimed Participações, o CFO. O retorno sobre o capital investido está previsto para acontecer entre três e quatro anos em um cenário conservador.
A Uniblue ainda depende de aprovação do Cade. O resultado da análise do orgão antitruste é estimado pela Unimed Participações e a Blue Health para até 60 dias.