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UBS vai contra o consenso e dá "venda" em Embraer; ações lideram queda do Ibovespa

Companhia tem o melhor desempenho na bolsa no ano, com valorização acumulada de 140%, mas analistas veem mercado "excessivamente otimista" com o papel

Embraer: ações acumulam alta de 140% no ano (David Becker/Reuters)

Embraer: ações acumulam alta de 140% no ano (David Becker/Reuters)

Publicado em 19 de novembro de 2024 às 14h16.

Após liderar o Ibovespa com um desempenho expressivo de 140% no ano, a Embraer agora enfrenta questionamentos. Um relatório divulgado pelo UBS nesta terça-feira, 19, rebaixou a recomendação das ações para "venda", destacando desafios estruturais e projeções consideradas otimistas demais para a companhia. As ações da Embraer têm a maior queda do índice nesta tarde, em baixa de 4,2%.

De acordo com os cálculos do UBS, as ações da Embraer estão sendo negociadas a um EV/Ebitda de 10,5x, acima do patamar histórico de 8,3x. Esse valuation reflete expectativas elevadas de crescimento nos segmentos Comercial e Defesa, que, segundo os analistas, são difíceis de concretizar.

Os principais pontos de divergência com o mercado são as projeções mais pessimistas do UBS para a divisão de Defesa e as chances da companhia disputar o mercado de aeronaves narrow-body com a Boeing e a Airbus. Além disso, o UBS destaca que a demanda por jatos executivos está esfriando. "O mercado está sendo excessivamente otimista", afirmam os analistas.

O principal modelo narrow-body da Embraer é o E2, para o qual o UBS projeta que a entrega mantenha-se abaixo de 100, devido à "forte competição" com a Airbus. "Acreditamos que o C-Series, rebatizado sob o guarda-chuva da Airbus, continuará ganhando participação de mercado em relação ao E2, como observado desde 2018. A presença global mais ampla da Airbus, seu portfólio de ativos e sua expertise na cadeia de suprimentos são os principais fatores que sustentam essa visão", diz o relatório.

Os analistas do banco destacam que as barreiras para a Embraer competir no mercado de aeronaves narrow-body são significativas, incluindo os altos requisitos de capex, o tamanho limitado de seu balanço patrimonial e desafios na cadeia de suprimentos. "Não observamos pedidos de E2 que justifiquem o volume de entregas esperado pelo mercado e prevemos que a competição com o A220 continuará nesta direção." Enquanto o consenso projeta 100 entregas comerciais anuais a partir de 2026, o UBS estima apenas 85 unidades.

Na divisão de Defesa, as entregas têm ficado aquém do esperado, apesar da grande expectativa por pedidos em larga escala da aeronave de transporte militar C-390. O UBS relembra que, em 2011, antes do lançamento do C-390, a Embraer anunciou ter acumulado 60 declarações formais de intenção, mas, até o momento, apenas 37 pedidos firmes foram registrados.

"Além disso, vemos uma forte concorrência, apesar de o C-390 ser uma aeronave mais moderna e eficiente." A principal concorrente da Embraer nesse mercado é a americana Lockheed Martin. Uma das teses do UBS é de que a relação de longa data de governos com os americanos poderia estar reduzindo a demanda pelo C-390.

O UBS ressalta que o consenso projeta uma receita de US$ 900 milhões para o segmento de Defesa em 2025, alcançando US$ 1 bilhão apenas em 2027. O UBS, no entanto, considera essas estimativas otimistas, já que, mesmo anualizando a receita de US$ 220 milhões registrada no terceiro trimestre, os resultados ainda ficariam aquém das projeções de mercado e do marco de US$ 1 bilhão no segmento. O UBS aponta ainda que, no último trimestre, foram entregues dois C-390, o que implicaria uma produção de oito unidades no ano, bem acima da meta divulgada pela gestão de cinco unidades anuais.

Sobre a divisão de jatos executivos, que tem sido um pilar de crescimento para a Embraer no pós-pandemia, o UBS vê um risco de normalização da demanda nos próximos anos, impulsionada pela recuperação dos mercados secundários de aeronaves. A projeção do banco é de que a divisão continue sendo um motor de crescimento, mas em ritmo mais moderado.

O UBS projeta que a divisão de jatos executivos alcance uma receita de US$ 1,84 bilhão em 2025, com cerca de 140 entregas anuais, pouco acima da estimativa da Embraer de entregar entre 125 e 135 jatos executivos neste ano. A partir desse patamar, os analistas acreditam que o segmento enfrentará desafios para crescer de forma significativa.

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