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Transição energética: como a Thymos Energia quer dobrar de tamanho ao longo dos próximos cinco anos

Uma das maiores consultorias do setor elétrico brasileiro quer fechar 300 contratos por ano em 2028

Energia: apetite pelo setor aumenta faturamento da Thymos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Energia: apetite pelo setor aumenta faturamento da Thymos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 29 de julho de 2023 às 11h15.

No aniversário de 10 anos, a Thymos Energia, companhia referência em consultoria no setor elétrico, olha para os próximos cinco. Hoje, a empresa se destaca pela realização de estudos para o setor elétrico e com participações em  estruturação de operações — esteve presente na privatização da Eletrobras. Além disso, tem um braço de gestão de energia para clientes que fazem contratações via mercado livre. Esses dois negócios, combinados, resultam em 150 projetos por ano, ou seja, um a cada dois dias. O plano da companhia é aumentar gradativamente até chegar a 300 projetos a cada 12 meses em 2028. O motor desse crescimento tem nome: transição energética.

A companhia não abre os números de faturamento (nem a proporção de projetos de gestão e de estudos dentro da receita) mas apenas divulga que o tíquete médio das iniciativas ligadas à consultoria varia entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. Um dos diferenciais que colaborou para o ganho de participação em um mercado que passa por tantas transformações, na visão de Alexandre Viana, COO da Thymos Energia, é a realização de estudos de fácil compreensão em um setor tão técnico.

“Nosso mote é o de transformar o complexo em simples. Temos que fazer relatório que o CEO, tomador de decisão, e o técnico vão conseguir entender. É uma lógica que chega até no setor público, com empresas precisando entender conceitos para serem apresentados no Congresso, por exemplo”, diz o executivo. Essa abordagem foi especialmente útil para conquistar grupos estrangeiros e investidores que vieram para o país nos últimos anos. Hoje, a maior parte dos clientes da empresa é estrangeira.

Agora, o foco é manter a 'simplicidade', em meio ao aquecido ambiente de negociações. Nas contas de fontes próximas ao setor, o volume de emissões (de ações e de dívida) de empresas no setor elétrico deve somar de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões no fim deste ano, um aumento expressivo em relação ao ano passado, na visão delas. QUANTO DE AUMENTO?

Fusões e aquisições também ganharam força no país, diante da perspectiva de juros mais baixos, combinadas à aprovação do arcabouço fiscal. A necessidade global de busca por fontes de energia limpa também jogou a favor. Nas contas da Thymos, a procura por acordos de compra e venda já aumentou 20% em relação a 2022.

"O Brasil oscila entre o 6º e o 7º lugar em consumo mundial de energia elétrica. É um mercado enorme,  com abundância de energia limpa. O Chile também está bastante arrumado, mas tem uma capacidade muito menor do que a nossa, em torno de 22 GW, enquanto o mercado brasileiro é de 213 GW. E é um país com regulação, em que investir é mais fácil do que em outras regiões da América Latina ou da África", diz Alexandre Viana.

Além de uma oferta abundante, o país ainda conta com um consumo baixo. Colocando em números, o Brasil consome 3 MW per capita, um total que representa metade da Alemanha. O cenário de sobreoferta é real e tem afetado os preços de energia no país e, consequentemente, projetos de investimento em geração de energia. Para Viana, olhando além do cenário atual, o país também conta com uma oportunidade importante de criar oportunidades de aumento do consumo local de energia.

"Em curto prazo, o país pode ter medidas de fomentar o crescimento da economia ou de fazer com que o preço baixo impulsione um consumo maior. O caminho para o Brasil crescer passa por eletrificação da economia", diz o executivo.

A companhia tem como prática orientar aos seus clientes -- em sua maioria, indústrias eletro intensivas que compõem 7% a 8% do consumo de energia no mercado livre -- a comprar energia dois anos antes de os atuais vencerem. Hoje, a empresa está incentivando clientes a comprar contratos de três a cinco anos.

Além da oferta abundante, o setor ainda está passando por uma intensa transformação. A partir de 2024, o mercado livre se abre para todo o grupo A (que ainda é de alta tensão) o que deve incluir, na prática, pequenos comércios na possibilidade de comprarem energia fora do mercado cativo.

Essa é apenas a ponta do mercado que a Thymos vê que pode ser explorado daqui para frente. Nas estimativas da empresa, conforme a regulação for avançando para consumidores de consumos cada vez menores, 85% do mercado brasileiro deve estar no mercado livre em 2035 e apenas 15% no tradicional — sendo estes formados principalmente pelo agro, iluminação pública e baixa renda.

Há muito ainda a definir, em termos regulatórios, no Brasil, em meio a todos esses avanços rumo à abertura de mercado. O que a Thymos Energia quer mostrar é que, desde o momento um, já está próxima a empresas do setor -- e que pode ajudar a destravar esse crescimento.

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