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The Coffee recebe aporte de US$ 5 milhões da Monashees

Gestora lidera segunda capitalização na rede que em dois anos alcançou 30 lojas e agora tem planos de chegar a 100 até fim de 2021

 (The Coffee/Divulgação)

(The Coffee/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 06h40.

Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 07h38.

Nem só de tech vive o venture capital. O bom e velho cafezinho — ainda que totalmente repaginado, urbano e moderno — continua atraindo capital. O mais novo aporte de uma das mais badaladas e respeitadas casas de investimento de risco nacional, a Monashees, é uma cafeteria.

A gestora acaba de assinar uma capitalização de 5 milhões de dólares na rede The Coffee, que nasceu em Curitiba, em março de 2018, e que em pouco mais de dois anos tem 30 lojas, espelhadas em sete grandes cidades do país (quatro delas no Nordeste). A empresa planeja os próximos passos para chegar a 100 pontos de presença, incluindo unidades internacionais, até o fim do próximo ano.

Essa já é a segunda rodada da casa na companhia: um cheque dez vezes maior que os 500 mil dólares aplicados no fim do ano passado. No vocabulário do capital ‘aventureiro’, a rede pulou da fase do capital semente para uma série A em um período de um ano.

O negócio da The Coffee é dessas histórias que a lógica não explica. Três irmãos curitibanos — Alexandre, Carlos e Luis Fertonani — apaixonados por café e pela estética e cultura do Japão decidiram em 2017 juntar as duas coisas, aparentemente nada óbvias, e empreender.

O modelo parecia desafiar a relação do brasileiro com a bebida: lojas bem pequenas, na rua (um balcão, na verdade), para as pessoas comprarem o café e levar — ou tomar em pé — em copos plásticos ou de papel. Nada da mesinha para o bate-papo, garçom nem xícara de porcelana. Nas lojas, que se esforçam para ser minimalistas até nas cores sempre neutras, o cliente escolhe, pede e paga praticamente sozinho, com uso de tablets e um sistema integrado, que também já conta com um aplicativo para celular.

O cardápio vai bem além do expresso, mas é enxuto, com tudo escolhido a dedo e, claro, tem dos quentes aos frios. Para comer, apenas três opções: o bom e vellho pão de queijo, cookie e brownie. Do Japão, só o matcha, feito com o broto do chá verde em pó ou moído.

A inspiração do design e da forma de consumir vieram do Japão, mas o café é brasileiro — do Paraná, um arábica cultivado a 700 metros de altitude, na Fazenda Pilar, em Cornélio Procópio. A The Coffee, quase óbvio dizer, nasceu na terra do café. O Brasil é o maior produtor do grão há 150 anos consecutivos, responsável por cerca de um terço de toda a produção global, seguido pelo Vietnã e pela Colômbia.

Embora seja o maior produtor, o Brasil ainda não é o maior consumidor. A posição pertence, com grande folga, à Finlândia, onde o consumo per capita anual é da ordem de 12 quilos — por aqui, esse número varia de 5,5 quilos a 5,8 quilos. Ainda assim, ninguém duvida da fixação do brasileiro pelo café depois do almoço e por aquela pausa no meio da tarde.

Para completar o enredo inusitado, os irmãos investiram 50 mil reais e abriram a primeira unidade nos fundos de um restaurante, em uma rua nada movimentada da capital paranaense. Em entrevista ao EXAME IN, Alexandre Fertonani conta que, durante a reforma do espaço, num dado momento, eles se questionaram se o local fazia sentido. O que ocorreu em seguida responde: em novembro daquele mesmo ano, a segunda loja era inaugurada e a terceira unidade já foi em São Paulo.

Desde o início, o crescimento foi calcado no modelo de franquia, que exigem investimento de 120 mil reais na largada. O planejamento atual, conta Alexandre, é que nessa próxima fase de expansão predominem as lojas próprias. Cada operação madura vende em média 250 bebidas por dia, o que resultará em 7.500 em toda a rede. O volume de vendas somado quando todas as unidades estiverem em ritmo de cruzeiro será da ordem de 12 milhões, para as atuais 30 lojas.

“Tudo aconteceu numa velocidade muito grande. Quando abrimos o primeiro café, já pensamos em um negócio que pudesse ganhar escala, mas nunca tínhamos pensado que seria nesse ritmo.” De acordo com o empresário, todas as unidades abertas antes da pandemia já são rentáveis. Além de crescimento, os recursos desse novo aporte serão dedicados ao fortalecimento da marca e também para dar mais robustez ao back office. "Já evoluímos muito, comparado ao começo da jornada, mas ainda há muito para fazer nessa frente."

No planejamento para a marca, estão incluídas operações na Europa: duas unidades em Portugal, em Lisboa, e quatro na Espanha — duas em Madri e duas em Barcelona. Na visão do trio de fundadores, a presença global é importante para dar força ao nome.

Alexandre conta que a parceria com a Monashees veio no fim do ano passado. “Achamos que era hora de buscar capital para crescer e estávamos quase fechando negócio com um empresário local. A gente nem pensava em nomes grandes e especializados. Daí, recebemos um contato deles e em um mês fechamos negócio”, diz. Tudo muito rápido como parece ser o DNA da casa.

Tanto na primeira rodada quanto nessa atual, a gestora liderou os aportes, com cerca de 90% dos recursos. Os investidores agora têm pouco menos de 40% do negócio. "Antes de colocar o dinheiro, eles reforçaram muito conosco se estávamos dispostos a crescer. Eles só investem se você estiver disposto ao crescimento."

 

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