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The Chemist Look chega ao Brasil para vender R$ 20 mi já em 22

Flopi, fundadora da beautytech, recebeu investimento de Alessandro Carlucci, ex-Natura, e Sérgio Fogel, da dLocal

Florência Jinchuk, fundadora da The Chemist Look: obstinação pela eficácia e paixão por skincare (The Chemist Look/Divulgação)

Florência Jinchuk, fundadora da The Chemist Look: obstinação pela eficácia e paixão por skincare (The Chemist Look/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 7 de dezembro de 2021 às 17h02.

Última atualização em 7 de dezembro de 2021 às 17h03.

Coloque em um caldeirão conhecimentos químicos acadêmicos, paixão pela indústria cosmética, as facilidades do e-commerce e o capital de Alessandro Carlucci, ex-presidente da Natura e atual presidente do conselho da Arezzo, e de Sérgio Fogel, co-fundador da dLocal, empresa de meio de pagamentos do Uruguai que estreou na Nasdaq em junho avaliada em US$ 11 bilhões. Por fim, tempere com o inconformismo, a inquietação e a curiosidade da juventude. O resultado são as poções de skincare da Flopi, como é conhecida a uruguaia Florência Jinchuk, que fundou a beautytech The Chemist Look, em 2016.

A marca inicia as vendas no Brasil hoje, dia 7, em uma espécie de soft launch, com três produtos. Mas todo o portfólio, com 20 fórmulas, estará disponível para venda online no país em 2022. Além de seu mercado natal, a marca já opera na Argentina (2018) e no Chile (2019). No início, os produtos serão vendidos apenas em São Paulo, mas o objetivo é expandir aos poucos para todo o país.

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“Já em 2022, as vendas aqui devem ser maiores que a soma dos demais mercados”, afirma Flopi, em entrevista exclusiva ao EXAME IN. A expectativa é que a receita possa alcançar R$ 20 milhões já no primeiro ano. A fundadora, que hoje tem 32 anos, começou o negócio aos 26 e é o exemplo vivo pela disrupção que passa a indústria de higiene e beleza. A capacidade de distribuição e de disseminação da informação foram turbinadas pela Internet, que está produzindo uma multiplicação das novidades no setor e desafiando as gigantes e tradicionais indústrias.

Não por acaso, diversos investidores estão atentos às oportunidades no setor. Carlucci e Fogel foram investidores anjos da empreendedora uruguaia, mas em valores não revelados.

Flopi está de olho no tamanho do Brasil e seus mais de 200 milhões de habitantes. Em 2020, a indústria de higiene e cosmética movimentou nada menos do que R$ 122 bilhões no país, com um crescimento de 4,7%, de acordo com dados da associação brasileira responsável pelo setor, a Abhipec. Dentro desse crescimento, o segmento de skincare teve especial desempenho, com uma expansão superior a 13%.

O setor sempre foi conhecido pela reduzida barreira de entrada, graças à curiosidade dos consumidores, que sedem às tentações de novas embalagens, cheiros e propostas nas gôndolas de farmácias e supermercados quando têm a oportunidade.

Flopi estudou química nos Estados Unidos e concluiu seu mestrado em ciência cosméstica em Nova York, antes de retornar ao Uruguai. Ao voltar ao seu país de origem, há pouco mais de sete anos, montou um blog autoral no qual analisava e dividia com as leitoras suas impressões a respeito dos produtos que encontrava na farmácia. “Eu tive um estalo e um ímpeto de começar a escrever quando fui a uma drogaria e, pelo meu vício de sempre analisar as fórmulas, percebi que um creme para o rosto e outro para contorno dos olhos eram, na verdade, o mesmo.”

O blog começou a fazer sucesso e durante a inteiração com o público, ela sentiu que podia fazer mais do que apenas trazer informações. Poderia ela própria montar as fórmulas e criar seus próprios produtos. Assim, a marca, que hoje acumula mais de 125 mil seguidores, recebeu o mesmo nome do blog.

Hoje, Flopi já tem mais de 40 mil clientes cadastradas em sua base e o tíquete médio de suas vendas fora do Brasil é da ordem de US$ 75, o equivalente a mais de R$ 400. Aqui, os produtos vão custar entre R$ 80 e R$ 375. No ano passado, foram vendidos 70 mil itens, no consolidado.

Além da qualidade, uma das maiores inquietações de Flopi é a latência existente entre a pesquisa e tecnologia, no desenvolvimento de produtos e aplicações, e a chegada dessas soluções aos consumidores. As grandes marcas, segundo a fundadora da The Chemist Look, levam entre três e cinco anos para aplicar em escala as inovações.

“Enquanto as outras marcas procuram estabilidade do portfólio, eu quero transformação e mudança. As nossas fórmulas vão continuar sempre evoluindo. Eu não espero o estoque de um produto acabar para fazer sua atualização”, reforça. O que acontece no portfólio de Flopi é que, normalmente, por um período as duas versões de um produto são vendidas simultaneamente, mas de forma transparente aos consumidores. "Esse é nosso DNA. Sou obcecada por eficácia."

Na companhia, que se dedica ao desenvolvimento das fórmulas e terceiriza a produção, nunca leva mais de um ano para que as novas tecnologias cheguem na mão de suas clientes. Essa atualização constante é o principal diferencial da marca, que tem como foco levar os melhores resultados dos cuidados da pele a suas consumidoras. Flopi também defende que se denomine essa frente de saúde da pele. “Não é ainda visto assim, mas deveria. É muito mais do que falar em creme antiidade. A pele é reflexo do estilo de vida da pessoa”, diz, ao lembrar que a marca não usa nada que possa irritar a pele para produzir sensações que não são o foco dos cuidados, como fragrâncias. Na visão dela, a tendência é que o mercado queira cada vez mais produtos naturais e associados à alta tecnologia. "Por isso, procuramos o melhor equilíbrio das substâncias biocompatíveis com a pele."

“Eu comparo muito o que está acontecendo no meu setor com as foodtechs. Matérias-primas naturais, mas trabalhadas com muita tecnologia. É transformar um produto em algo melhor e mais sustentável dentro do laboratório. Isso é pura ciência.”

A expectativa da empreendedora é que o Brasil seja um mercado muito relevante para sua operação. “No Uruguai, pelo nosso tamanho, já montamos um negócio pensando em sua internacionalização”, ressalta ela. O soft launch é justamente para permitir que todo processo de venda e entrega fique completamente azeitado para que então todos as ofertas sejam colocadas à disposição. Já no primeiro trimestre, o número de colaboradores deve passar de 60, em relação aos 35 atuais, e mais da metade estará no Brasil. Quem vai liderar o time aqui é Renata Rosendo.

Mas o fato de o Brasil ser grande não é bastante para Flopi, que já pensa em levar sua marca também para México e Estados Unidos. Se a The Chemist Look vai entrar novos segmentos? Por enquanto, a fundadora não tem planos nesse sentido. “Minha paixão é skincare” O foco agora é ampliar mercados e fronteiras.

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