Tenda: início de retomada para a companhia depois de custos machucarem balanço na pandemia (Germano Lüders/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 2 de agosto de 2023 às 20h25.
Última atualização em 2 de agosto de 2023 às 20h35.
A Tenda está passando por uma retomada. A empresa teve um prejuízo de R$ 10,5 milhões no segundo trimestre deste ano, uma redução de 90,8% em relação ao mesmo período do ano passado. A melhora está relacionada a uma conjunção de fatores de aumento de vendas com normalização dos custos de matéria-prima. “Entramos na pandemia muito bem vendidos, com uma VSO acima de 30% por trimestre, e tivemos de construir na pandemia, o que trouxe impactos visíveis para a companhia. Agora, acreditamos que os desvios de custos ficaram para trás”, diz Luiz Mauricio Garcia, CFO da Tenda, ao EXAME IN.
Enquanto lida com os últimos resquícios da inflação que atingiu o setor em cheio no auge da covid-19, a companhia segue crescendo – e ganhando ritmo de vendas. No trimestre, a receita avançou 9%, totalizando R$ 710,5 milhões. As vendas líquidas totalizaram R$ 758,5 milhões, aumento de 31,3% em relação ao mesmo período do ano passado, com um aumento de tíquete médio de 16% na comparação anual, para R$ 205 mil.
A companhia tem um guidance para o ano de R$ 2,7 bilhões a R$ 3 bilhões — que não incluía melhorias de parâmetro do programa Minha Casa Minha Vida. “Podemos revisitar o guidance fornecido ao longo do ano. Se a tendência se confirmar para o terceiro e quarto trimestres, há espaço para isso”, diz Garcia.
A velocidade de vendas (medida pela sigla VSO) foi de 26%, um avanço de três pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2022. Um patamar visto pelo CFO como saudável para a empresa daqui para frente. “O índice anterior, de 33%, 34%, do pré-pandemia, é muito alto. Nossa leitura é de que o patamar saudável fica entre 24% e 26%. É aqui que entendemos que somos capazes de aumentar nossos retornos”, diz.
Os lançamentos tiveram aumento de 23,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 963,7 milhões. Desse total, R$ 931 milhões estão em lançamentos de Minha Casa Minha Vida, alta de 21% ano a ano, e outros R$ 32 milhões na Alea. A companhia também transferiu R$ 559 milhões em hipotecas para bancos, alta de 27% ano a ano. O banco de terrenos totalizou R$ 17,3 bilhões no segundo trimestre, aumento de 14,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Acho que os novos parâmetros melhoraram muito. O foco do governo foi exatamente melhorar a condição de compra dessas famílias. O aumento foi concentrado na Faixa 1, que é onde a Tenda tem mais de 60% do volume de vendas, justamente o principal foco do governo, que é voltar a trazer condições para famílias de menor renda serem mais relevantes no programa”, diz Garcia.
São efeitos que devem se tornar mais claros no balanço da companhia. A empresa teve lucro bruto de R$ 158,8 milhões no período, aumento de 55,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem bruta atingiu 22,4% no período, aumento de seis pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2022.
O destaque, em margem, está mesmo com as novas vendas, cujo indicador subiu 31,7% na comparação anual. E a tendência é de alta. A partir do terceiro trimestre deste ano, a receita deve começar a vir principalmente de projetos lançados a partir de 2022, enquanto no segundo trimestre, 47% da receita ainda veio de projetos lançados em 2021 ou antes.
No trimestre, o Ebitda foi de R$ 47,7 milhões, revertendo o indicador negativo do ano anterior. A margem Ebitda foi de 3,5%, ante indicador negativo de 9,4% no ano anterior.
Saindo dos indicadores operacionais para os financeiros, as despesas tiveram melhora de 50,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. O principal ponto que levou à queda é a marcação a mercado positiva de operações de swap contratadas pela companhia com bancos, no valor de R$ 35,8 milhões, decorrente do aumento do valor da ação no período.