Exame IN

Tech: SPAC de US$ 230 mi da Valor pode ter alvo bilionário

A captação demonstra o otimismo dos investidores internacionais com o setor de tecnologia brasileiro

Mario Mello, CEO do Valor Latitude Acquisition Corp: gestor da SPAC foi presidente do PayPal na América Latina  (Valor Capital Group/Divulgação)

Mario Mello, CEO do Valor Latitude Acquisition Corp: gestor da SPAC foi presidente do PayPal na América Latina (Valor Capital Group/Divulgação)

CI

Carolina Ingizza

Publicado em 4 de maio de 2021 às 11h24.

Última atualização em 4 de maio de 2021 às 13h11.

A Valor Capital levantou US$ 230 milhões com a oferta pública inicial de um SPAC (special purpose acquisition company) na Nasdaq para investir em uma empresa de tecnologia brasileira. O Softbank, que investiu nos dois últimos fundos da gestora, ancorou a operação com cerca de 15% da oferta. Com esse tamanho de operação, o mercado espera um alvo com valuation entre US$ 1 e US$ 3 bilhões.

Com precificação de US$ 200 milhões e mais US$ 30 milhões de greenshoe (lote adicional de ações), a captação mostra o otimismo internacional com o setor de tecnologia brasileiro — aparentemente imune às oscilações macroeconômicas do país. Só nos quatro primeiros meses de 2021, as startups brasileiras receberam US$ 2,3 bilhões em aportes de venture capital, cerca de 70% do total investido em 2020 — ano recorde do ecossistema.

“Conseguir fazer a captação em um momento em que há mais de 350 SPACs esperando o mercado melhorar passa uma mensagem bacana para o Brasil e os empreendedores brasileiros”, diz Mario Mello, presidente do SPAC da Valor, ao EXAME IN.

As SPACs funcionam como uma espécie de “cheque em branco” em que os investidores confiam na expertise dos gestores para encontrar, adquirir e realizar o IPO de uma boa empresa. Ou seja, o dinheiro é captado antes que o investidor saiba o que está comprando.

No caso da Valor, o fato de ter investido ao longo da última década no mercado brasileiro e apoiado empresas de sucesso, como Stone, Gympass e Loft, ajudou a conquistar os investidores. Para a gestora, a adoção do modelo representa a entrada em um ciclo de investimento diferente e complementar ao do seu portfólio atual. O desafio será encontrar em até 24 meses o alvo certo.

“Não podemos divulgar ainda informações sobre o perfil de empresas que estão buscando. O que é público são os setores em que estamos de olho: fintech, edtech, e-commerce e healthtech”, diz Mello.

Só depois da conclusão da captação no dia 6 de maio, ao lado dos bancos coordenadores (BofA e Barclays) e dos membros do conselho, é que os gestores vão definir os primeiros alvos e começar as conversas com empreendedores e investidores.

Estão no conselho do SPAC Hélio Magalhães, ex-presidente do Citi; Linda Rottenberg, cofundadora da Endeavor; Barry Engle, experiente gestor de SPACs; e Brian Brooks, ex-controlador da moeda do banco central americano. Do Valor, além de Mello, estão Clifford Sobel (presidente do conselho), Scott Sobel (diretor) e J. Douglas Smith (diretor financeiro).

Para os empreendedores brasileiros, a SPAC é uma forma de encurtar caminhos para abrir capital em Nasdaq. Com os casos de sucesso que pipocaram ao longo do ano passado nos Estados Unidos, é possível que haja boa aderência ao modelo no mercado brasileiro. “Com a SPAC, o fundador tem certeza da precificação, já sabe quem senta no conselho e poderá ajudar a companhia a crescer”, diz Mello.

Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.
Acompanhe tudo sobre:Fundos de investimentoNasdaqStartups

Mais de Exame IN

Stone bate consenso, com avanço de 20% no TPV e take rate recorde

Negócios de saúde e bank vão bem e Porto tem mais um trimestre positivo; lucro cresce 32%

ENTREVISTA: Com excessos no crédito, "pessoa física virou o novo BNDES", diz Bruno Garcia, da Truxt

Ação, mas pode chamar de IPCA+: O novo fundo da Truxt