GPA: nova chapa foi eleita, mas em um desenho bem diferente do desejado por Nelson Tanure
Repórter Exame IN
Publicado em 5 de maio de 2025 às 21h14.
Última atualização em 5 de maio de 2025 às 21h22.
Para Nelson Tanure, o GPA é página virada.
Com cerca de 10% do capital social da varejista, o empresário havia proposto a destituição do conselho e desenhado, depois de muitas conversas, um acordo com outros dois acionistas relevantes -- o grupo francês Casino e com Ronaldo Iabrudi -- para uma nova chapa.
Mas nada saiu como o planejado e o empresário (que também é acionista relevante na Light, na PRIO e, mais recentemente, comprou a rede de supermercados DIA) saiu derrotado da assembleia de acionistas do GPA realizada nesta segunda-feira, 05.
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O arranjo com os franceses e Iabrudi previa que o Casino (que detém 22% do GPA) indicaria três nomes, Iabrudi (com 5,4%) outros dois nomes e Tanure, por fim, teria três indicados: Rodrigo Tostes Solon de Pontes, Pedro de Moraes Borba e Sebastián Dario Los.
Os dois primeiros trabalham diretamente com Tanure. Tostes Solon é CFO da Light e Borba é seu braço direito no family office. Já Dario Los não era um nome próximo, mas foi uma escolha pela expertise no setor. Ele foi o único eleito na nova chapa.
O acordo subiu no telhado a partir da chegada do grupo mineiro de varejo Coelho Diniz e do investidor Rafael Ferri à base de acionistas da dona do Pão de Açúcar e do Extra. A proposta de eleição de uma chapa como unidade foi rejeitada e a eleição do novo colegiado passou a ser por voto múltiplo.
No novo cenário, a aliança Casino, Iabrudi e Tanure teria direito a seis das nove cadeiras. Das três restantes, uma seria de Ferri e outra do grupo Coelho Diniz, pelo tamanho de suas participações. A última cadeira era o ponto de indefinição e seria, de fato, escolhida por votação.
Na hora de definir a estratégia de votos, porém, é que veio a queda de braço. Das seis cadeiras, o Casino quis manter três, Iabrudi, duas, e Tanure ficaria com uma. Quando o grupo francês, que vem afirmando que quer sair dos negócios na América Latina, foi irredutível e quis manter três lugares no conselho, o empresário jogou a toalha e resolveu sair da briga -- deixando de lado, inclusive, o interesse em comprar a fatia do Casino.
“Num conselho de nove, em que o Nelson tem uma cadeira, ele não vai resolver nada. E aí, vai ser a cara dele que vai estar no jornal. Se essa reestruturação não der certo, o mercado vai colocar no colo dele. Mas ele não acredita numa reestruturação dessa forma”, diz uma pessoa familiarizada com as negociações entre os três acionistas.
Tanure já não estava satisfeito com a chegada de Ferri e do grupo Coelho Diniz. O empresário não costuma investir em negócios em que não consegue ter consenso com o conselho, tal como acontece na Light.
O empresário só não abriu mão da única cadeira que tinha direito pelo tamanho de sua fatia. A escolha, aí, foi retirar Borba e Tostes Solon que teriam mais “o DNA Tanure” e deixar Dario Los, mais próximo do setor.
“É ao menos um alívio, se ele precisar ter um interlocutor lá. Alguém com um pouco de bom senso e de conhecimento do mercado. Continua sendo um investimento dele, mas Tenure tem outros negócios e o GPA, agora, é página virada”, diz o interlocutor ouvido pelo INSIGHT.
“Optamos apenas por eleger um candidato independente e de nossa confiança, com profundo conhecimento do mercado de varejo, como forma de proteger nosso investimento, tendo em vista o cenário difícil que antevemos para o GPA”, disse Tanure à Reuters. O empresário passou a comprar ações do GPA em dezembro de 2024. Desde janeiro, a ação acumula alta de 44%.
Na assembleia, que teve pouco mais de 81% de participação dos acionistas, Ferri foi o mais votado. Foram escolhidos também de Edison Ticle, André Coelho Diniz e Líbano Barroso, esse último indicação de Iabrudi. Iabrudi também foi eleito. Das indicações do Casino, foram eleitos o CEO do GPA, Marcelo Pimentel, Christophe José Hidalgo e Helene Ester Bitton.