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Talk show Exame IN: Roberto Lee, da Avenue, explica porque chegou a hora de globalizar as finanças

Corretora tem mais de 600 mil CPFs e R$ 10 bilhões sob custódia, de investimentos de brasileiros no exterior

Roberto Lee, fundador da Avenue, durante gravação do programa no estúdio da Exame (Exame/Reprodução)

Roberto Lee, fundador da Avenue, durante gravação do programa no estúdio da Exame (Exame/Reprodução)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 19 de setembro de 2022 às 12h13.

“Romanticamente, seria uma ideia. Mas não foi. Foi uma necessidade da indústria financeira”, afirma Roberto Lee, sobre a fundação da corretora Avenue, dedicada a brasileiros que querem aplicar diretamente no exterior e que recentemente recebeu investimento do Itaú, avaliada em R$ 1,4 bilhão. Apesar de muito jovem, com pouco mais de 40 anos, Lee é um veterano do mercado de capitais, e é o convidado dessa quinzena do talk show do EXAME IN.

Antes de lançar a Avenue, em 2018, o empreendedor criou também a Wintrade, uma das pioneiras do mercado de varejo, e depois a Clear, adquirida pela XP Investimentos, onde Lee permaneceu até 2017. Desde muito cedo já atuava nesse segmento, com passagens nas precursoras Patagonia e Agora Investimentos. Visionário, em todos os seus movimentos, ele afirma que já a partir de 2016 se tornou evidente que a expansão do público investidor no Brasil esbarrava na falta de produtos, dada uma bolsa local com número reduzido de companhias e um mercado de dívida corporativa, renda fixa, ainda engatinhando na liquidez.

Com pouco mais de quatro anos de existência, a Avenue conta hoje com mais de 600 mil CPFs registrados na plataforma, que tem um total sob custódia da ordem de R$ 10 bilhões. Aqui, cabe lembrar que na época em que a corretora foi criada, havia apenas cerca de 800 mil investidores diretos na bolsa brasileira e hoje são 4,4 milhões. O número explodiu na pandemia, fruto da combinação da tecnologia com uma taxa de juros muito baixa.

Para colocar ainda mais em perspectiva o que Lee fez na Avenue, basta dizer que as pessoas físicas que hoje investem diretamente no mercado tinha R$ 8 bilhões sob custódia, ao fim de junho, em renda variável (ações, ETFs, fundos imobiliários e BDRs). O valor aplicado somente em BDRs não alcançava R$ 200 milhões — e isso porque o número de CPFs saltou de 300 mil para 1,6 milhão na comparação de junho de 2022 contra um ano antes.

“Está claro para todo mundo que o próximo capítulo da competição vai ser na indústria internacional financeira”, afirma ele, sem medo de errar, durante o bate-papo. Lee acredita que, na próxima década, mais de 50% do patrimônio investido pelas pessoas (brasileiros) será fora do Brasil. E arrisca o palpite que, no futuro, o mundo terá entre dois a quatro grandes centros financeiros no mundo apenas, provavelmente divididos por fuso-horário.

Durante a conversa, Lee fala sobre como desenvolver essa nova frente e como o jovem brasileiro já está nessa vanguarda. “Os jovens hoje começam seus investimentos não mais na poupança, mas em ações de empresas americanas e em criptoativos”, conta ele. Por meio da Avenue também é possível investir em criptomoedas, fundos estrangeiros e bonds.

"O brasileiro é muito mais próximo das marcas negociadas lá fora, do que muitas negociadas aqui. Amazon, Google, Facebook, Coca-Cola, McDonalds fazem parte do dia-a-dia das pessoas muito mais do que a Vale", diz. Mesmo bastante otimisma com a curva de crescimento desse tipo de investimento, Lee acredita que ainda falta um entendimento melhor. Para ele, é o investimento em dólar que efetivamente preserva o poder de consumo das pessoas, justamente porque o consumo está cada dia mais dolarizado.

O empreendedor afirma que, ao contrário do que se pensava anos atrás, são os intermediários brasileiros que levarão a essa diversificação dos investimentos para fora, e não players americanos que vão atuar aqui. “O mundo já se conectou, quando olha outras indústrias, mas do ponto de vista de finanças, ainda somos muito concentrados domesticamente. Chegou a hora de abrir a indústria financeira para o mundo.”

Além de Lee, já estiveram no programa, Pedro Zemel, CEO do Grupo SBF, Ana Luiza MacLaren, fundadora do Enjoei, Miguel Gularte, ex-Marfrig América do Sul e agora CEO da BRF, Jeane TsuTsui, CEO do Fleury, Roberto Fulcherberguer, presidente da Via, dona das Casas Bahia, Cesario Nakamura (Alelo),  Roberto Funari (Alpargatas), Abilio Diniz (Península), Felipe Miranda (Empiricus), Eduardo Mufarej (GK Ventures), Augusto Lins (Stone), Rodrigo Abreu (Oi), Cláudia Woods (WeWork), Dennis Herszkowicz, (Totvs), Daniel Silveira (Avon), Túlio Oliveira (Mercado Pago) e Carlos Brandão (Iguá Saneamento). Também passaram pela mesa de conversa do programa Marcelo Barbosa, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM),  Daniel Castanho, fundador e presidente do conselho de administração da Ânima Educação, Daniel Peres, fundador da Tropix, um market-place de NFTs de arte digitais, para destrinchar o metaverso, Ricardo Mussa, presidente da RaízenRicardo Faria, o empresário que é o maior emergente do setor de agronegócios do país, e Cristina Andriotti, CEO da Ambipar Environment. E no ano passado, ainda os fundadores da OpenCo, Sandro Reiss e Rafael Pereira, e o presidente do conselho de administração da GP Investimentos e da G2D, Fersen Lambranho.

O programa recebe grandes personalidades do mundo corporativo e financeiro para um bate-papo descontraído sobre os principais desafios, aprendizados e oportunidades do mercado brasileiro em suas áreas de atuação. Os episódios podem ser conferidos no canal da EXAME no Youtube e também no Spotify.

O que é o EXAME IN

O programa vem para complementar a produção de conteúdos do EXAME IN, a butique digital de notícias de negócios da EXAME e que conta também com uma newsletter desde março de 2020 (increva-se grátis para receber no email). Comandada por Graziella Valenti, a newsletter tem o objetivo de fornecer acesso a informações sobre mercado de capitais, negócios e startups.

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