Suzano: radas para manutenção. Para o quarto trimestre, a administração da companhia está animada de que haja uma redução percentual na casa de "um dígito" (Germano Lüders/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 25 de outubro de 2024 às 12h45.
Última atualização em 12 de dezembro de 2024 às 10h53.
Na Suzano, a entrada em operação da nova fábrica de Ribas do Rio Pardo (MS), em julho, deve se traduzir em ganhos de eficiência já no próximo trimestre – fazendo com que a redução de custos compense, ao menos em parte, a atual pressão de preços do mercado.
No terceiro trimestre, o custo-caixa da companhia ficou em R$ 863 milhões, estável em relação ao mesmo período do ano anterior, se desconsideradas paradas para manutenção. Para o quarto trimestre, a administração da companhia está animada de que haja uma redução percentual na casa de "um dígito", e chegue a "um dígito alto" em 2025.
"Do lado de custos, a entrada de um projeto que tem uma média menor que a nossa ajuda a reduzir a média. Esse é principal item que contribui para nossa projeção no quarto trimestre e no ano que vem, além de retrofits que fizemos", disse Marcelo Bacci, CFO da companhia, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, 25.
Na noite de quinta-feira, 24, a companhia reportou lucro líquido de R$ 3,24 bilhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 3,76 bilhões registrado no mesmo período do ano passado e superando as projeções de mercado.
"Os fundamentos da Suzano estão sólidos e suportam a tese de investimento na ação", escreveu o time do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O banco mantém recomendação de compra para o papel. Na manhã desta sexta-feira, a ação subia 3,43%.
"O ponto-chave para nós é que a empresa está gerando um rendimento anualizado de fluxo de caixa livre próximo a 20%, o que consideramos uma conquista significativa e ainda não precificada. Isso reforça nossa preferência pelo papel", escreve também o time do BTG.
De acordo com Bacci, o resultado do trimestre mostrou os benefícios pelo aumento de volume de todos os negócios e pelo início da fábrica de Ribas. Por isso, a expectativa para os próximos trimestres é de continuidade de redução da alavancagem, que passou de 3,2x para 3,1x.
Apesar dos ganhos de eficiência com a entrada da nova planta de Ribas do Rio Pardo, a Suzano anunciou neste mês uma redução na produção de celulose de 4%, dado o ambiente de preços mais baixos para a commodity no mercado global. "Corte de produção não é novo normal, pode acontecer a depender do preço da celulose. E conforme os custos vão mudando, vamos revisitando essa equação. Para este ano, os 4% estão dados. Para ano que vem, estamos estudando ainda o que fazer", afirmou o CFO.
A companhia também afirmou que apesar do programa de recompra de ações aberto, não tem pressa em executar essas operações e que a compra dos próprios papeís "depende de oportunidade".
Sem citar negócios-alvo, Bacci afirmou que a Suzano segue, sim, olhando para mais aquisições, principalmente do lado de embalagens e nos Estados Unidos, "um mercado interessante" para a companhia. Em outubro, a empresa concluiu a compra de plantas de papelcartão da americana Pactiv Evergreen.
"Vamos seguir olhando empresas em que o conteúdo de fibras virgens é interessante. Mercado de reciclagem está mais distante do que olhamos", afirmou.
O CFO também disse que a Suzano vai intensificar o plantio para atender ao aumento de capacidade e que a expectativa é de que as florestas prontas cheguem a mais de 75% em cinco anos, mas que não há necessidade de arrendamento de novas terras para essa meta.