Produção da Suzano: a companhia tem demonstrado capacidade de repassar preços e está em ritmo de desalavancagem, sendo um papel com potencial de valorização (Germano Lüders/Exame)
Editora do EXAME IN
Publicado em 5 de junho de 2025 às 09h03.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 09h32.
A Suzano acaba de anunciar uma joint venture com a Kimberly-Clark para seus ativos de tissue globais – como papel higiênico, lenços, toalhas de papel e guardanapos – fora do Estados Unidos, numa operação que amplia sua diversificação para além da celulose em direção a produtos de maior valor agregado.
A transação tinha sido antecipada pelo WSJ.
A brasileira está pagando US$ 1,73 bilhão à vista por uma participação de 51%, avaliando todo o negócio em US$ 3,4 bilhões. (A JV nasce sem dívidas.)
A transação envolve 22 fábricas de produção de tissue localizadas em 14 países, que totalizam uma capacidade anual de produção de aproximadamente 1 milhão de toneladas, com comercialização em 70 países.
SAIBA ANTES: Receba as notícias do INSIGHT no Whatsapp
E, de acordo com a própria Suzano, une competências complementares: com a expertise industrial da brasileira e o know-how de gestão de marcas, vendas e e marketing da Kimberly-Clark.
A Suzano vai indicar a gestão da JV e tem a opção de adquirir a participação de 49% a partir do terceiro ano. A Kimberly Clark vai transferir suas marcas globais, como Scott, Kleenex e Scottex para a JV por um prazo de 30 anos, sem pagamento de royalties, informou a companhia fato relevante.
A expectativa é que o fechamento da operação ocorra em ‘meados de 2026’.
A transação estende uma relação que começou menor, há dois anos, com a compra dos ativos de tissue da Kimberly Clark na América Latina pela Suzano por US$ 175 milhões.
Desde que assumiu a presidência da Suzano em julho de 2023, Beto Abreu tem indicado que aquisições estão no radar da empresa. No ano passado, a companhia chegou a negociar a compra da International Paper, num mega M&A avaliado em US$ 15 bilhões.
O negócio não andou, mas os temores de que a companhia poderia fazer uma transação que fizesse explodir seu endividamento pesaram sobre o papel.
A transação de hoje, menor e gradual, na forma de uma JV, parece mitigar essa preocupação.
“A operação está alinhada à estratégia de longo prazo da Suzano de crescimento com criação de valor e disciplina financeira, em negócios que tenham escalabilidade e nos quais a Suzano possa alavancar sua competitividade”, disse a Suzano em fato relevante.