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Sutil como um Cybertruck, Musk dá ultimato a conselho da Tesla

Empresário diz que quer chegar a 25% do capital para desenvolver iniciativas de inteligência artificial dentro da companhia; disputa passa por plano de remuneração questionado na Justiça

Musk: 25% da Tesla ou o fim da IA para a empresa? (AFP/AFP)

Musk: 25% da Tesla ou o fim da IA para a empresa? (AFP/AFP)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 17 de janeiro de 2024 às 16h57.

Última atualização em 17 de janeiro de 2024 às 21h04.

Depois de se desfazer de parte de suas ações da Tesla para bancar a compra do Twitter, Elon Musk quer aumentar a própria fatia na montadora de veículos elétricos e deu um ultimato público ao conselho, sempre via o X, seu canal oficial de comunicação (para desespero do compliance). Em um post, o empresário afirmou que quer chegar a 25% da Tesla, e que sem essa fatia não vai continuar a desenvolver projetos de inteligência artificial dentro da companhia

“Se eu tiver 25%, significa que sou influente, mas meu voto pode ser anulado se o dobro dos acionistas votar contra mim. Com 15% ou menos, a razão e proporção para votar contra mim sob interesses duvidosos se torna muito fácil. Eu ficaria confortável com uma estrutura de duas classes de voto para atingir o que preciso, mas fui informado de que é impossível fazer isso pós-IPO”, afirmou Musk na rede social.

Musk tem hoje cerca de 13% das ações da Tesla, com a possibilidade de chegar a 20,6%. O que o impede de aumentar sua fatia na empresa é um processo que corre na corte de Delaware, colocado por acionistas que questionam o plano de remuneração aprovado para o CEO em 2018.

Em detalhes, o plano atrelava o ganho de participação na empresa ao cumprimento de metas operacionais e de valor de mercado da montadora. Na época, Musk tinha 22% da companhia e ganharia, a cada 'check' nas metas, o equivalente a 1% das ações em circulação. Com a Tesla atendendo às metas, os advogados dos acionistas afirmam que Musk ganhou US$ 28 bilhões em stock options  -- o que consideram excessivo -- além de uma remuneração de US$ 55 bilhões.

Musk já tem outra companhia de inteligência artificial, a xAI, que já lançou um produto para competir com o Bard, do Google, e com o ChatGPT.

De acordo com o analista Dan Ives, da Wedbush, os comentários criaram uma "tempestade de fogo". A firma considera que os projetos de IA são um componente ideal para levar as ações para um preço-alvo de US$ 350 (hoje elas valem US$ 213). Em setembro do ano passado, Musk fez ampla propaganda do "Tesla Dojo", um supercomputador capaz de acelerar o desenvolvimento de softwares de direção autônoma, que pode trazer mais US$ 500 bilhões ao valuation da companhia.

Os tuítes fizeram barulho, mas nada a que os investidores da Tesla não estejam acostumados. A verdade é que até os mais céticos acreditam que, no fim das contas, Musk vai conseguir ampliar sua participação na empresa.

"Há uma nova era de tecnologia de inteligência artificial vindo para a Tesla e Musk continua sendo um ativo-chave, o coração e os pulmões da história da Tesla. Musk é a Tesla e a Tesla é Musk, e IA é o futuro da companhia", afirmou o analista.

A concorrência segue cada vez mais acirrada. Nos últimos três meses, a Tesla ficou atrás da BYD. A montadora de Musk entregou 484.507 veículos elétricos, superando a estimativa média dos analistas de 483 mil veículos. No mesmo período, a montadora chinesa vendeu 526 mil veículos elétricos, um cenário impulsionado por veículos mais baratos.

No ano, a Tesla superou a meta de entregar 1,8 milhão de veículos, ainda que tenha ficado aquém do cenário projetado por Musk um ano antes.  Depois que o CEO disse aos analistas que a empresa tinha potencial para produzir 2 milhões de carros, uma série de cortes de preços não conseguiu estimular a demanda suficiente para sustentar essa produção.

Nos últimos 5 dias, as ações da Tesla acumulam queda de 9,05%. A empresa vale US$ 669 bilhões na Nasdaq.

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