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Stone vai encerrar Linx Pay e não perde o sono com problema de R$ 41 mi

Base de clientes da Stone supera 650 mil, enquanto Linx Pay tem 13 mil cadastrados

Maquininha da Stone: estratégia de complementariedade da operação com Linx agradou mercado (Leandro Fonseca/Exame)

Maquininha da Stone: estratégia de complementariedade da operação com Linx agradou mercado (Leandro Fonseca/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 30 de março de 2021 às 12h01.

Última atualização em 1 de abril de 2021 às 08h30.

A Stone não gostou de ter de pagar R$ 41 milhões a mais pela Linx, especialmente porque se trata de um extra relacionado a um problema no sistema da companhia. Mas também não perdeu um minuto de sono sequer com o assunto. O motivo? O Linx Pay, solução de pagamentos da empresa, vai ser desligado. Ao fim de setembro, eram mais de 13 mil clientes.

O movimento é mais do que esperado. A beleza da aquisição, que custou perto de R$ 6,5 bilhões, é justamente a verticalização. Trocando em miúdos: a Stone pluga sua maquininha e outros serviços na rede de clientes de softwares da Linx, uma base fortemente concentrada no varejo, incluindo serviços de alimentação. E, além disso, a Stone pluga a Linx nos clientes que atende com suas soluções de pagamento — são mais de 650 mil.

É por isso que, antes de toda a discussão a respeito dos ganhos dos fundadores da Linx, o mercado ficou encantado com o negócio. Pelo mesmo motivo, inclusive, achava que a companhia poderia ser alvo da Rede, controlada pelo Itaú.

Para completar, o valor anunciado, em termos relativos, não é significativo dentro da transação. A Linx segue travada no montante transação, em R$ 6,6 bilhões na B3. Já a Stone oscilou bastante. Quando a companhia brasileira fundada por André Street e listada na Nasdaq lançou sua proposta, a ação estava em US$ 50. Há pouco, estava acima de US$ 60 — é uma valorização de 20%, aproximadamente. Só que entre um preço e outro, o papel já bateu mais de US$ 92, beneficiado pela euforia com o setor de tecnologia em fevereiro.

No pico, a companhia, que hoje vale US$ 18,66 bilhões, chegou a US$ 28,55 bilhões. Em reais, portanto, a empresa já chegou a valer mais do que R$ 150 bilhões, um montante que a coloca facilmente entre as dez maiores do mercado de capitais brasileiro, se estivesse listada na B3.

Claro que tudo isso só acontece se os clientes quiserem e depois que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) avaliar e liberar o negócio. E também é claro que os atuais clientes do Linx Pay serão cuidados. A ideia não é desligar o serviço de ninguém. O produto em si, com esse nome, não deve mais existir, contudo o serviço está totalmente dentro do escopo da Stone.

O Linx Pay é feito sobre a estrutura da Rede. O problema ocorrido, que deu origem aos R$ 41 milhões que serão lançados no balanço, foi em algum parceiro, que não teve o nome divulgado. Basicamente, quando o cliente final cancelava uma compra, o sistema, por alguma razão, não realizava essa anulação.

Conforme o EXAME IN apurou, o valor divulgado refere-se ao total transacionado. A receita para a Linx seria da ordem de 1,5% a 2% sobre esse montante. Mas, a empresa optou pelo lançamento do valor movimentado, caso tenha que arcar com as despesas todas, ou seja, o pior cenário — o que ainda não está definido.

Outro motivo da tranquilidade da Stone, com as informações até aqui, é porque a Linx declarou que a situação, a fonte do problema, está resolvida.

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