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Stone supera mais uma vez meta de lucro antes de impostos em último balanço de Piau como CEO

Cifra foi de R$ 316 milhões, ante guidance de R$ 250 milhões; foco em serviços bancários para o futuro permanece

Stone: alto crescimento com rentabilidade na mira do novo CEO, Pedro Zinner (Getty Images/Getty Images)

Stone: alto crescimento com rentabilidade na mira do novo CEO, Pedro Zinner (Getty Images/Getty Images)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 14 de março de 2023 às 18h05.

A Stone (STNE) superou mais uma vez a meta de lucro antes de impostos. Se, no terceiro trimestre, a cifra de R$ 210 milhões ficou 70% acima do que era prometido, no quarto trimestre o montante também cresceu a dois dígitos altos ante o guidance: a alta foi de 26%, para R$ 316,5 milhões. Um fim de ciclo “em grande estilo” para Tiago Piau em seu último balanço como CEO da companhia. 

No ano, a Stone teve um TPV de R$ 367,4 bilhões, aumento de 33,4% na comparação anual. As micro, pequenas e médias empresas (o maior grupo) tiveram um aumento de 52% nesse total, enquanto key accounts tiveram redução de 8,9%. A receita da divisão de Serviços Financeiros quase dobrou na comparação anual, fechando 2022 em R$ 8 bilhões, com um Ebitda 177,1% maior.  O take rate se manteve em 2,21% (assim como no terceiro trimestre de 2022), em razão de uma sazonalidade negativa. Mas, para o primeiro trimestre deste ano, a companhia deve apresentar novos aumentos na taxa, como reflexo de uma precificação mais próxima da taxa de juros do país e do aumento do engajamento e da monetização das funcionalidades de Banking.

A divisão de Software seguiu na mesma toada, com uma receita 106% maior do que a registrada no ano anterior, de R$ 1,4 bilhão. E um Ebitda 271% maior, de R$ 209,2 milhões. "A margem Ebitda de software está no maior patamar desde a aquisição da Linx. Não foi maior porque mantivemos uma série de investimentos em atendimento ao cliente e em integração dos nossos produtos. O foco em crescimento continua, mas mais lento porque queremos manter os aportes necessários para tornar a vida do nosso cliente mais fácil", afirma Piau, ao EXAME IN, em entrevista concedida já ao lado de Pedro Zinner, o próximo CEO.

Os números traduzem a disciplina da companhia de voltar aos eixos depois de momentos difíceis na pandemia: a volta do orçamento base zero, revisão anual do plano de cinco anos, processo de desdobramento de metas na organização e uma gestão mais próxima das alavancas da companhia são pontos citados pelo executivo como diferenciais para um ano de tanto crescimento para a empresa.

Agora, na carta aos investidores que acompanha os resultados, o executivo cita os principais objetivos cumpridos ao longo do último ano e antecipa, em boa medida, o que podem esperar daqui para frente. Nos sete tópicos elencados, a mensagem comum é a continuidade da estratégia de forte crescimento sem perder rentabilidade em meio à troca de gestão. 

No texto, Piau é tão claro e objetivo no relatório quanto na entrevista. A Stone vai focar, daqui para frente, em geração de caixa (um dos motivos de orgulho no ano), na precificação correta dos serviços para pequenos e médios comércios, aproximar cada vez mais o software de serviços financeiros e focar nas atividades de Banking. No terceiro trimestre, Piau já havia adiantado que a atividade seria um dos focos para o futuro. 

"Essa consolidação do nosso core de pagamentos com a estratégia de Banking e com Software nos ajuda a manter crescimento acelerado. Mais do que isso, estamos felizes com a entrega de rentabilidade", diz Piau.

Crédito "na rua" em 2023

A partir de agora, a estratégia fica cada vez mais clara. A Stone vai passar a testar a nova oferta de crédito ao longo do primeiro semestre, para que o produto possa ser lançado efetivamente ao longo do segundo semestre . “A nossa cabeça, no crédito, acaba sendo de prometer menos e executar mais. Uma vez que a gente tiver números mais sólidos, vamos falar com mais intensidade sobre isso. Estamos na cozinha, fazendo o que temos de fazer”, afirma Piau.

O que fica claro desde já é o padrão conservador da concessão de crédito, acompanhando o patamar de juros altos do país. O foco inicial da companhia, dentro dessa nova plataforma de crédito, será fornecer empréstimos de capital de giro para pequenas e médias empresas. A companhia também planeja o lançamento de cartões de crédito aos segmentos micro e PME, também explorando oportunidades na Linx. 

"Hoje, quando um cliente entra, automaticamente além de ele ter à disposição todos os meios de pagamento, ele tem uma conta, consegue fazer pix, emitir boleto. Basicamente tem todas as funcionalidades necessárias para fazer o dia a dia transacional do negócio. Acho que quanto mais atividade a gente tiver dos clients de banking, mais informações e confiança temos para trazer produtos de capital de giro", afirma Piau, em entrevista ao EXAME IN. A Stone terminou o ano com 692,8 mil clientes ativos, aumento de 40,9% na comparação anual, e R$ 3,5 bilhões em depósitos, um aumento de 84,1% em relação ao mesmo período de 2021.

No primeiro trimestre, a companhia lançou a Super Conta Ton, que reúne as sinergias construídas das ofertas entre pagamentos e banking num único aplicativo, "com usabilidade simples e que está gerando muito engajamento", afirma Piau.

Esse conjunto de fatores -- e de iniciativas reunidas para o futuro -- faz com que o CEO esteja tranquilo com a troca de bastão. "Estou super feliz. São dez anos como sócio, cinco liderando a execução. Fizemos bastante coisa na última década e o processo de mudança vai trazer uma renovação estratégica, de energia, para o futuro. Desde março do ano passado, eu e Pedro temos uma relação bastante próxima e ficou claro que ele era a melhor pessoa para liderar a companhia", diz Piau.

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