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Stone estreia captação em dívida externa e levanta US$ 500 mi para Inter

Companhia é caixa líquido, ou seja, tem mais dinheiro que dívida, porém queria melhorar eficiência de sua estrutura de capital

Stone: parceria, que envolve movimento de R$ 2,5 bilhões, quer unir consumidor do Banco Inter ao varejista cliente da empresa (Leandro Fonseca/Exame)

Stone: parceria, que envolve movimento de R$ 2,5 bilhões, quer unir consumidor do Banco Inter ao varejista cliente da empresa (Leandro Fonseca/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 11 de junho de 2021 às 18h19.

A Stone acaba de fechar sua primeira emissão internacional: US$ 500 milhões em bônus com vencimento de 7 anos e yield final de 3,95%. O custo ficou abaixo do esperado, pois inicialmente estava projetado algo acima de 4%. A demanda elevada é que garantiu o sucesso e as condições da colocação. O interesse de compra total chegou a 4 vezes o valor do livro da oferta, ou seja, US$ 2 bilhões — e isso para um emissor estreante e brasileiro.

A companhia tem uma saúde nas contas de fazer inveja. Terminou março com mais de R$ 10 bilhões em caixa, para compromissos financeiros inferiores a R$ 2,5 bilhões. A ideia de tomar dívida, portanto, é de ampliar a eficiência da estrutura de capital, pois já é lição antiga que existe um ponto ótimo de endividamento — que contribui inclusive para o fluxo livre de caixa do negócio. Empresas com mais dinheiro do que dívida, como é o caso da Stone, precisam tomar cuidado para não pagar impostos em excesso.

O dinheiro captado, perto de R$ 2,5 bilhões ao câmbio atual, vai ser usado para pagar pela participação de quase 5% no Banco Inter anunciada no fim de maio — exatamente nesse valor. A dívida e o fluxo dos juros serão hedgeados em reais, pois a Stone é uma companhia toda com custos e receita em moeda local. Entretanto, as taxas disponíveis no mercado externo fazem sentido.

No primeiro trimestre deste ano, a companhia movimentou em sua plataforma de pagamentos nada menos do que R$ 51 bilhões, um aumento superior a 30% na comparação anual. A aquisição da fatia no Inter ajudou o mercado a enxergar que a Stone, também prestes a absorver a Linx,  está se posicionando de forma a ficar distante da briga de tarifas pelas maquininhas. A parceria com o Inter, mais do que o investimento, inclui um plano comercial comum para unir o consumidor do Inter Shop ao varejista atendido pela Stone. A estratégia, garantem pessoas próximas ao tema, está sendo desenhada e tem várias frentes.

Se passou batido para os investidores, não passou para os bancos. Eles leram com muita atenção a informação de que, com uma participação de 5%, a Stone conseguiu direito de preferência por seis anos caso o Inter receba uma proposta de aquisição. A companhia de Augusto Lins, André Street e Tiago Piau não está para brincadeira, não.

 

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