Zinner: "“O mais importante é que o crescimento está vindo com um bom unit economics” (Stone/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 18h18.
Última atualização em 12 de novembro de 2024 às 18h26.
A Stone registrou um lucro de R$ 587 milhões no terceiro trimestre, alta de 35% sobre o mesmo período do ano passado – um pouco acima do consenso, que apontava para algo mais próximo dos R$ 550 milhões.
O volume foi impulsionado pelo crescimento de 20% no volume total processado (TPV) para micro, pequenas e médias empresas, para R$ 114 bilhões. Do volume total, R$ 100 bi vieram de cartões, com avanço de 12,4%, enquanto o restante veio do PIX QR Code, que vem ganhando representatividade nas transações.
“Vemos uma tendência contínua do PIX canibalizando as transações de débito, o que é benéfico para o usuário e também para a Stone, já que a monetização para nós é muito parecida”, afirma Lia Matos, diretora de estratégia. “Além disso, o PIX substitui o dinheiro físico, o que aumenta o nosso mercado.”
Numa estratégia de preços “dinâmica” para fazer frente à alta na taxa de juros e maior penetração de crédito e soluções bancárias, o take rate – taxa que fica com a Stone em cada transação – avançou 4 bps na em relação ao trimestre anterior, chegando a 2,58%. Na comparação anual, o crescimento foi de 9 bps.
“O mais importante é que o crescimento está vindo com um bom unit economics”, diz o CEO Pedro Zinner. “Nosso guidance era de crescimento com rentabilidade e seguimos com esse mantra.”
Nesse cenário, a receita total da Stone cresceu 7%, para R$ 3,4 bilhões. Em linha com a estratégia de enxugamento de custos, a despesas administrativas caíram na mesma magnitude. Com isso, O EBT, o resultado antes de tributos, ficou cresceu 35%, com margem de 21,8%, alta sequencial de 1,5 ponto percentual.
Na vertical de crédito, principal aposta da Stone para crescimento via venda cruzada para a base, a carteira de empréstimos avançou 30% contra o trimestre anterior, para R$ 923 milhões, superando a meta de R$ 800 milhões para este ano.
“A área está indo muito melhor que o esperado em termos de inadimplência, com um avanço importante da nossa mesa de crédito especializado, que opera desde o começo do ano”, afirmou o executivo.
A inadimplência na carteira entre 15 e 90 dias teve uma queda significativa de 2,9% para 1,9% em relação ao trimestre anterior, refletindo safras novas de empréstimos, de qualidade maior, segundo o CFO Matheus Scherer.
Já a inadimplência acima de 90 dias, ficou em 3,7%, acima dos 2,6% do trimestre anterior, num movimento já esperado diante da ampliação e da maturação do portfólio.
“Estamos no caminho certo para o crescimento de forma sustentável”, acrescentou, dizendo que a meta de chegar a R$ 5,5 bilhões na carteira até 2027 está mantida.
Nesse cenário de maturação das carteiras, a Stone já vem revisando sua política de provisionamento para perdas, que passou de 20% sobre a carteira, para 14% neste trimestre.
No comparativo com o segundo trimestre, os produtos de capital de giro e giro fácil cresceram 27%, enquanto cartão de crédito avançou 96% no mesmo período.
Já em banking, a base de clientes cresceu 47% na comparação anual, para 2,8 milhões, com depósitos atingindo R$ 6,8 bilhões, alta de 53% na mesma base de comparação.
No segmento de softwares – que ganhou notoriedade com o processo de venda da Linx –, a receita ficou estável em R$ 393 milhões, com EBITDA ajustado de R$ 72 milhões, margem de 18,3%.
Sem dar muitos detalhes, Zinner afirmou que ainda não há uma data para fechar uma eventual transação envolvendo a companhia, mas que as conversas caminham bem, com mais de 20 interessados em participar do processo.
“A estratégia aqui segue de fazer o cross-sell com nossos produtos financeiros, mas definimos que podemos fazer isso via parcerias comerciais”, disse.
De acordo com o CEO, a empresa também deve definir até o começo do próximo ano um novo plano para a estrutura de capital. A Stone encerrou o trimestre com R$ 4,92 bilhões em caixa – um valor que vinha sendo preservado diante da expansão da carteira de crédito, mas que pode ser revisado para contemplar mais recompras ou dividendos.
“Estamos num processo de conversa com o conselho e devemos ter uma revisão do plano estratégico, mirando 2027, de maneira mais dinâmica”, disse Zinner, prevendo alguma sinalização ao longo do primeiro trimestre.
“Nosso objetivo final é sempre maximizar o retorno para o acionista.”