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Stone: ação abaixo do preço do IPO com tombo de 32% após balanço

Três anos após listagem na Nasdaq e com receita 3,5 maior, de R$ 1,5 bi no trimestre, companhia volta ao mesmo patamar do início

Tombo: resultado desagradou investidores, que castigam desempenho com venda das ações (Stan Honda/AFP)

Tombo: resultado desagradou investidores, que castigam desempenho com venda das ações (Stan Honda/AFP)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 17 de novembro de 2021 às 14h38.

Última atualização em 17 de novembro de 2021 às 14h42.

Os investidores da StoneCo não gostaram dos números divulgados pela companhia na noite de terça-feira, dia 16. A companhia reportou um lucro líquido ajustado de R$ 133 milhões, uma redução de 54% em relação ao mesmo período do ano passado. As ações caíam há pouco mais de 32%. Com essa queda, o papel voltou para o preço da oferta pública inicial  (IPO), que foi a US$ 24 por ação, realizado há três anos. Em 2020, a empresa captou mais US$ 1 bilhão com uma nova emissão de ações, para compor o pagamento pela Linx. Na Nasdaq, a cotação foi abaixo dos US$ 22.

No auge do otimismo com as empresas de tecnologia, uma euforia registrada em fevereiro deste ano, a empresa chegou a ser avaliada na Nasdaq por US$ 35 bilhões. Há pouco, contudo, estava valendo US$ 6,8 bilhões, um valuation também abaixo do obtido para a listagem em Wall Street. Na época, foi precificada em US$ 7 bilhões e chamou atenção de Warren Buffett e Jack Ma, o criador da gigante Alibaba e do seu braço financeiro, Ant Group.

Surpreende o valor encostar no IPO, após o crescimento acumulado pelo negócio desde então. A base de clientes ativos foi multiplicada por 5,7 e o faturamento, por 3,5, uma vez que a receita no terceiro trimestre de 2018, pré-listagem, foi de R$ 414 milhões.

O balanço do terceiro trimestre de 2021 mostrou que a empresa segue em ritmo de startup no crescimento. Em bases anuais, o número de clientes ativos dobrou e alcançou 1,4 milhão. A receita subiu 57%, após a consolidação da Linx, e quase chegou a R$ 1,5 bilhão. Mas o que assustou os investidores foi o tanto que a conquista de novos usuários está mais cara, o que fez as despesas com vendas e administrativas aumentaram em velocidade superior à expansão da receita.

Para completar, o custo de financiamento da operação também está mais bem mais salgado, com o aumento da taxa de juros. Tudo isso comeu margem da empresa. Sem contar que, cada vez mais, a StoneCo tem penetrado no mercado de micro-empreendedor individual, que possui um tíquete menor. O investimento para esse segmento ainda está no balanço. Portanto, é natural o achatamento das margens.

Em entrevista à imprensa ontem, Augusto Lins, presidente da Stone, enfatizou que não se trata de despesa no sentido comum da palavra, mas de um investimento em crescimento. Além da expansão na base de usuários, a StoneCo registrou um crescimento de quase 54% no total movimentado em sua plataforma, uma soma de R$ 75 bilhões. Na pressa do mercado financeiro por resultados, o argumento de Lins, pelo visto, não convenceu.

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