‘Grupo dos 5’ investiu R$ 21 milhões em 130 startups desde o início da pandemia; carteira vale R$ 2 bi (MR.Cole_Photographer/Getty Images)
Angela Bittencourt
Publicado em 13 de julho de 2021 às 13h05.
Quem faz junto, faz mais e melhor. Partidários desse lema, cinco investidores decidiram formar uma parceria para co-investir em startups de diversos setores. Sem preconceitos ou preferências e mirando longa distância, os grupos de investimento anjo BR Angels Smart Network e Urca Angels, a plataforma CapTable, a WOW Aceleradora de negócios e o centro de inovação CESAR planejam reforçar aportes em startups de tecnologia, logística, finanças, agronegócios e varejo.
Os cinco parceiros exibem, juntos, um portfólio de 130 startups, em que investiram quase R$ 21 milhões desde o início da pandemia. A empreitada valeu a pena e eles querem mais. Hoje, essa carteira ‘coletiva’ tem valor estimado em robustos R$ 2 bilhões. A expectativa é aportar mais de R$ 100 milhões este ano.
O BR Angels, composto por mais de 150 empreendedores e presidentes de grandes companhias com valor de mercado que supera R$ 1 trilhão, lidera a ação. Orlando Cintra, CEO e fundador, avalia que a cooperação e aproximação entre investidores é fundamental para fortalecer o ecossistema de investimentos em startups no país. “O investimento anjo e o crowdfunding, particularmente, vêm ganhando força nos últimos anos com maior interesse de executivos de alto escalão em investir e doar capital intelectual para ensinar e aprender com startups”, afirma.
Em entrevista ao EXAME IN, Orlando Cintra explica que o ‘grupo dos 5’ tomou a iniciativa de atuar conjuntamente por ter constatado que existem recursos financeiros disponíveis, mas o relacionamento de alto nível e mentoria de executivos e empreendedores experientes é basicamente inacessível para startups em um modelo de economia tradicional. “Esse ‘smart capital’ que buscamos oferecer não tem preço, pois abre muitas portas e compartilha o caminho das pedras com os novos empreendedores.”
O CEO da BR Angels informa que a tese de investimento do grupo – co-investimento – está aberta para vários segmentos da economia. “No caso específico da BR Angels, agora queremos muito investir em Healthtechs, Insurtechs e Sportechs, pois entendemos que possuem ótimo horizonte do ponto de vista de mercado e também vão complementar o portfólio de onze startups em que investimos em menos de dois anos”, diz Cintra.
Ilana Horta, investidora anjo do Urca Angels, criada em 2019 e composta principalmente por ex-alunos do Instituto Militar de Engenharia (IME), avalia que a união dos investidores e veículos de investimento diminui o risco para as próprias startups, considerando tanto o caixa desses grupos quanto o capital intelectual dos integrantes com experiências em diversas áreas de atuação. “Esse é o ativo mais valioso que dispomos”, diz a investidora que prioriza “startups do setor de tecnologia, negócios com produtos escaláveis, disruptivos, de alto crescimento e com equipe que tenha forte capacidade de execução”.
Para Paulo Deitos, co-fundador da CapTable, a empresa quer ser o hub de investimento em startups para viabilizar a entrada de investidores comuns nas operações. A CapTable é uma plataforma de ‘crowdfunding’ que promove a conexão entre investidores em busca de bons retornos e empresas inovadoras que procuram viabilizar seu crescimento. “Com distribuição de ofertas públicas de valores mobiliários, a plataforma permite o cadastramento de startups em dois estágios de investimentos, nas rodas Seed ou Série A”, conta o executivo.
A WOW Aceleradora, reconhecida como a maior aceleradora independente do país, promove programas que impulsionam negócios inovadores. Mais de 200 investidores apoiam a WOW para promover o ecossistema de empreendedorismo de base tecnológica no Brasil, afirma André Ghignatti, diretor executivo da WOW para quem colaborar com a rede de investidores que vão apoiar as startups nas fases mais maduras [de investimento], pois “quanto melhor o alinhamento entre esses atores, melhor será o ecossistema”.
O CESAR, um dos maiores centros de inovação do país e que atua há 25 anos na formação de profissionais por meios digitais, defende a promoção do empreendedorismo e o desenvolvimento de negócios através do design e do uso de tecnologia. Fred Arruda, CEO do CESAR, relata o objetivo de formar profissionais que fomentem e executem projetos que possam gerar mudanças socioeconômicas relevantes para o país. “Alguns dos nossos eixos de trabalho são inovação corporativa e estratégia de negócios, design de produtos e serviços e soluções e Tecnologia da Informação e Comunicação.”
A retomada da economia anima também o seleto ‘grupo dos 5’. E o avanço da vacinação contra a Covid-19 – a despeito da apreensão com a variante Delta que coloca o Japão e países europeus de sobreaviso – é um fator relevante para as perspectivas de cenário. Em março passado, pesquisa da BR Angels, em parceria com a HSM, LearningVillage e FirstCom, mostrou que 76,9% dos empresários acreditavam que se o Brasil alcançasse a imunidade coletiva, o mundo dos negócios seria aquecido.
“Naquele momento, a pesquisa demonstrou que o caminho para a retomada da economia era a vacinação e que a ideia de ser também por inciativa privada era vista de forma positiva pelos executivos”, diz Orlando Cintra, da BR Angels, ao EXAME IN. O CEO não tem dúvida de que com a vacinação “a pleno vapor o ambiente para a retomada de negócios na economia real, e principalmente digital, será grande”.
O ‘grupo dos 5’ investidores também não tem dúvida de que o futuro do país passa fortemente pela inovação e que essa inovação pode ser, em grande parte, criada ou impulsionada pelas startups, seus modelos ágeis de negócios, ideias disruptivas e pela troca entre novos empreendedores e mentores com experiência e excelentes redes de relacionamentos. Com a trilha aberta, agora é caminhar.
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