Teachy: startup quer trazer mais qualidade de vida para professores brasileiros (Teachy/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 5 de julho de 2023 às 16h30.
Última atualização em 5 de julho de 2023 às 18h50.
Inteligência artificial é a bola da vez em 2023. A ascensão da OpenAI — e especificamente do ChatGPT, principal produto da empresa comprada pela Microsoft — trouxe uma visão clara e prática a respeito de como a tal ‘IA generativa’ pode trazer mais produtividade para diferentes negócios e setores. Com o setor de educação, não seria diferente. Nesta semana, uma edtech criada por dois brasileiros animou investidores e conquistou o maior aporte pré-seed do país, de R$ 8 milhões. A rodada foi liderada pela gestora argentina especializada em early-stage NXTP e contou com a participação da Roble Ventures, também direcionada às startups nos primeiros estágios de vida. O que fez brilhar os olhos deles? A proposta de economizar até 80% do tempo dos professores com uma plataforma apoiada em inteligência artificial.
A Teachy foi criada oficialmente em outubro do ano passado, mas é um desejo antigo do brasileiro Pedro Siciliano. O engenheiro já havia dado aulas de Matemática e Física por aqui e, nessa experiência, notava que grande parte do tempo do professor era gasta fora da sala de aula, com a preparação de materiais para os alunos. Ao cursar um MBA em Stanford, veio a ideia de resolver esse problema usando tecnologia. Para tirar a ideia do papel, Siciliano se uniu com o empreendedor Fábio Baldissera, co-fundador da startup gaúcha PipeRun, de CRM.
“Mais de 70% dos professores brasileiros hoje estão estressados, se sentem desvalorizados. Queremos curar o agente mais importante da educação, que muitas vezes é esquecido e que certamente fez a diferença na vida de cada um de nós”, diz Pedro Siciliano, CEO e co-fundador da Teachy, ao EXAME IN.
O resultado final é uma edtech que usa a Base Nacional Comum Curricular como ponto de partida para desenvolver questões usando inteligência artificial. A startup consegue partir dos conceitos previstos ali para criar questões sobre temas variados para os professores, com poucos cliques. Por exemplo: é possível criar um menu de “Probabilidade” dentro da plataforma, entrar nele, clicar em “gerar questões” e a prova está pronta. Um ponto importante é que, por enquanto, a correção das provas via plataforma só é feita para avaliações aplicadas de forma digital -- não é possível corrigir automaticamente provas em papel.
Para garantir que todas as questões ali disponíveis façam sentido, a empresa conta com uma equipe pedagógica. O grupo de profissionais revisa periodicamente o conteúdo disponível na plataforma e ajuda a traçar parâmetros para os temas a serem desenvolvidos ali.
“Somos a única plataforma a oferecer, em um único lugar, tanto o banco de questões para o professor quanto a correção e preparação de listas. Geralmente, são três softwares que têm de ser contratados por esses profissionais, o que torna tudo muito caro”, diz Siciliano.
A plataforma funciona no modelo ‘freemium’, em que professores têm acesso limitado às funcionalidades de forma gratuita e, para continuarem usando, têm de pagar. O valor da mensalidade fica em torno dos R$ 20 por mês. Hoje, são 500 usuários cadastrados, de três escolas diferentes no país.
Após o aporte, a meta é chegar a 10 mil usuários cadastrados em um ano. Na meta de crescimento, estão, além dos professores, tanto as escolas (privadas e públicas). O mercado no Brasil, hoje, é de 2 milhões de docentes, número que sobe para sete milhões se considerada toda a América Latina.
Para isso, o dinheiro recebido nesta rodada será aplicado principalmente em aumento de equipe. A Teachy tem pouco mais de 10 funcionários atualmente, reunindo uma equipe de instituições de ensino de ponta, como a própria Stanford e ex-participantes do programa ProLíder -- um nível que deve ser mantido daqui para frente. Sempre de olho em profissionais que, é claro, já tiveram alguma experiência com o setor.
"Todo mundo tem experiência em educação, seja dando aula diretamente ou no setor. É um princípio fundamental para nós que, quem trabalhe aqui já tenha sentido essa 'dor' na pele", diz Siciliano. Manter a proximidade com o ofício e tentar solucioná-lo com tecnologia é o ponto fundamental que a Teachy, mesmo com pouco tempo de estrada, quer manter para o futuro.