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Startup de segurança Civi conquista Canary e fundadores do Nubank e iFood

Aplicativo da empresa informa aos usuários sobre crimes, acidentes e outros incidentes que podem mudar o cotidiano do seu bairro ou cidade

Felipe Stanquevisch e Vanessa Muglia, da Civi: empresa captou R$ 10,2 milhões para tirar o aplicativo do papel (Civi/Divulgação)

Felipe Stanquevisch e Vanessa Muglia, da Civi: empresa captou R$ 10,2 milhões para tirar o aplicativo do papel (Civi/Divulgação)

CI

Carolina Ingizza

Publicado em 27 de outubro de 2021 às 09h00.

Última atualização em 27 de outubro de 2021 às 12h25.

Com o propósito de oferecer informações aos cidadãos sobre o que acontece no seu bairro, as empreendedoras Carla Vass, americana, e Vanessa Muglia, brasileira, criaram o aplicativo Civi em 2020. A empresa nasceu com a ambição de fortalecer as comunidades e aumentar a sensação de segurança dos usuários no seu entorno.

Para tirar a operação do papel, a startup captou R$ 10,2 milhões em um rodada liderada pelo fundo Canary e com a participação da Norte Ventures e dos investidores-anjo David Velez (fundador e presidente do Nubank) e Guilherme Bonifácio (fundador do iFood). O aporte foi feito no final de 2020, mas a empresa só anunciou ao mercado nesta quarta-feira, 27.

Coletando informações de autoridades, notícias, aplicativos de trânsito, redes sociais e líderes comunitários previamente selecionados, a Civi alimenta os usuários cadastrados com notificações sobre o que está acontecendo no seu entorno. Sua equipe de 23 funcionários, composta em parte por jornalistas, garante a veracidade dos avisos distribuídos.

No geral, os alertas são sobre crimes, incêndios, manifestações ou alagamentos que estejam acontecendo nas redondezas do usuário ou em bairros que ele deseja monitorar, como o da escola dos filhos ou da casa dos pais.

O modelo da empresa é uma combinação da proposta de duas startups americanas de sucesso: a Citizen, que acumula mais de 9 milhões de usuários e US$ 133 milhões em aportes, e a Nextdoor, que está presente em mais de 276.000 bairros ao redor do mundo e soma mais de US$ 440 milhões em aportes.

Polêmica desde o princípio, a Citizen reuniu uma grande rede de usuários interessados em receber alertas sobre incidentes nos seus bairros. Por seu modelo colaborativo, em que qualquer pessoa pode reportar problemas, a companhia foi acusada de incentivar que pessoas comuns agissem como "vigilantes", o que já acarretou em perseguições de inocentes, por exemplo. Já a proposta da Nextdoor é promover que moradores do mesmo bairro troquem informações, ofereçam ajuda e incentivem os pequenos negócios.

Em entrevista ao EXAME IN, o presidente da Civi, Felipe Stanquevisch, disse que a companhia brasileira mesclou os dois modelos para atender a demandas locais. “No Brasil, as pessoas sentem mais necessidade de conexão, então além de informar sobre os eventos, queremos ajudar a mapear os relacionamentos das comunidades”, diz o executivo.

O aplicativo está disponível somente na cidade de São Paulo e foi lançado no começo de 2020. A empresa não revela quantos usuários tem, mas diz que são registrados por dia 200 eventos na capital, o que gera de 140 a 150 notificações por dia — considerando o raio de alcance estabelecido pelos usuários. "Três tipos de eventos geram maior interação na plataforma: manifestações, incêndios e furtos", diz o presidente.

O produto é voltado ao usuário final, mas a Civi não planeja cobrar dos usuários pelo serviço de monitoramento e informação. Depois que tiver aumentado sua base, a empresa planeja fazer parcerias com empresas privadas e oferecer serviços adicionais por assinatura. "Poderíamos ajudar companhias de água e luz, por exemplo, a comunicar sobre falhas e mudanças no fornecimento", exemplifica Stanquevisch. O principal desafio para a empresa hoje é conseguir aumentar a densidade de informações em todas as regiões da cidade na medida em que atrai novos usuários.

A ideia para o negócio foi de Carla Vass, ex-funcionária do Goldman Sachs, Uber e Waymo (divisão de carros autônomos do Google). Ao deixar a gigante americana, a empreendedora, que é casada com um colombiano, estava determinada a fundar um negócio na América Latina. São Paulo, uma cidade querida pelo casal, foi o palco escolhido para a empreitada. “Via que o Brasil é um mercado incrível e que segurança e senso de comunidade são realmente temas importantes para as pessoas”, diz a fundadora.

Procurando sócios, Vass encontrou a advogada carioca Vanessa Muglia, que buscava novas oportunidades no começo de 2020. A dupla cuidou de todas as áreas da empresa até o aporte do Canary no final de 2020. Em maio deste ano, Carla precisou se afastar da operação e voltar aos Estados Unidos, então convidou o executivo Felipe Stanquevisch (ex-BNP Paribas) para comandar o dia a dia.

"As fundadoras da Civi são super competentes e estão formando um time de peso para que a solução seja cada vez mais popular no Brasil. Além disso, é uma ferramenta que pode trazer muito impacto no dia a dia dos paulistanos. Da mesma forma que há muita gente que consulta um app de mapas para decidir qual caminho seguir, acredito que o aplicativo da Civi estará na palma da mão das pessoas”, afirma Marcos Toledo, sócio do Canary, em nota.

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