Eduardo del Giglio e Renan Mendes, fundadores da Caju: a empresa conquistou clientes como Loft e Rappi oferecendo benefícios como vale alimentação e refeição em um único cartão (Caju/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 4 de agosto de 2021 às 05h00.
Última atualização em 5 de agosto de 2021 às 11h47.
Em um mercado de trabalho cada dia mais competitivo, a busca por benefícios que atraiam e retenham candidatos é uma demanda urgente do RH brasileiro. De olho nesse filão de mercado, startups de benefícios flexíveis como a Caju surgiram e não param de crescer. A brasileira acaba de captar um aporte de R$ 45 milhões em sua rodada série A, liderada pelo Valor Capital Group, Caravela Capital e Volpe Capital. Os fundos Picus Capital, FJ Labs e Clocktower Technology também participaram da rodada.
Fundada em 2020, a Caju chegou ao mercado condensando em um único cartão Visa os vale alimentação, refeição e transporte que as empresas clientes fornecem aos funcionários. O negócio foi estruturado pelos sócios Eduardo del Giglio e Renan Mendes, que se conheceram no programa de residência do Canary — um dos primeiros fundos investidores da empresa, ao lado do Valor Capital Group.
A startup nasceu na esteira de uma mudança relevante na indústria de benefícios. As pioneiras nessa modalidade de uso no Brasil são a Vee Benefícios, de 2016, que captou R$ 200 milhões de reais após um processo de fusão com a francesa Swile, e a Flash Benefícios, atual líder de mercado, com mais de 200 mil vidas atendidas, que levantou cerca de R$ 170 milhões com investidores ao longo de 750 dias de operação. Hoje, até mesmo o Santander explora o segmento, com a Ben.
Para o usuário final, a principal vantagem dos benefícios flexíveis é poder usar a verba disponibilizada pela empresa em qualquer estabelecimento comercial, já que é um cartão de crédito comum. Além disso, as startups do setor costumam permitir que os clientes determinem pelo aplicativo quanto querem gastar com cada modalidade de uso — em um mês com home office, a verba do transporte pode ser transferida para a comida.
Por ter sido investida logo no começo pelo Canary e pela Valor, a Caju se aproximou do mercado de tecnologia e conquistou startups como Loft, Gympass, Wildlife, Olist e Rappi como suas primeiras clientes. Um ano depois, nomes da indústria tradicional, como a varejista Dafiti e a indústria de rolamentos SKF, já figuram entre o portfólio. “A Caju está crescendo exponencialmente e tem o potencial de se tornar agente transformador do mercado”, diz Antoine Colaço, sócio-diretor da Valor Capital, em nota.
A empresa, que tinha 1.000 clientes e 50.000 usuários em janeiro deste ano, tem a ambição de chegar a 1 milhão de pessoas até o final de 2022. Para isso, planeja investir os milhões recebidos agora para ampliar seu portfólio de produtos. O objetivo, segundo disse o cofundador e presidente Eduardo del Giglio ao EXAME IN, é expandir a oferta de soluções para o cliente final, que usa o cartão no dia a dia. Até dezembro, o quadro de 40 funcionários deve dobrar, com contratações principalmente nas áreas de tecnologia, produto e design.
O primeiro passo nessa expansão de portfólio foi dado em junho, com o lançamento da frente de seguros em parceria com a insurtech 180º Seguros. Agora, além do cartão de benefícios flexíveis, a Caju oferece às empresas um seguro de vida com assistência de saúde e um seguro de proteção contra roubo para o cartão de benefícios.
Segundo o presidente, o próximo produto, que deve ser lançado ainda em agosto, é um sistema para o RH gerir verbas de equipes. Depois, está nos planos o lançamento de produtos de gestão e crédito. “Nosso plano é que um funcionário recém-contratado de uma empresa cliente receba o nosso cartão em casa, consiga definir sozinho os beneficiários do seguro de vida, escolha planos de previdência, veja suas opções de investimento e saiba que pode adiantar o salário dos dias já trabalhados”, diz o fundador.
Do lado do RH, a startup quer aproveitar o relacionamento intenso com os usuários, que usam o aplicativo cerca de quatro vezes por semana, para gerar informações sobre a satisfação de cada equipe e poder ajudar a reduzir a saída de empregados. "Ninguém muda de emprego pelo benefício, mas ele ajuda a construir a proposta de valor de uma empresa", diz Del Giglio.
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