“Pensamos no cartão físico principalmente para os brasileiros que estão em trânsito. Todos os nossos clientes terão acesso gratuito por tempo limitado”, diz Lucas Vargas, CEO da Nomad (Nomad/Divulgação)
Angela Bittencourt
Publicado em 11 de setembro de 2021 às 08h08.
Em tempos altamente digitais alguém ainda se interessa por dinheiro ‘plástico’? Não! Essa é a minha resposta e possivelmente a sua, caro leitor, para a pergunta. Mas ela nem passou pela cabeça de três executivos para lá de experientes e conhecidos no universo brasileiro de tecnologia. Patrick Sigrist, fundador do iFood; Lucas Vargas, que comandou por oito anos o Grupo Zap; e Eduardo Haber, investidor de longa trajetória no mercado financeiro, não hesitaram em incluir no portfólio de produtos da fintech Nomad – da qual são cofundadores – o cartão de débito físico. Mas não um cartão qualquer. O cartão é americano e tem um gêmeo digital.
Com foco em praticidade, segurança e custos das operações para os potenciais usuários, a Nomad acaba de lançar o primeiro cartão de débito físico americano – e sua versão digital – para o público brasileiro com o intuito de agilizar as transações e reduzir em até 10% os custos de compras no exterior. Para a fintech, esse meio de pagamento é mais que oportuno com a retomada das viagens, trazendo adicionalmente mais segurança para os viajantes em trânsito ao eliminar a necessidade de dispor de dinheiro em espécie para locomoção e compras.
“O cartão de débito é físico, sim, para ser usado mediante uso de senha. Mas ele tem a opção digital para trazer mais segurança ao cliente, já que no App é possível controlar todas as movimentações de transação tanto do cartão físico quando do digital”, informa Lucas Vargas, CEO da Nomad, em entrevista ao EXAME IN.
Vargas pondera que a principal vantagem do cartão físico é ser um meio de pagamento que não depende de internet ou device e o fato de o cliente ter liquidez, uma vez que o cartão físico Nomad permite a realização de saque e o cartão digital não. “Pensamos no cartão físico principalmente para os brasileiros que estão em trânsito, seja em uma viagem de lazer ou de negócios. Ele traz segurança, gera uma economia de até 10% a depender do país em que é utilizado e é aceito em vinte países.”
E de onde vem a economia? Vargas explica que o cartão Nomad – de bandeira MasterCard – gera a economia, uma vez que o IOF do cartão é de apenas 1,1% (cartões nacionais cobram 6,38%) e o spread cambial é de 2%.
A aceitação do cartão em vários países – inclusive no Brasil – levou os três executivos cofundadores da fintech a atribuir uma funcionalidade a mais no aplicativo: a conversão de valores de outras moedas para o dólar americano em tempo real por meio de uma calculadora.
O lançamento do cartão de débito americano incrementa a proposta da Nomad que foi concretizada no ano passado: criar um banco digital global para brasileiros. Porém, a ideia surgiu mais cedo, em 2016, quando Sigrist e Haber moravam nos Estados Unidos e perceberam o quanto era dispendioso para brasileiros usarem o cartão de crédito internacional em viagens pelo país.
A Nomad entrou em operação em novembro do ano passado e com foco na abertura por brasileiros de contas bancárias em dólar nos Estados Unidos e de forma simples. A fintech ancorou sua conta digital em remessas internacionais, transações financeiras e investimentos. E o cartão de débito complementa esse portfólio que, no fim deste ano, poderá estar disponível a 120.000 clientes – meta de expansão perseguida por Sigrist, Vargas e Harber.
“Todos os clientes Nomad terão acesso ao cartão, que está disponível de forma gratuita por tempo limitado”, explica Vargas. Ele detalha que, para solicitar o cartão é preciso ter uma conta na Nomad com saldo disponível e seguir o passo a passo do App na aba “cartões”, procedimento bastante simples. A numeração e senha do cartão físico e do digital são diferentes. Assim é possível estabelecer limites também diferentes para cada meio de pagamento pelo aplicativo.
O desenvolvimento da Nomad é viabilizado por relevantes aportes realizados por um seleto grupo de investidores em menos de um ano. Em julho, a fintech acolheu R$ 100 milhões (US$ 20 milhões) em uma rodada da série A liderada pelo fundo brasileiro Monashees e pelo americano Spark Capital, que tem entre suas investidas empresas como Twitter e Slack. Participaram da operação os fundos Propel, GFC, Abstrat, Vast OneVC e Globo Ventures. Anteriormente, a Nomad já havia recebido cerca de R$ 40 milhões em investimentos.
Ao EXAME IN, o CEO da Nomad informa que todo o trâmite de transferência de fundos do Brasil para os Estados Unidos é feito por meio do Banco Ourinvest. Nos Estados Unidos, a fintech trabalha com o parceiro Bank as a Service da Synapse Financial e com suporte do Evolve Bank and Trust. Por ter um banco americano como parceiro, a fintech pode oferecer aos clientes a garantia de depósitos pelo Federal Deposit Insurance Corporation – órgão equivalente ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) brasileiro.
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