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Soma capta R$ 885 milhões em oferta de ações, com demanda de 5 vezes

Papel saiu a R$ 19,20, valor 18% acima da cotação da véspera do anúncio da oferta

Grupo Soma: de crítico da aquisição da Hering, mercado passou a ficar otimista (Farm/Divulgação)

Grupo Soma: de crítico da aquisição da Hering, mercado passou a ficar otimista (Farm/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 20 de julho de 2021 às 20h22.

Última atualização em 20 de julho de 2021 às 21h28.

O Grupo Soma, dono das marcas Farm, Animale e Cris Barros, entre outras,  acaba de levantar quase R$ 885 milhões com a oferta pública de ações. O papel saiu por R$ 19,20. Trata-se de um desconto de 2,5% sobre o fechamento do pregão de hoje, que foi a R$ 19,70.

A parte mais interessante dessa operação, porém, é que o valor ficou quase 18% acima da cotação de fechamento do dia anterior ao anúncio da oferta e — só para recapitular – 36% acima dos R$ 14,10 marcados nos telões da B3 na véspera do anúncio da compra da Hering.

Logo após a aquisição da companhia catarinense, houve uma chuva de críticas e 'análises' de que Roberto Jatahy, o presidente do Grupo Soma, teria se apressado e pago caro demais pela Hering — R$ 5,1 bilhões num pacote combinado de dinheiro e ações. O preço em bolsa chegou a ir abaixo de R$ 12,00, na semana do anúncio da transação.

Passados quase três meses, a percepção está bem diferente. A demanda também é prova disso. O livro de interessados ficou 5 vezes o total colocado, ou seja, a companhia liderada por Jatahy poderia ter levantado R$ 4,5 bilhões no mercado.

Na bolsa, antes da liquidação da oferta,o Grupo Soma fechou o dia avaliado em R$ 9,8 bilhões. Na época em que foi divulgado o acordo, R$ 3,6 bilhões seriam pagos em ações e R$ 1,5 bilhão em caixa. A captação concluída hoje, portanto, já resolve mais da metade do desembolso caixa.

Fatos importantes a serem notados: a Hering tinha, antes do anúncio do acordo com o Grupo Soma, cerca de 20,5% do capital distribuído entre três gestoras badaladas, as cariocas Atmos (a maior fatia) e Velt e a paulista Verde, do oráculo Luis Sthulberger. No fim de maio, todas ampliaram suas posições e a soma desse grupo ultrapassou 27%. Para completar, a Verde comprou ações na oferta de Soma. Tudo indica que falta de fé no racional da combinação não passou por ali.

Já na Soma, uma corporation por definição — e essa sempre foi a cabeça de Jatahy para crescer bem antes de chegar à B3 —, o maior investidor institucional é o Opportunity, com a 6,8% do capital total.

Juntas, as companhias teriam registrado, nos três primeiros meses deste ano uma receita líquida de R$ 650 milhões, isso sob efeito da pandemia e da redução de mobilidade ocorrida no período. Anualizado esse desempenho do primeiro trimestre — que tende a ser inferior aos dos próximos trimestres, conforme a retomada da atividade e a reabertura do comércio — , as duas já somariam uma receita superior a R$ 2,5 bilhões. Agora, é aguardar o fechamento e as sinergias. As cobranças não serão pequenas.

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