Fabio Carrara, fundador e presidente da Solfácil: empresa espera atingir R$ 1 bilhão em financiamentos de projetos de energia solar em 2021 (Paulo Vitale/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 23 de junho de 2021 às 05h00.
Última atualização em 23 de junho de 2021 às 08h23.
Os últimos doze meses foram intensos para a fintech Solfácil. Especializada em financiar projetos de energia solar, a empresa captou em julho do ano passado um aporte de R$ 21 milhões, em rodada liderada pelo fundo americano Valor Capital Group, para melhorar sua plataforma de empréstimos e expandir sua atuação. Os resultados, no entanto, superaram as expectativas até mesmo do fundador Fabio Carrara: nos últimos doze meses, o negócio cresceu 20 vezes, emprestando só no primeiro semestre de 2021 R$ 250 milhões, duas vezes e meia a mais que o total originado no ano passado inteiro.
Os bons números levaram a Solfácil a buscar um novo investimento para expandir sua atuação no mercado de energia solar para além do crédito. “Estamos emprestando mais de R$ 60 milhões por mês em financiamento de energia solar. Não precisávamos levantar capital para nos manter, atingimos o break even do negócio, mas escolhemos para poder construir produtos novos e aproveitar as oportunidades do mercado”, diz Carrara em entrevista ao EXAME IN.
A empresa acaba de levantar uma rodada série B de R$ 160 milhões liderada pelo fundo americano QED Investors, especializado em fintechs, que investiu no Brasil em negócios como Nubank e Creditas. "É o nosso primeiro investimento nesse setor de energia solar, mas acreditamos que é um mercado que só vai crescer. A Solfácil se destaca por sua habilidade de ser uma empresa digital, orientada por dados e focada em servir ao cliente para além do crédito", afirma Mike Packer, sócio da QED.
Fundada em 2018, a Solfácil nasceu de um desejo de Carrara de facilitar o acesso dos brasileiros à energia solar. O encanto do empreendedor com o setor, no entanto, começou bem antes, em 2014, quando ele ainda trabalhava como diretor no fundo Project A Ventures durante a crise hídrica brasileira. Para entender mais sobre o mercado, deixou o emprego e criou uma empresa de instalação de painéis solares. Com a mão na massa, percebeu que a maior dificuldade desse tipo de operação era financiar o cliente final, seja ele uma pessoa física ou pequeno comércio.
A Solfácil, então, foi criada para resolver esse problema. A empresa financia até 100% do valor do sistema de energia solar, parcelando o valor do projeto em até 10 anos para que o valor da mensalidade seja mais baixo que a economia gerada na conta de energia elétrica. Em média, os projetos financiados pela fintech custam 30.000 reais e, a depender do prazo, operam com taxas de juros na casa de 1% ao mês. Para chegar até os clientes, a fintech tem parcerias com 5.000 instaladores de painéis e pretende, até o final do ano, dobrar essa base.
A operação de crédito da empresa começou com securitização com emissão de debêntures, mas foi alterada neste ano para um modelo de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). O primeiro FIDC da empresa, de R$ 500 milhões, foi emitido em janeiro e, no segundo semestre, outro deve ser lançado para permitir que a companhia atinja sua meta de originação de R$ 1 bilhão até o final do ano.
Com a parte financeira encaminhada, a startup ganha espaço para expandir e criar novos produtos. Já no segundo semestre deste ano, a Solfácil vai lançar uma linha de crédito voltada para projetos de energia solar no agronegócio — o terceiro maior consumidor desse tipo de fonte energética, atrás apenas das residências e pequenas empresas.
Depois, o foco é ajudar as empresas de instalação de equipamento a vender mais. O primeiro passo para isso será o lançamento de um modelo de crediário, que permite a venda parcelada sem juros. Na sequência, a empresa deve lançar ferramentas online para que as empresas clientes possam digitalizar suas vendas, gerir a base de clientes, comprar insumos e prestar atendimento. “Nós somos uma empresa de energia solar antes de sermos fintech”, diz o fundador.
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