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Além dos bilhões, SoftBank investe em formação na América Latina

O grupo japonês subsidia cursos de ciência de dados na região para funcionários das investidas e grupos pouco representados no mercado de tecnologia

SoftBank: com fundo de US$ 5 bilhões dedicado à América Latina, o grupo já investiu em startups como as brasileiras Loft, Loggi e Creditas (Issei Kato/Reuters)

SoftBank: com fundo de US$ 5 bilhões dedicado à América Latina, o grupo já investiu em startups como as brasileiras Loft, Loggi e Creditas (Issei Kato/Reuters)

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Carolina Ingizza

Publicado em 15 de julho de 2021 às 18h47.

Foco na formação: é assim que o SoftBank Group, conglomerado japonês famoso pelos investimentos em tecnologia ao redor do mundo, tem planejado seu futuro na América Latina. O grupo, que já destinou bilhões de dólares para startups da região ao longo dos últimos anos, ampliou sua estratégia de olho no longo prazo. Além de investimentos financeiros, apoia também programas de formação de novos talentos e de inclusão de grupos pouco representados no mercado de tecnologia. “Queremos formar a próxima leva de empreendedores e funcionários que vão construir as empresas que serão alvo de investimento do SoftBank no futuro”, diz ao EXAME IN Laura Gaviria Halaby, diretora de parcerias e iniciativas estratégicas do SoftBank.

O SoftBank é um dos investidores mais importantes na América Latina. Depois de alguns investimentos soltos ao longo da década de 2010, o grupo lançou o SoftBank Latin America Fund em março de 2019, com US$ 5 bilhões, e se tornou o principal ator de venture capital da região. Segundo informações da agência Bloomberg, o grupo agora estuda dobrar o capital disponível no fundo. Apesar do montante ser significativamente menor que o seu famoso Vision Fund, que tem US$ 100 bilhões para investir em tecnologia ao redor do mundo, o Latin America Fund representa um salto em capital de risco disponível para as empresas da América Latina. Em todo o ano de 2020, por exemplo, as startups latino-americanas captaram cerca de US$ 4 bilhões, segundo a Lavca (Associação Latino-Americana de Private Equity e Venture Capital).

"Estamos super otimistas com a região, os talentos da América Latina estão construindo empresas maravilhosas, não importa onde estejamos olhando, vemos grandes oportunidades”, diz a diretora de parcerias e iniciativas estratégicas do SoftBank. O grupo apoiou mais de uma dezena de startups brasileiras, como Olist, Creditas, Inter e Gympass, além de negócios promissores na Colômbia, Argentina, México e Chile, como o aplicativo de delivery Rappi e a fintech Ualá.

O desafio para o futuro na América Latina no mercado de tecnologia é a falta de profissionais especializados. Só no Brasil, a Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) estima que até 2024 haja um déficit de 264.000 profissionais de tecnologia. Diante do problema, o SoftBank decidiu atuar na formação para garantir que a região tenha pessoas preparadas para criar os próximos negócios de sucesso.

“Existem muitos programas e bootcamps para treinar pessoas em desenvolvimento e engenharia, por isso decidimos focar em ciência de dados”, diz a diretora de parcerias e iniciativas estratégicas do SoftBank. Como um primeiro passo nessa direção, o SoftBank apoia o programa "Data Science for All / Empoderamento", que visa treinar pelo menos 10.000 pessoas de comunidades sub-representadas ao longo dos próximos três anos na região. O programa gratuito, que foi desenvolvido pela escola vocacional Correlation One, dura 13 semanas e foi pensado para receber alunos com diferentes graus de conhecimento, desde recém-saídos do colegial até pessoas com experiência em tecnologia.

A primeira turma com apoio do SoftBank, que começou a fazer as aulas em março deste ano, tem 1.009 alunos da América Latina e de Miami. Entre os participantes estão 120 empregados de companhias investidas pelo SoftBank na região, 5 funcionários do próprio grupo e mais 63 pessoas de grupos minoritários que foram selecionadas pelo SoftBank para continuar a receber apoio na carreira mesmo após a conclusão dos estudos.

Uma das selecionadas é a engenheira de materiais brasileira Camila Sales, de 29 anos, que mora em Lorena, no interior de São Paulo. A jovem, que trabalha em uma empresa de manufatura automotiva, se interessou pelo programa quando passou a usar análise de dados no trabalho. "As aulas são bem práticas, discutimos cases reais de empresas investidas pelo SoftBank com os professores e recebemos palestras de convidados que trabalham na indústria de tecnologia", diz Sales ao EXAME IN. A brasileira não busca uma recolocação profissional hoje, mas está confiante de que as habilidades trabalhadas no programa abrirão portas no futuro.

Na visão do SoftBank, estimular que mais pessoas da região dominem ciência de dados é uma forma de impulsionar a criação de negócios que utilizem inteligência artificial no centro da operação. “Em cada investimento que fazemos, sempre temos um olhar para oportunidades envolvendo dados e inteligência artificial. Por isso, queremos que cada vez mais pessoas da região tenham essas habilidades, independente dos seus papéis nas startups”, diz Halaby.

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