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Separada da Coty, Wella Brasil triplica crescimento e 'exporta' CEO

Nathalie De Gouveia, que comandava operação desde 2019, vai liderar a divisão dos EUA, maior mercado da empresa de produtos para cabelo

Nathalie De Gouveia, CEO da Wella Brasil

Foto: Leandro Fonseca
Data: 25/03/2024 (Leandro Fonseca/Exame)

Nathalie De Gouveia, CEO da Wella Brasil Foto: Leandro Fonseca Data: 25/03/2024 (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de julho de 2024 às 14h49.

Última atualização em 13 de julho de 2024 às 16h53.

Quarto maior mercado de beleza do mundo, o Brasil costuma ser uma boa escola para quem comanda uma empresa do setor. O país é praticamente um laboratório a céu aberto: tem todos os oito tipos de cabelo já identificados por fabricantes em todo o mundo, o que o torna o mercado nacional uma liderança em lançamentos de produtos.

Depois de cinco anos à frente das operações brasileiras da Wella, empresa alemã dona de algumas das principais marcas profissionais para cabelos e que está há 70 anos no Brasil, Nathalie De Gouveia está assumindo agora o comando da divisão dos Estados Unidos, maior mercado da empresa no mundo. O Brasil está entre as top 10 operações, segundo a empresa.

Com a promoção da executiva franco-portuguesa, dois brasileiros também assumem novas cadeiras. Guilherme Catarino deixa o posto de Latam (que excluía o Brasil) e passa a comandar a maior operação da região, a brasileira.

No cargo anterior, conseguiu duplicar os negócios da divisão, expandindo os canais profissionais, como salões de beleza, e de varejo. Para a cadeira de Latam, sobe Thiago Maia, atual country manager do México, onde conseguiu avanço de 52% das vendas líquidas no canal de varejo.

Quando Gouveia chegou na Wella Brasil em setembro de 2019, a empresa ainda era a divisão de tratamento capilar da Coty, grupo francês que, no país, também é dono de marcas como Risqué, Monange e Cenoura & Bronze. Em 2020, uma das maiores empresas de private equity do mundo, a KKR, comprou o controle do negócio, trazendo alívio de caixa para a Coty e abocanhando uma das operações líderes globais de um segmento que fatura cerca de US$ 100 bilhões ao ano.

No ano passado, a gestora IGF Asset Management, que administra a fortuna de três ex-sócios do banco Garantia, investiu US$ 150 milhões por 3,6% da companhia.

O ano de 2024, porém, é o que marca a separação da Coty no Brasil: a Wella inaugurou seu próprio centro de distribuição no país, em Extrema (MG), deixando de vez o CD e a logística da ex-empresa mãe.

O CD tem 12 mil m², capacidade de armazenamento de cerca de 14 mil paletes e movimentação de 110 mil caixas por mês. “Essa inauguração quer dizer que podemos continuar crescendo no Brasil, e demonstra a aposta da Wella no país”, destaca, fazendo questão de lembrar que esse é o terceiro maior CD da empresa globalmente.

E, embora não revele as cifras de investimento, a inauguração foi um game changer para a companhia. "Éramos, até então, uma área de uma empresa maior. A área de cabelos. Sem ter uma estratégia comercial, por exemplo, dedicada. Hoje somos 100% focados em cabelo e unha", explica Gouveia. Além das marcas capilares, como Wella Professional, Sebastian Professional, Koleston e Soft Color, a companhia é dona da O.P.I, de esmaltes.

Simbolicamente, esse vínculo já tinha sido rompido no escritório com a escada que ligava os dois andares, um da Coty e outro da Wella, sendo retirada das sedes-administrativas das empresas num prédio comercial da zona Sul de São Paulo. Mas tomar rédea do negócio e caminhar com as próprias pernas permitiu a Wella a dar passos maiores.

Desde 2020 se esforçou na separação total dos sistemas, um desafio grande e que costuma exigir bom tempo de dedicação das empresas em casos de carve-out, como o da Wella.

“Montamos nosso próprio ecossistema, com um SAP 100% da Wella, uma mudança relevante de TI”, conta Gouveia, que já tinha passado por isso em sua experiência anterior.

Antes de ir para a Wella, a executiva foi diretora da The Body Shop em Madri e Portugal e de 2015 a 2019 liderou a expansão da marca no Brasil. Nesse intervalo, passou pela venda da marca britânica da L’Oréal para a Natura.

Outro pilar foi reformular a estratégia de marketing e comercial. Contratou cerca de 50 pessoas para venda e trade marketing e mais 50 para as áreas de distribuição e backoffice após a inauguração do CD.

"Agora somos 100% responsáveis na relação com nossos clientes, para definir o plano do negócio e para efetuar realmente a venda e ir atrás dos nossos objetivos", diz. Foi assim, conta, que desde 2020 a companhia triplicou as vendas no país.

"O investimento em marketing aumentou em todos os mercados e nos ajudou a conquistar liderança em vários mercados. É um foco em crescimento, tanto de vendas quanto de rentabilidade. Crescemos de forma saudável em todos os lugares", diz Gouveia sobre os ganhos de ter a Wella independente em todo o mundo.

No Brasil, conseguiu recentemente a liderança em tratamento profissional. Há três anos, a Wella Professional era apenas a terceira do segmento.

"Fomos o primeiro mercado da Wella a conquistar a liderança tanto em tratamento quanto em coloração profissional", diz.

Parte do avanço também se deve à maior relevância de pesquisa e inovação, segundo ela. "A empresa está aumentando o posicionamento da marca para trazer ainda mais qualidade e muita tecnologia, Há muito investimento em pesquisa e desenvolvimento, com os lançamentos trazendo dezenvolvimento de patentes."

A Wella mantém um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento na Alemanha que pesquisa e desenvolve produtos globais, mas, também, específicos para cada mercado.

No próximo ano, a empresa vai lançar uma linha de tratamento exclusiva para o Brasil, que, se obtiver sucesso, vai ser expandida para mais mercados.

Os produtos vendidos aqui são produzidos em parceiros seguindo a formulação desenvolvida pela Wella —  uma fábrica própria é uma possibilidade, mas ainda está sob estudo, caso o país vire um polo de exportação para os outros negócios da América Latina.

Por enquanto, o foco está em reforçar a operação atual, especialmente nos canais de venda, que vão desde salões de beleza — com as clientes cada vez mais levando os tratamentos profissionais também para casa —,  quanto perfumarias especializadas, redes de farmácias e e-commerce. "Pretendemos, nos próximos anos, duplicar o nosso negócio no Brasil. Tem muita oportunidade, tanto na categoria profissional quanto do varejo."

No escopo para Catarino, o novo CEO no Brasil, já há uma missão de grandes cifras: criar uma rede de formação para nada menos do que 300 mil cabeleireiros, uma forma de continuar a impulsionar as marcas do portfólio.

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