BTG Pactual: lucro e receita recordes, com aumento do Índice de Basileia para 15,5% (BTG Pactual/Divulgação)
Editora Exame IN
Publicado em 8 de maio de 2023 às 06h37.
Última atualização em 8 de maio de 2023 às 10h18.
A cada novo front de dificuldade que o mercado de capitais enfrenta, os resultados do banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) mostram como a instituição não depende mais de uma única frente de negócios e refletem o tamanho da força conquistada pela marca. Primeiro, foi o desempenho de 2022, a despeito da seca das ofertas de ações, e agora, receita e lucro líquido recordes mesmo com o sumiço também das emissões de dívida no primeiro trimestre de 2023. Nesse período de janeiro a março, a receita do banco aumentou 10% na comparação anual, para R$ 4,8 bilhões. O ritmo da expansão não perdeu força ao longo do balanço e seguiu nessa mesma proporção, o que levou a última linha à marca histórica de R$ 2,3 bilhões, descontados itens não recorrentes e amortização de ágio.
O começo de ano turbulento fez o BTG (BPAC11) optar por um posicionamento mais conservador – estratégia adotada por todo o setor financeiro. Deu certo: o Índice de Basileia (indicador internacional que mede a saudabilidade dos bancos) terminou o primeiro trimestre em 15,5%, ligeiramente acima dos 15% registrados nos demais trimestres anteriores. O cuidado e a contenção não impediram que o banco superasse o guidance dado ao mercado, com um retorno médio sobre patrimônio anualizado (ROEA) de 20,9% (a orientação passada aos investidores foi de 20,8%).
Problemas não faltaram nesses três meses, desde os sacolejos com o noticiário político-econômico desse começo de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passando pelas crises de Americanas e Light, até o cenário externo para lá de delicado, com o Silicon Valley Bank (SVB) e o Credit Suisse.Ainda assim, se a venda de parte da carteira de crédito do Banco PAN tivesse sido feita no mercado e não ao BTG, o ROEA teria sido superior a 23%. Mais uma vez, o modelo de negócios da instituição mostra que o banco se tornou um ecossistema capaz de lidar “com todos os climas”.
Antes da avaliação da estratégia, não custa registrar que esse ambiente conturbado da economia, com a taxa Selic em 13,75% ao ano, fez a receita de juros aumentar de R$ 478 milhões para R$ 745 milhões, na comparação dos três primeiros meses de 2022 e de 2023. Especificamente essa frente de arrecadação não causa aumento em despesas com bônus e metas alcançadas, o que contribui para a rentabilidade.
Na linha de receita, três recordes registrados para mais do que compensar a queda de 26% na frente de investment banking (IB) devido à míngua no mercado de emissões: em empréstimos corporativos, em sales & trading e ainda em asset e wealth management. A receita com a frente de crédito aumentou 46% na comparação anual, para R$ 1,2 bilhão. E isso foi possível mesmo com a decisão do BTG (e de todo sistema financeiro) de colocar o pé no freio na concessão de crédito: a carteira encolheu R$ 1 bilhão no trimestre, para R$ 143 bilhões – na comparação anual a expansão é de 29%.
Em sales & trading, os três primeiros meses de 2023 conseguiram ser ainda fortes do que os de 2022 e somaram R$ 1,48 bilhão. No segmento de gestão de recursos de terceiros, a alta foi de 42%, para R$ 443 milhões, e em gestão de patrimônio e grandes fortunas, houve aumento de 22%, para R$ 694 milhões.
E quando o assunto é gestão de recursos de terceiros, o BTG Pactual deu destaque, no balanço do primeiro trimestre, para o feito do período, para além das receitas recordes: a instituição captou R$ 43 bilhões em dinheiro novo. Com isso, o total de ativos sob gestão alcançou R$ 1,3 trilhão – um aumento superior a 24% na comparação anual. Trocando em miúdos significa que, em um período em que a indústria de fundos encolheu, o BTG captou R$ 254 bilhões em dinheiro novo.
O balanço do primeiro trimestre aponta que o funding proveniente de depósitos do varejo, com o Banco PAN, alcançou 31% do total – de uma base de R$ 178,4 bilhões no período. Há um ano, esse percentual era de 28%, sobre uma base de R$ 155 bilhões. O espaço de crescimento ainda é significativo, dado que nos grandes bancos comerciais esse percentual é muito maior.
O olhar mais histórico para essa fatia é algo que coloca em evidência a expansão do BTG Pactual no período. Em 2018, a fatia do funding de varejo era de 11%, mas sobre uma base de R$ 45 bilhões. Em quatro anos, portanto, o banco saiu de R$ 4,9 bilhões para R$ 55 bilhões de capital trazido pelos depósitos do varejo.
Os ativos totais, que somavam cerca de R$ 140 bilhões ao fim de 2018, terminaram março em R$ 470 bilhões – ou seja, o montante foi multiplicado em 3,3 vezes. Na comparação anual, a expansão foi maior do que 20%.