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Santander e Citi retiram recomendação de compra da Ambev; papel cai mais de 2%

Duplo downgrade reduz a lista de casas otimistas com o papel

Ambev, dona da Corona: Ações caem 17% em 12 meses (Ambev/Divulgação)

Ambev, dona da Corona: Ações caem 17% em 12 meses (Ambev/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 12h45.

A Ambev está atravessando um momento delicado, e os sinais de alerta estão se acumulando.  

Dois grandes bancos, Santander e Citi, rebaixaram suas recomendações para as ações da cervejaria de "compra" para "neutra", deixando a lista de otimistas com o papel cada vez menor.  

De 17 bancos que cobrem o papel, apenas seis ainda veem bom ponto de entrada. Respondendo ao downgrade, as ações caem mais de 2% por volta das 12h40, na segunda maior baixa do Ibovespa. Em um ano, a queda é de 17%, com a empresa negociando próxima das mínimas históricas. 

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A mudança no tom ocorre em um contexto de pressão de custos, concorrência crescente e sinais de desaceleração nos volumes de vendas, especialmente no Brasil, seu principal mercado. 

Para o Citi, que também revisou para baixo o preço-alvo da Ambev, de R$ 14,50 para R$ 11,80 por ação, o desconto atual em relação aos pares globais não é suficiente para justificar o otimismo.  

O banco destacou que, apesar da ótima execução da companhia nos últimos anos — marcada por iniciativas como Zé Delivery e um portfólio premium que conseguiu ganhar mercado — os ventos favoráveis estão desaparecendo. 

Entre os principais desafios estão a desaceleração dos volumes, o crescimento modesto dos preços e a pressão dos custos de commodities e câmbio, que impactam negativamente os resultados operacionais. 

O Santander também trouxe uma visão cautelosa, reduzindo seu preço-alvo de R$ 16,00 para R$ 12,00, o que representa um potencial de crescimento de apenas 6,66% em relação ao fechamento da véspera.  

O banco destacou que os custos unitários na divisão de cervejas no Brasil devem crescer 8% em 2024, impulsionados pelo aumento nos preços do alumínio, custos trabalhistas e pela desvalorização do real.  

Embora o câmbio possa ajudar nas vendas internacionais, ele encarece as embalagens no mercado local, adicionando mais pressão.  

Além disso, apontou que a Heineken, concorrente direta, está ampliando sua capacidade com uma nova fábrica no Brasil, que deve adicionar 10% ao seu volume de produção, intensificando ainda mais a disputa. 

No curto prazo, os resultados também não devem entusiasmar. O Citi projeta um EBITDA de R$ 8 bilhões e um lucro líquido de R$ 4,4 bilhões para o quarto trimestre de 2024, estáveis em relação ao mesmo período do ano anterior, mas 4% abaixo das expectativas do mercado

O Santander reforçou essa previsão, destacando que o fluxo de estoques no varejo pode limitar os ganhos em participação de mercado, e que a queda nos volumes deve continuar pressionando o desempenho. 

Sem catalisadores

A visão menos construtiva não está isolada. Em relatório distribuído ontem, o BTG Pactual também reiterou sua recomendação neutra para a Ambev, destacando que a combinação de volumes em queda, pressão de custos e concorrência acirrada forma um cenário mais amargo para a cervejaria.  

O analista Thiago Duarte pondera que a recente recuperação judicial da Petrópolis pode abrir espaço para a Ambev capturar clientes, mas esses ganhos provavelmente serão compartilhados com a Heineken, reduzindo o impacto positivo. 

Apesar de ainda ser líder de mercado e apresentar indicadores como dividend yield de 6,6%, a Ambev não parece ter um motor operacional claro para sustentar um crescimento robusto em 2025, segundo os analistas.  

Com os papéis negociados a 11x o lucro projetado para 2025, um desconto de 12% em relação aos pares globais, o mercado segue aguardando catalisadores que possam justificar um novo ciclo de alta. 

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