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Rumo planeja captar R$ 6 bi e oferta pode ser segunda maior do ano

Companhia de ferrovias tem novos projetos em vista e potencial pagamento de dívida com custo elevado

Rumo: Grupo Cosan está em meio a amplo processo de reestruturação (Divulgação/Divulgação)

Rumo: Grupo Cosan está em meio a amplo processo de reestruturação (Divulgação/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 27 de julho de 2020 às 13h19.

Última atualização em 28 de julho de 2020 às 10h59.

A companhia de logística Rumo, do Grupo Cosan, vai buscar entre 5 bilhões de reais e 6 bilhões de reais com uma oferta de ações. A empresa anunciou ontem a possível emissão, mas ainda sem os valores definitivos. Foram contratados bancos de investimentos para estruturar a operação — Bradesco BBI, Itaú BBA, BTG Pactual, na coordenação, e ainda Banco do Brasil e Safra.

A captação, toda primária, da Rumo tem potencial para ser a segunda maior do ano na B3, atrás apenas dos 8 bilhões de reais levantado pela Lojas Americanas, com auxílio do 1,8 bilhão de reais dos acionistas controladores, o trio 3G Carlos Alberto Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann. O valor final, a depender do comportamento das ações, poder ser ainda maior. A companhia convocou assembleia para alterar o seu estatuto social para permitir um aumento de capital de até 7 bilhões de reais — deixando claro o tamanho do apetite.

O mercado não se assustou com o tamanho da operação. As ações estão em alta de 0,85% e o valor em bolsa da empresa estava em 35,1 bilhões de reais.

A emissão também vai contar com reforço do controlador. A expectativa é que a Cosan Logística e a Cosan S.A. também acompanhem a operação, segundo as informações que circulam no mercado. A Logística tem 28,5% da Rumo e a Cosan, entre 1,5% e 2%. Juntas, portanto, se forem evitar toda a diluição, podem responder por 1,5 bilhão de reais a 2 bilhões de reais do que for captado.

Os recursos vão ajudar a pagar dívidas caras — ainda que alavancagem da companhia esteja baixa, especialmente em meio a uma crise — e a financiar o plano de expansão de capacidade.

Entre as dívidas que a empresa poderá eliminar após se capitalizar, estão 3,1 bilhões de reais de longuíssimo prazo (vencimento total em 2058) relacionados à renovação antecipada da concessão da Malha Paulista. O incentivo é o custo: o compromisso corre a IPCA mais 11%. O plano de expansão pretendido é relacionado à Malha Oeste. Além disso, projetos no setor não faltarão. O governo tem planos de licitações superiores a mais de 70 bilhões de reais em áreas de interesse para a companhia e a Rumo, que já é a maior do setor no país, pretende assim continuar.

O Grupo Cosan está em meio a um amplo processo de reestruturação societária que vai concentrar o controle das companhias investidas em uma só holding, do empresário Rubens Ometto — atualmente existem três, Cosan S.A.; Cosan Logística e CZZ. A Rumo é a única de capital aberto com grande liquidez. A operação completa deve listar as demais controladas Moove, de lubrificantes, Raízen, de energia e combustíveis, e a Compass, dona da Comgás. Com o novo modelo, além de concentrar a liquidez da holding em uma única companhia e ação, as empresas investidas conquistam autonomia para se capitalizar sem depender exclusivamente do controlador.

Outro esforço do conglomerado — de alguns anos para cá, mas que culmina nessa operação — é de imagem. A companhia tem se destacado por tornar evidente seus fatores ESG — de sustentabilidade, social e governança — e também de se mostrar comprometida com os investidores. Não por acaso a primeira mensagem que Marcelo Martins, vice-presidente financeiro do grupo, quis transmitir ao anunciar a reorganização é que ela não tem por objetivo beneficiar apenas Ometto, mas todas as empresas do grupo e investidores.

 

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