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Rocketmat, de inteligência artificial para RH, recebe aporte de R$ 8 mi

Meta é amplificar o processo de empregabilidade e excluir qualquer elemento discriminatório de processos de seleção e promoção

Especialistas em recrutamento e gestão de pessoas, algoritmos dominam quatro idiomas (Divulgação/Divulgação)

Especialistas em recrutamento e gestão de pessoas, algoritmos dominam quatro idiomas (Divulgação/Divulgação)

AB

Angela Bittencourt

Publicado em 8 de julho de 2021 às 12h15.

Última atualização em 8 de julho de 2021 às 12h35.

Matthew e August não são daqui. Não são nem pessoas, e sim algoritmos. Mas trabalham sob encomenda e cumprem suas tarefas com tão elevado grau de confiabilidade que não passaram despercebidos do Smart Money Ventures, do Domo Invest e do Alexia Ventures. Os três fundos, especializados em empresas de softwares por assinatura (SaaS) e inteligência artificial (IA), decidiram fazer um aporte de R$ 8 milhões no "berço" da dupla: a Rocketmat, de IA para gestão de recursos humanos.

Com o impulso dessa segunda rodada de investimentos, a startup garante mais um ciclo de expansão. Mattew e August, que já dominam quatro idiomas — português, inglês, francês e espanhol — continuarão aprendendo novas línguas para atender empresas como Ambev, Leroy Merlin, Hospital Israelita Albert Einstein, Cogna Educação e iFood, entre outras marcas que já figuram no seleto book da Rocketmat. Em apenas dois dias, novos idiomas são incorporados ao trabalho.

“Matthew é uma espécie de algoritmo-chefe da Rocketmat. August é o algoritmo subchefe, responsável pelo rastreamento de todos os campos semânticos do alfabeto local. Isto é, o alfabeto nativo das empresas que recorrem à IA em busca de soluções para recrutar profissionais”, brinca Tiago Machado que, em 2017, fundou a startup com os sócios Paulo Nascimento e Pedro Lombardo.

A Rocketmat, uma empresa científica de atuação internacional, nasceu em Belo Horizonte (Minas Gerais), mas já está fincada nos Estados Unidos e Canadá. Em entrevista ao EXAME IN, Tiago Machado conta que a sede da Rocketmat Inc. está em Dallas, no Texas. A empresa tem escritório em Toronto, Canadá. A subsidiária brasileira, sede na América Latina, está em São Paulo, enquanto a divisão de tecnologia está baseada em Belo Horizonte.

O book de conglomerados como clientes não foi exatamente uma escolha dos três sócios, mas resultado de oportunidade com necessidade. “Trabalhamos com grandes conglomerados porque eles têm dados. Uma inteligência artificial só pode prever o futuro com dados passados. E além dos conglomerados terem muitos dados disponíveis, eles buscam constantemente a evolução tecnológica. Cruzamos, portanto, uma oportunidade com uma necessidade. O avanço tecnológico é uma necessidade e isso ficou claro com a pandemia”, relata Machado.

Escalada para a diversidade

A Rocketmat, que já encaminhou a contratação de 2 milhões de candidatos a vagas de emprego, destaca a atuação da startup em 2020, quando uma solução para admissão de 1.180 pessoas foi buscada pelo Hospital Albert Einstein. “Em 36 horas ajudamos a montar o hospital de campanha e o episódio confirmou que, quando há senso de urgência, a IA funciona muito bem.”

A atuação da startup cumpre duas escalas: ajuda a contratar pessoas e faz a gestão porque o algoritmo consegue contribuir com informações que levam a tomadas mais assertivas de decisão sobre treinamento, aceleração de carreira, mitigação de risco de perda de talentos e em situações que envolvem saúde e segurança do trabalho.

O Matthew consegue, em tempo real, mapear as melhores formas de analisar um grande número de características dos funcionários de uma empresa — atuais ou que já passaram pela organização — bem como seus indicadores de desempenho.

Com capital intelectual próprio, a Rocketmat decidiu trabalhar em ampliação de diversidade. O algoritmo, que não classifica pessoas e não recebe informações por gênero, idade, etnia ou por orientação sexual, consegue apurar se no passado de uma empresa existiram elementos que causaram viés discriminatório, inclusive, inconsciente.

“O algoritmo coloca todos os candidatos numa mesma condição”, diz o executivo que já ficou desempregado e não porque era bom ou ruim, mas porque o sistema de contratação não lhe dava as mesmas oportunidades oferecidas a outros candidatos em um processo de recrutamento.

“Entendemos que a inteligência artificial tem o objetivo de ser inclusiva. E é nessas causas que devemos atacar. Amplificar o processo de empregabilidade e excluir qualquer elemento discriminatório de processos de seleção e promoção e dar condições para que as companhias tomem decisões mais inteligentes e mais assertivas”, pondera Tiago Machado para quem a startup tem o pragmatismo matemático que envolve ciência, mas sem perder o romantismo de obter uma sociedade mais equânime.

“A tecnologia é um meio que pode fazer a nossa sociedade melhor. Se eu posso entregar isso para a Ambev, que responde por 3% do PIB do Brasil, estou contribuindo com milhões de pessoas.”

A Rocketmat desenvolveu uma arquitetura tecnológica usando os recursos da Amazon Web Service (AWS) e se tornou a primeira startup voltada para a área de recursos humanos, uma HRtech, com certificado Advanced Partners da Amazon.

É nessa condição privilegiada que a startup recebe a rodada de investimento de R$ 8 milhões e pretende expandir suas operações e democratizar o uso da inteligência artificial. Tiago Machado afirma que a captação de recursos não ocorre para “elevar o ponteiro financeiro da empresa”. O investimento deverá ser endereçado a um arcabouço de pesquisas para entregar soluções mais efetivas ao mercado.

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