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Renner vem bem no terceiro trimestre – mas não tão bem quanto se esperava

Vendas em mesmas lojas sobem 11,5%, acima da Guararapes, mas abaixo da C&A; ações caem 6%

Renner: resultado forte não foi sufiente para evitar o revés na Bolsa (Renner/Divulgação)

Renner: resultado forte não foi sufiente para evitar o revés na Bolsa (Renner/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de novembro de 2024 às 16h04.

Última atualização em 10 de novembro de 2024 às 15h57.

Seguindo uma tendência no varejo de moda, o balanço da Renner trouxe uma melhora relevante no terceiro trimestre. A receita de varejo cresceu 12%, enquanto a Realize, seu braço financeiro, voltou ao campo positivo, com ganho de R$ 58 milhões.

O lucro bateu com sobra as expectativas de mercado, avançando 48%, para R$ 255,3 milhões. Mas não foi suficiente para evitar um revés na Bolsa.

As ações despencam 6% nesta sexta-feira, num dia difícil para o Ibovespa, numa espécie de reprise do filme visto ontem com as concorrentes Guararapes (dona da Riachuelo) e C&A. Os números das duas varejistas de moda também mostraram forte crescimento e superaram o consenso, mas os papéis caíram 12% e 8% respectivamente.

No caso da Renner, especificamente a régua estava mais alta. As vendas mesmas lojas subiram 11,5%, em linha com o piso das expectativas do sellside que chegavam a até 13%.

No buyside, por sua vez, havia quem falasse em algo acima dos 15%. O indicador ficou acima da Guararapes, onde subiu 10%, mas abaixo da C&A, que avançou 18%.

“O SSS foi muito bom a e companhia registrou números recordes de venda por metro quadrado e ganho de margem bruta muito forte”, diz um gestor comprado no papel.

Em meio a essa melhora geral no setor, ainda é difícil colocar o dedo no quanto a melhoria dos números pode ser atribuída à maior assertividade permitida pelo centro de distribuição de Cabreúva, apontam analistas.

Um dos principais investimentos da companhia, o CD opera no modelo de push-and-pull, com abastecimento das lojas de acordo com cada SKU (cor e modelo), em vez de pacotes fechados, o que, em teoria, reduz a necessidade de promocionamento e aumenta a assertividade do sortimento em loja.

Depois de vários atrasos, neste ano, o CD finalmente está operando a 100% da capacidade.

O avanço nas vendas e o ganho de rentabilidade tem a ver com a reformulação do modelo da companhia, o que inclui, além do CD, ferramentas de inteligência artificial e maior exposição a produtos da categoria de entrada – especialmente competitivos com as plataformas de cross border.

“Os ganhos de produtividade e eficiência nos permitem vender mais, atingir mais clientes, mas sem abrir mão da rentabilidade, sem precisar fazer markdown”, diz o CEO Fabio Faccio em entrevista ao INSIGHT.

De acordo com ele, o segundo trimestre já havia sido um ponto de inflexão e o terceiro consolidou as melhorias. Agora, a margem bruta deve continuar crescente e não só se igualar a patamares históricos, mas até mesmo superá-los em médio a longo prazo.

Os estoques cresceram 2%, o que não chega a ser um ponto de preocupação. A companhia havia feito um intenso trabalho de redução um ano antes.

“Crescimento de venda com crescimento muito menor de estoque é uma alavanca, bem como o nosso lead time que chegou ao menor já registrado com o CD operando a 100%”, diz Faccio.

A companhia também intensificou o trabalho de ganho de eficiência, controlando despesas, observa Daniel dos Santos, CFO. Enquanto a receita cresceu mais de 12%, as despesas avançaram em patamar bem inferior, a 6,4%.

Uma melhora no ciclo financeiro permitiu a geração de caixa da ordem de R$ 412 milhões, registrando um caixa livre de R$1,4 bilhão ao fim do trimestre. Uma proteção, frisa o CEO, num ambiente de juros altos.

Ainda, assim, os planos de expansão ganharam força. “Nossa prioridade é investir em expansão e reforma de lojas e seletivamente na plataforma digital, para evolução da jornada do cliente”, diz o CFO.

A aquisição de novas marcas também não está descartada. “Seguimos acompanhando marcas do mercado, que possam agregar ao nosso entendimento de lifestyle e moda.”

Em 12 meses, a ação acumula alta de 26%, negociada a R$ 16,83.

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