Faria: Estrutura separada para internacionalização para acessar outro pool de capital em relação ao Brasil (Leandro Fonseca/Exame)
Editora do EXAME IN
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 10h26.
Última atualização em 13 de novembro de 2024 às 10h29.
Após uma série de aquisições que consolidaram sua Granja Faria como a maior produtora de ovos do Brasil, Ricardo Faria agora está dando início aos seus planos de internacionalização.
O empresário acaba de anuncia a compra da Hevo, segunda maior produtora de ovos da Espanha, por € 120 milhões. A empresa, que pertencia ao fundo de private equity Cleon Capital já vinha consolidando outras granjas no país, e fatura cerca de € 180 milhões.
A aquisição está sendo feita por meio da Global Egg, uma holding detida por Faria e praticamente os mesmos sócios da Granja Faria, mas com uma estrutura separada, que deve centralizar a consolidação fora do Brasil.
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“Num primeiro momento, vamos mirar principalmente o Sul da Europa, na Espanha, França e Portugal. E daqui uns três anos, podemos ir para o Norte do continente”, afirmou o empresário, destacando esse é o plano inicial e que aquisições mais oportunísticas em outras regiões também serão avaliadas.
A opção por fazer a investida no exterior num veículo separado veio da expectativa de ter acesso a um pool de capital mais barato – o que pode acontecer mais à frente até mesmo num eventual IPO fora do país.
“A ideia foi fazer uma empresa em moeda forte, em jurisdições de juros mais baixos, e apartada da incerteza tanto dos juros, mas principalmente cambial no Brasil”, explica o empresário.
Uma abertura de capital no Brasil, com o atual nível de juros e prêmios de risco, está fora de cogitação. “Hoje, estou certo de que essa não é uma boa decisão e que não vai valorizar da forma que deveria uma empresa que cresce, tem margens e boas marcas.”
A escolha pelo início da investida global pela Europa veio do perfil dos negócios encontrados na região, diz o empresário.
Eles divide as empresas que avalia em três perfis: os broken empires, que são aquelas empresas grandes, mas em recuperação judicial; as high performers, que já são o estado da arte; e os happy underperformers, que aquelas que até vão bem, mas que podem ter um desempenho muito menor.
“É nesse último perfil que sei operar, que me encaixo e onde conseguimos entregar mais valor”, afirma. “Foi onde eu fiz 50 dos meus mais de 70 M&As”. A expectativa de Faria é que, ao colocar as galinhas da Hevo nos mesmos níveis de produtividade da Granja Faria – por meio de técnicas próprias de manejo –, há um potencial para destravar € 20 milhões de euros, ou mais de 10% do faturamento, em sinergias.
Outro ponto é a técnica de gestão. Hoje, os executivos da Hevo não recebem bônus e, na nova gestão, poderão ser elegíveis, inclusive à partnership na Global Egg.
Ainda de acordo com Faria, o consumo de ovos na Espanha vem crescendo a taxas até superiores às brasileiras, diante da tendência de saudabilidade, que privilegia o consumo de proteínas em detrimento de carboidratos.
“A Espanha tem crescido muito, 3,5% ao ano, em virtude, em grande parte da migração de pessoas e investimentos de Londres, com o Brexit”, afirma.
Técnicas de manejo sustentável, muito valorizados no país europeu – como de galinhas livres e orgânicas – também podem ser transportadas para o Brasil.
Apesar da internacionalização, Faria ainda segue com planos de crescer no Brasil, via Granja.
“Ainda vemos muito potencial de crescimento e de consolidação”, diz. Depois de uma transação transformacional em 2023, com a compra da gigante Katayama, o empresário tem focado em aquisições menores e mais estratégicas, como a Vitagema, de Fortaleza, que lhe deu acesso ao “miolo” do Nordeste.