Rede D'or: Venda de participação do Carlyle era amplamente aguardada pelo mercado (Ricardo Moraes/Reuters)
Editora do EXAME IN
Publicado em 22 de maio de 2024 às 11h51.
Última atualização em 22 de maio de 2024 às 13h47.
Desafiando um mercado azedo, o Carlyle zerou sua posição de cerca de 3,5% da Rede D'or, num leilão realizado há pouco na B3.
O papel saiu a R$ 29,44, um desconto de 5% em relação à cotação de fechamento de ontem e envolveu 69 milhões de ações, movimentando ao todo R$ 2,07 bilhões. Segundo fontes, outros 7 milhões de ações foram vendidas a mercado, logo em seguida ao fim da operação.
O block trade, coordenado pelo Bank of America Merrill Lynch (BofA) visava vender inicialmente 37 milhões de ações, ou 1,6% do capital, equivalente à metade da participação da gestora de private equity na companhia.
Mas o banco já havia alertado que, se houvesse demanda, o Carlyle estaria disposto a zerar sua posição. Ao que tudo indica, em vez de maximizar preço, o fundo aproveitou a boa procura para desovar suas ações – num movimento que há tempos era especulado pelo mercado.
"Esse era um risco de overhang importante, fazia tempo que o mercado esperava vir esse lote de Carlyle", afirma um gestor, para quem o movimento de hoje deixa para traz a preocupação com a enxurrada de ações que podia vir a mercado.
De acordo com operadores de mesa, um comprador 'recorrente' – muito provavelmente a família Moll – raspou 13 milhões de ações no leilão. A última vez que os controladores tinha comprado ações em mercado nesse volume foi em outubro de 2023, quando o papel estava em R$ 23,60.
Após o leilão, as ações da Rede D'or passaram a ser negociadas levemente acima do preço do block, a R$ 29,55.
O Carlyle entrou na Rede D’Or quando a empresa ainda era de capital fechado e vendeu parte de sua posição no IPO. Desde então, fez mais duas rodadas de venda: no follow-on de julho de 2021 e num block trade no mês seguinte, junto com GIC. Naquela época, o papel negociava próximo de seu pico histórico, e saiu a R$ 70.
Após anos pressionados no pós-pandemia, por conta da alavancagem elevada e margens espremidas pela inflação médica, a Rede D'or voltou a entregar bons resultados no fim do ano e no primeiro trimestre, alavancando seu posicionamento premium e liderança de mercado.
Uma parceria com a Bradesco Saúde, com quem vinha com a relação estressada desde a compra da Sul América, para construção de hospitais em parceria em São Paulo e Rio de Janeiro, também reduziu o risco da tese e agradou os investidores. Só no último mês, os papéis da Rede D'or avançam 24%.