Exame IN

Reaberta a temporada de ofertas: Centauro tem demanda 7x maior

Operação da varejista esportiva pavimenta retomada das ofertas de ações, que pode incluir IPO de Ambipar e Grupo Soma, além de captação da Via Varejo

Centauro: caminho aberto para novas ofertas de ações após preço e demanda em alta (Grupo SBF/Divulgação)

Centauro: caminho aberto para novas ofertas de ações após preço e demanda em alta (Grupo SBF/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 4 de junho de 2020 às 19h28.

Última atualização em 5 de junho de 2020 às 09h33.

A ação da Centauro na oferta pública subsequente que foi concluída no início da noite saiu a 30 reais. A captação da companhia ficou em 900 milhões de reais, pois foram colocadas 30 milhões de novas ações. O dinheiro cobre integralmente a compra da Nike, anunciada em fevereiro.

A demanda? Pasmem: 7 vezes o total colocado, segundo fontes próximas à transação. Em plena pandemia. A oferta foi realizada pelos bancos Bradesco BBI, BTG Pactual, Itaú BBA e Santander.

Tudo indica que o Brasil entrou de vez no clima que já está o mercado americano há semanas. Hoje, também foi o dia da maior abertura de capital nos Estados neste ano, da Warner Music, no valor de 1,9 bilhão de dólares.

O valor do papel da Centauro, mais que 10% acima da cotação da data do anúncio da operação (27 reais), e a demanda são termômetro do quão o mercado está aquecido. A retomada das operações por aqui foi adiada pela instabilidade política, mas ganhou tração nos últimos dias, com a alta da bolsa. O Índice Bovespa fechou hoje perto dos 94 mil pontos — muito distante daqueles 63 mil pontos do piso registrado em março.

Não é rotina que ofertas subsequentes saiam em um preço acima da cotação de anúncio da operação. Muito menos no meio de uma das maiores crises globais já vistas. É mais trivial que o mercado pressione os preços para baixo, diante de uma oferta de venda.

A fila de próximas operações, que já se organizava, promete crescer daqui para frente. Nessa madrugada, a Via Varejo anunciou sua tão aguardada captação. A empresa espera levantar 3 bilhões de reais. Mas a oferta pode alcançar 4 bilhões de reais, se houver demanda.

Os papéis, mesmo depois de o mercado conhecer os planos para a oferta subsequente, viveram um verdadeiro rally nos últimos meses  — e continuam. Hoje, após o anúncio da colocação, a ação subiu 3,5%. A companhia, que fechou março avaliada em 6,8 bilhões de reais, valia 18 bilhões de reais hoje.

Ainda que em um processo diverso, a ação da Natura também é uma indicação da forte procura do mercado por ativos de qualidade. A companhia anunciou no início de maio uma capitalização privada de até 2 bilhões de reais, com garantia firme de 1 bilhão de reais.

Por não ser pública, a transação sai com preço pré-definido — nesse caso, 32 por ação. Há pouco, na bolsa, os papéis terminaram o pregão perto de 38 reais cada.

Considerando o preço de tela, a colocação que fecha dia 12 resultaria em um lucro imediato superior a 18% para o investidor que subscrever. Quanto mais alto o preço estiver no encerramento da operação, maior a chance de a empresa captar o volume máximo pretendido.

IPOs

O aquecimento do mercado também está chegando às novatas. Depois de a companhia de tratamento de resíduos Ambipar pegar seu lugar na fila, quem avalia retomar os trabalhos é o Grupo Soma, de varejo de moda — dona das marcas Animale, Farm e Cris Barros, entre outras.

O segmento é um dos mais afetados pelo isolamento e fechamento do comércio durante a pandemia do coronavírus. A decisão da empresa de encarar o investidor nesse ambiente será a cereja no bolo para comemoração do reaquecimento das ofertas. O mundo pós-covid-19 mudou. Mas, talvez, nem tanto assim.

Acompanhe tudo sobre:NaturaVia VarejoIPOsCentauroOfertas de ações

Mais de Exame IN

Fim do 'shutdown' não resolve apagão de dados, diz Meera Pandit, do JP Morgan

Avon podia ter salvado Natura do tombo, mas ainda não estava pronta

BTG Pactual bate novos recordes no 3º trimestre e lucra R$ 4,5 bilhões

Nem Cook, nem Musk: como Huang, da Nvidia, virou o maior aliado de Trump