Produtos Raízs: sonho do fundador Tomás Abrahão é mudar comportamento "da cadeia da comida" (Helena Mazza/Raízs/Divulgação)
Graziella Valenti
Publicado em 27 de abril de 2022 às 11h38.
Última atualização em 27 de abril de 2022 às 11h46.
A Raízs, uma mistura de foodtech com marketplace de orgânicos criada por Tomás Abrahão em 2016, acaba de levantar R$ 20 milhões em uma rodada série A liderada pela Solum Capital, fundada por dois ex-XP e que agora é comandada pelo ex-CEO do Mundo Verde e Imaginarium Donato Ramos. Acompanharam o aporte a gestora KPTL e Marcelo Bazzali, ex-diretor do GPA e CEO da Extrafarma. O objetivo é acelerar crescimento, o que significa investimento em gente e tecnologia.
Ao longo de sua história, antes da atual operação, a companhia levantou R$ 10 milhões. Agora, com essa captação que dobrou o bolso da empresa, o plano é expandir geograficamente a atuação e também o portfólio de marcas próprias, para além de frutas, legumes e verduras. “Já temos castanhas e alguns pães e vamos continuar expandindo.”
Ramos e Bazzali vão participar do conselho da Raízs, ao lado do investidor número 1, Pedro Navio, presidente da Kraft-Heinz nos Estados Unidos, e da co-fundadora Antonia Brandão Teixeira, para ajudar a construir a próxima etapa de crescimento.
“Queremos ocupar o papel do supermercado, mas sem ser um novo supermercado”, diz Abrahão. O que o fundador quer dizer é que tudo no site da Raízs tem a pegada ‘alternativa’ ligada à saúde, qualidade, origem e sustentabilidade. Hoje, são mais de 3.000 SKUs disponíveis na plataforma, incluindo produtos de limpeza — um dos segmentos mais desafiadores para crescer em ofertas sustentáveis por ter ainda um custo muito acima dos produtos tradicionais. O modelo alternativo de compra proposto também passa pelo conceito de assinatura e pelo cliente conseguir comprar o que ainda está na terra.
A Raíz conecta mais de 920 produtores rurais com os consumidores finais, seja restaurantes ou residências. Mais da metade dos produtores está dentro do Estado de São Paulo, mas hoje também existem parceiros espalhados pela Amazônia, Nordeste e também Sul do país. “Tem muitas coisas que não são cultiváveis em São Paulo.” O total de clientes ativos está em 52 mil, sendo que metade são assinantes. A conta considera quem fez pelo menos uma compra nos últimos três meses.
A forma direta de operar, sem intermediários, permite que o desperdício médio da Raízs seja de 4%, comparado aos 33% que Abrahão diz ser a média do varejo de alimentos — e, junto com isso, um preço 20% abaixo do supermercado convencional para orgânicos, mesmo pagando 20% mais para os produtores.
“Os clientes da Raízs se conectam conosco não só pelo fato do produto ser bom, fresco e acessível, mas pelo comércio justo na cadeia. Essa é uma semente que vamos plantando”, diz Abrahão. O sonho do fundador é mudar como a cadeia de comida se comporta. A Raízs, segundo ele, quer ajudar a equilibrar o padrão de consumo com a natureza. “Uma manga não demora um dia para ficar pronta.” Na opinião dele, o grande desafio é fazer uma construção coletiva com o consumidor, que quer preço, comodidade e agilidade, e ao mesmo tempo desenvolver uma cadeia mais justa, que respeite o produtor, o meio-ambiente, os diferentes tipos de solo e cultivo.
A plataforma atende atualmente basicamente a grandes cidades do Estado de São Paulo – além de capital, e interior, toda baixada santista. São mais de 20 municípios no total. O desafio de romper as fronteiras paulistas é o crescimento acelerado ainda dentro da região, mas a próxima cidade a ter acesso à plataforma será o Rio de Janeiro. "O plano é atender o Brasil inteiro e ser a maior plataforma de comida saudável do país."
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