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Quem se beneficia das tarifas? BTG vê cenário “muito mais favorável” para Vibra e Ultrapar

Potenciais retaliações do Brasil aos EUA e sanções secundárias ao diesel russo reduzem oferta e devem dar alívio de margem importante para as distribuidoras; ações lideram altas do Ibovespa

Cada melhora de R$ 20/m3 nas margens EBITDA do segundo semestre se traduz em um aumento de 6% no EBITDA da Vibra no ano e de 4% na Ultrapar, calcula o banco (RunPhoto/Getty Images)

Cada melhora de R$ 20/m3 nas margens EBITDA do segundo semestre se traduz em um aumento de 6% no EBITDA da Vibra no ano e de 4% na Ultrapar, calcula o banco (RunPhoto/Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 28 de julho de 2025 às 14h50.

As ameaças tarifárias de Donald Trump vêm jogando o mundo – e nas últimas semanas em especial o Brasil – numa espiral de incertezas. Mas, para ao menos um setor, estão criando perspectivas mais otimistas.

As distribuidoras Vibra e Ultrapar devem se beneficiar de um cenário de maiores margens em meio à oferta mais restrita de combustíveis no Brasil, apontou o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME em relatório).

“Os riscos crescentes de tarifas dos Estados Unidos sobre o combustível brasileiro, potenciais medidas de retaliação e o endurecimento de sanções secundárias sobre o diesel russo estão mudando a dinâmica do mercado”, afirmou o analista Luiz Carvalho.

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Os importadores estão ficando mais avessos ao risco, sugerindo um ambiente de oferta “muito mais apertada” para o segundo semestre do que o anteriormente esperado.

O relatório publicado, publicado ontem à noite, fez preço, com ambas as companhias entre as maiores altas do Ibovespa, com valorização na casa dos 3% em um dia majoritariamente negativo para o índice.

No acumulado do ano, 60% das importações de diesel para o Brasil vieram da Rússia, com os Estados Unidos respondendo com mais 25%. Restrições sazonais com a temporada de furacões no Golfo do México e paradas para manutenção em refinarias russas já tinham reduzido a oferta global.

Agora, com a perspectiva de sanções secundárias à Rússia, com penalização a parceiros que fazem negócios com o país, essa oferta pode sair de vez do jogo.

“Isso remodelaria os fluxos comerciais e criaria pressão adicional sobre os preços”, diz Carvalho, no que classifica como um potencial ‘game changer’ para o setor.

O leilão de diesel mais recente da Petrobras já marcou um ponto de virada: houve prêmios pela primeira vez desde abril, sinalizando importações mais apertadas num momento em que as refinarias já rodam a 96% da capacidade.

“Distribuidoras com autonomia de preço e opcionalidade de importação podem capturar spreads atrativos ao arbitrar a alocação doméstica da Petrobras contra os mercados globais mais apertados”, diz o analista. “A oportunidade de monetizar essa assimetria está claramente de volta ao jogo.”

Nesse sentido tanto Vibra quanto Ultrapar estão bem posicionados para capturar ganhos de market share quanto expansão das margens. Líderes de mercado, as empresas, dona dos postos BR e Ipiranga, respectivamente, tem cotas elevadas da Petrobras e uma ampla escala logística.

O efeito é relevante, calcula o BTG: cada melhora de R$ 20/m3 nas margens EBITDA do segundo semestre se traduz em um aumento de 6% no EBITDA da Vibra no ano e de 4% na Ultrapar. (As companhias operam com uma margem EBITDA na casa dos R$ 160 e R$ 150 por metro cúbico, respectivamente.)

“Acreditamos que o cenário para os incumbentes no segundo semestre se tornou muito mais favorável”, afirma Carvalho.

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