Exame IN

Quanto vale a Copasa privatizada? Depende da regulação

No atual cenário regulatório em Minas, estatal de saneamento pode valer R$ 46 por ação; com regulação como a da Sabesp, pode chegar a R$ 55, diz BTG

Estação de tratamento da Copasa: 'Cenário de não privatização é improvável', diz BTG (Copasa/Divulgação)

Estação de tratamento da Copasa: 'Cenário de não privatização é improvável', diz BTG (Copasa/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do Exame INSIGHT

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 17h13.

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou ontem, em primeiro turno, a Proposta de Emenda da Constituição (PEC) que elimina a necessidade de plebiscito para a privatização da Copasa – em mais um passo decisivo de um processo que vem superando diversos entraves políticos.

Foram com 52 votos a favor, cinco mais que o necessário. Ainda será necessário um segundo turno e, em seguida, aprovar a desestatização por maioria simples entre os deputados estaduais.

“Mas agora o cenário de não privatização é improvável”, resumiu a equipe do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), em relatório.

SAIBA ANTES: Receba as notícias do INSIGHT no seu Whatsapp

O banco já vinha alertando sobre o potencial dos papéis e agora elevou oficialmente o preço-alvo para as ações da companhia, de R$ 33 para R$ 46 ao fim de 2026, um potencial de alta de 26,6% em relação ao preço de fechamento de ontem.

No pregão de hoje, as ações da Copasa avançaram 3,7%, para R$ 37,67,  acumulando um avanço de mais de 80% no ano.

Três cenários em jogo

Com a desestatização a caminho, o upgrade do BTG é o mais recente de uma série de revisões feitas pelo sellside nos últimos dez dias. Itaú BBA e Citi já tinham seguido o mesmo caminho.

Mas quanto vale a Copasa privatizada? Tudo depende da regulação.

Com uma série de incertezas a caminho, por ora, os bancos têm estipulado os preços-alvos com base em uma média ponderada de probabilidades, que mostra que vale a pena apostar nos papéis apesar do rali até agora.

Na prática, no entanto, os cálculos dizem mais de maneira individual do que agregada.

O BTG vê três cenários possíveis.

O primeiro é o de não privatização, ao qual atribui probabilidade de apenas 10%. Nesse caso, o valor por ação é de R$ 35, abaixo do preço de tela.

O segundo é o mais provável (60%): privatização com a regulação atual da Copasa, no qual o preço-alvo passa para R$ 43.

O terceiro seria uma privatização com a regulação semelhante à da Sabesp, em que a empresa captura mais eficiência com despesas operacionais. Nesse caso, de probabilidade de 30%, o preço-alvo vai a R$ 55.

Calendário apertado

O Itaú BBA, por sua vez, vê um preço-alvo de R$ 43,2 por ação da Copasa, numa conta mais binária.

O banco assume 60% de probabilidade de privatização, com um preço-alvo de R$ 51,6 por ação, um valor 1,48 vez a sua base regulatória de ativos.

A conta já embute uma redução de 100 bps no custo de capital próprio, 31% nas despesas operacionais nos próximos quatro anos, melhora na taxa de inadimplência e extensão do contrato.

Os analistas veem uma probabilidade de 40% de a Copasa ser mantida como uma estatal ‘bem-gerida’, com uma redução de custo de 5%. O preço-alvo aqui é seria de R$ 30.

O Citi, por sua vez, tem um preço-alvo de R$ 45 por ação, chamando atenção para as oportunidades de ganhos de eficiência e o ‘espaço significativo’ para a melhora na base regulatória de ativos.

Todos os analistas apontam para melhoras no front regulatório, com avanço nos parâmetros estabelecidos pela agência reguladora mineira para o próximo ciclo de revisão tarifária.

Apesar do pessimismo, os analistas do Citi alertam para o calendário eleitoral apertado, que reduz a janela de oportunidade.

“Em Minas Gerais, o governo Romeu Zema deve anunciar sua candidatura presidencial ou ao Senado no ano que vem, o que exigira sua renúncia até o início de abril (seis meses antes da eleição), podendo encurtar a janela de execução”, diz o relatório.

Em São Paulo, a privatização da Sabesp, lançada no primeiro ano de mandato do governador Tarcísio de Freitas levou 12 meses para ser concluída.

Acompanhe tudo sobre:SaneamentoPrivatizaçãoCopasaSabespEmpresasMercados

Mais de Exame IN

Fim do 'shutdown' não resolve apagão de dados, diz Meera Pandit, do JP Morgan

Avon podia ter salvado Natura do tombo, mas ainda não estava pronta

BTG Pactual bate novos recordes no 3º trimestre e lucra R$ 4,5 bilhões

Nem Cook, nem Musk: como Huang, da Nvidia, virou o maior aliado de Trump