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Os riscos da insegurança jurídica na fusão entre BRF e Marfrig

Com assembleia adiada pela segunda vez, investidores temem chances de judicialização

Fusão em modo de espera: Previ e Alex Fontana, com menos de 5% de participação, vem questionando a operação

Fusão em modo de espera: Previ e Alex Fontana, com menos de 5% de participação, vem questionando a operação

Publicado em 11 de julho de 2025 às 17h58.

Última atualização em 11 de julho de 2025 às 19h35.

A novela que se tornou a fusão entre BRF e Marfrig está trazendo temores de insegurança jurídica ao mercado.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) adiou pela segunda vez a Assembleia Geral Extraordinária (AGE), atrasando em mais de quarenta dias as deliberações sobre a combinação de negócios.

O principal entrave vem da pressão da Previ, que alega que teria um prejuízo de R$ 2,6 bilhões se a fusão ocorrer da maneira que foi estruturada.

O fundo de pensão do Banco do Brasil, com menos de 5% de participação na BRF, já tentou suspender a AGE na Justiça uma vez, e tendo seu pedido indeferido, entrou com agravo.

Ao seu lado, tem Alex Fontana, herdeiro da família Sadia, acionista com percentual de 0,2% na gigante de proteína.

O protesto dos minoritários convenceu a CVM e corre em paralelo em um processo de arbitragem, direito às companhias do Novo Mercado da B3.

É a relação de troca da operação, de 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF, que está sendo questionada. Os acionistas acham que está subavaliada e querem saber de que forma a comissão independente responsável por fazer essa conta chegou nesse resultado.

Para Igor Guedes, analista de frigoríficos da Genial Investimentos, a “falta de clareza” na operação, citada pela CVM em ambas as decisões, é um dos principais problemas.

Nesse contexto, uma das preocupações dos investidores é que as sinergias previstas na operação ficam comprometidas quando o cronograma se alonga.

O risco de deterioração do ambiente macroeconômico, em um momento no qual o Brasil leva um "tarifaço" de 50% dos Estados Unidos, fragiliza as prometidas melhoras de margem e geração de caixa.

Já há quem veja chances concretas de que a relação de troca de ações passe por algum ajuste para a operação sair do papel.

O maior risco, contudo, é que a fusão seja judicializada até as instâncias superiores, atrasando o processo e deixando o futuro de ambas as companhias — e o desempenho dos papéis — em aberto.

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