“O dinheiro não vai acabar. O Brasil não é São Paulo e Rio. E pagar em dinheiro é mais barato”, diz Alessandro Abrahão, da Prosegur Cash (Divulgação/Divulgação)
Angela Bittencourt
Publicado em 29 de julho de 2021 às 17h31.
Última atualização em 29 de julho de 2021 às 18h12.
Plástico, metal, papel ou digital, dinheiro é dinheiro chova ou faça sol. O Brasil tem R$ 343,2 bilhões em circulação. A aritmética destina R$ 1.625 para cada cidadão. A sociedade, não. Mas empresas altamente especializadas se encarregam de distribuir a cada um o seu quinhão. Parece rima fácil, mas não é. É negócio.
Líder no transporte de valores, o Grupo Prosegur vai além do meio circulante – sinônimo técnico para dinheiro em circulação – e vem diversificando o seu negócio que também sentiu a massiva digitalização das transações financeiras neste ano e meio de pandemia.
De origem espanhola, o Prosegur está presente em 26 países que vão receber investimentos de 94 milhões de euros, equivalentes a R$ 566 milhões, até 2023 para um programa global de transformação digital. O Brasil receberá parte não revelada desses recursos para acelerar a diversificação de produtos e negócios.
“A empresa tem caminhado em direção ao varejo, investindo em ferramentas tecnológicas para a gestão financeira de pequenas e médias empresas, e em projetos de correspondência bancária”, informa Alessandro Abrahão, diretor-geral da Prosegur Cash, braço de transporte de valores do Grupo no Brasil.
A Prosegur Cash é dona de 50% desse mercado com mais de 6 mil clientes, desde padarias até os maiores bancos de varejo, Casa da Moeda e Banco Central.
Em entrevista ao EXAME IN, Abrahão relata que a operação brasileira encerrou 2020 com faturamento líquido de R$ 2,155 bilhões, projeta R$ 2,220 bilhões para 2021 e planeja alcançar R$ 2,5 bilhões em 2023. O Grupo persegue metas trienais. No Brasil possui 112 filiais, 106 delas com tesouraria para recepção e tratamento de numerário e custódia. E conta com mais de 13 mil colaboradores.
O diretor-geral do Prosegur reconhece a inevitável digitalização, mas é categórico ao afirmar que o dinheiro em espécie não vai acabar. Por mais que se tente vender essa ideia, o dinheiro em papel ou em moeda não vai acabar. “A circulação tende a diminuir com maior uso da tecnologia, mas São Paulo e Rio, por exemplo, não são o Brasil. Nem as periferias das grandes cidades são como as capitais e a pandemia também mostrou isso. Não há ‘wifi’ para todos e dinheiro plástico ou digital ainda custa caro para as pessoas. Pesquisa recente do Instituto Locomotiva mostra que o brasileiro prefere pagar em dinheiro porque é mais barato.”
Atento à população que não vive em centros urbanos, à preferência por dinheiro em lugares mais distantes, ao processo de fechamento de agências bancárias e à digitalização, em 2018 o grupo espanhol viu no serviço de correspondência bancária a oportunidade de investir em um novo negócio e comprou a LogMais do Banco do Brasil.
“Já realizamos mais de 38 milhões de transações ao ano, movimento superior a R$ 1 bilhão ao mês. Estamos em 1.483 municípios brasileiros e temos 2.850 estabelecimentos e lojas (subestabelecidos) que nos ajudam a fazer esse trabalho de correspondência bancária. E vemos um potencial enorme de crescimento”, pontua o executivo, que começou a trabalhar na companhia como trainee 26 anos atrás.
Nos últimos anos, a Prosegur lançou vários serviços utilizando ferramentas tecnológicas. Entre elas, o Cofre Inteligente, o Cash Today, o CataMoeda e soluções para transporte de cargas especiais. “No Grupo, o Brasil é pioneiro em correspondência bancária, cofres inteligentes, cargas especiais e o primeiro a utilizar a GTV eletrônica – Guia de Transporte de Valores. O Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) aprovou a regra no final de 2020 e estamos eliminando todo papel envolvido nas operações. Salvamos árvores e é mais seguro”, brinca Abrahão.
O Cofre Inteligente permite que estabelecimentos comerciais, sobretudo pequenos e médios, utilizem uma contadora digital de dinheiro acoplada em cofres que seguem altos padrões de segurança para depositar recursos do dia a dia. O Cash Today funciona como crédito antes mesmo de os recursos transportados pela Prosegur Cash estejam depositados no domicílio bancário dos varejistas.
O CataMoeda foi um achado até para o Banco Central. O aparelho, semelhante aos caixas eletrônicos também abastecidos e sob gestão da Prosegur Cash, permite que o comerciante (e seus clientes) deposite as moedas e possa trocá-las por ‘vouchers’ ou serviços, como vale compras como bônus, receber o valor em cédulas, comprar créditos para o celular ou games ou ajudar instituições beneficentes. O CataMoeda ilustrou uma peça publicitária do BC para incentivar a população a colocar em circulação moedas guardadas em casa.
Já o transporte de cargas especiais – feito em mais de 50 super caminhões construídos pela Mercedes Benz e também destaque em propaganda da montadora – chegou para solucionar especialmente problemas enfrentados por grandes varejistas de produtos eletroeletrônicos e a indústria farmacêutica.
“Ao lançar esse serviço pioneiro no Grupo, na prática uma proteção contra roubo de carga em grandes estradas brasileiras, nos tornamos responsáveis por serviços intrínsecos à nossa atividade de transporte de valores, como seguro e escolta”, relata o diretor-geral da Prosegur que, entre aliviado e orgulhoso, recorda de um único sinistro ocorrido no transporte de uma carga especial. Um acidente que avariou o super caminhão. Não a carga.
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