América Latina já tem 34 unicórnios. Em 5 anos, as startups da região receberam US$ 36 bi em 5.175 rodadas de investimento, diz João Ventura, CEO da Sling Hub (Divulgação/Divulgação)
Angela Bittencourt
Publicado em 29 de setembro de 2021 às 06h00.
Enxutas e barulhentas, elas perturbam setores maduros da economia, como Bancos, que hoje juntam-se a elas como parceiras, prestadoras de serviços ou agentes de provocação de novos modelos de negócios. Não raro, de alta tecnologia. Ícones da nova economia, parece que as startups nasceram ontem, mas elas já saíram da adolescência e despertam interesse de investidores, além de compradores e vendedores de ideias e produtos. Mas como encontrar essas efervescentes empresas, quase sempre representadas por três sócios – um meio de superar embates e empates na tomada de decisão?
Foi pensando na escassez de informação e na demanda crescente de grandes empresas que querem se relacionar com startups que João Ventura idealizou a Sling Hub. Após um ano de coleta e organização de dados, a Sling foi criada no final de 2018 e a plataforma foi aberta em 2019. Em dois anos, a Sling se consolidou como referência de informações sobre startups no Brasil e no México e agora expande seu negócio para mais cinco países: Chile, Colômbia, Argentina, Peru e Uruguai.
A plataforma passa a cobrir 98% do ecossistema de startups na América Latina e já fez a lição de casa: lança o Relatório Sling Hub LATAM com informações de 24.409 startups e 656 investidores. São mais de 2,2 milhões de dados de sete países latino-americanos.
O relatório informa que a região já possui 34 unicórnios. Em menos de cinco anos, as startups latino-americanas receberam mais de US$ 36 bilhões – as 10 maiores rodadas levantaram US$ 14,1 bilhões. Apenas neste ano, os investimentos alcançaram US$ 13 bilhões. Ao todo, foram 5.175 rodadas de investimento, a maior parte delas focada em volumes menores: 48% dos rounds captaram valores até US$ 1 milhão de dólares, e 52% foram rodadas iniciais.
Os dados da Sling Hub apontam que o protagonismo argentino foi superado em 2018, quando em um único ano o Brasil produziu seus primeiros unicórnios (Ifood, 99, PagSeguro, Nubank, Arco Educação e Ascenty). Em 2020, o país recebeu mais de 60% dos investimentos dedicados à América Latina, e hoje concentra 77% das startups e 60% dos unicórnios.
O relatório Sling Hub LATAM revela que 10% das startups latino-americanas são fintechs. As Edtechs correspondem a 6% e as Health Techs por outros 6%. “Com foco nos investidores em unicórnios, o levantamento informa que 8 dos 15 maiores são americanos, mas o grupo japonês SoftBank é líder no ranking – já investiu em 13 dos 34 unicórnios da América Latina”, informa João Ventura, CEO da Sling Hub.
O levantamento aponta também que o Brasil é o país mais ativo em fusões e aquisições de startups: 83% das empresas adquiridas na América Latina são brasileiras. “O número de aquisições possivelmente baterá seu recorde em 2021. Foram 200 startups adquiridas em 2020, porém, até agosto deste ano, 195 startups latino-americanas já passaram por este processo. A Magalu, é hoje a maior compradora de startups na região, já comprou 25 empresas – uma informação que só reforça a importância da Magalu no ecossistema brasileiro”, avalia o executivo.
Em entrevista ao EXAME IN, João Ventura explica que a Sling é uma plataforma – uma ferramenta de inteligência de dados – que captura e fornece informações sobre startups, fundos de venture capital, aceleradoras e incubadoras, onde os usuários realizam pesquisas sobre o mercado.
A Sling Hub, que recebeu na primeira rodada de investimentos R$ 1,5 milhão no início deste ano sendo avaliada em R$ 8,5 milhões, pretende fazer novo aporte em 2022 e tem 7.300 usuários cadastrados na plataforma que atuam em fusões e aquisições de grandes empresas, inovação, fundadores de startups e investidores.
Forjado no sobe e desce de ativos no mercado financeiro, onde trabalhou por uma década, Ventura assumiu seu viés empreendedor tornando-se investidor-anjo, comandou a Gávea Angels e, há dois anos, é dono da sua própria startup.
“Meu primeiro investimento foi o Quinto Andar, que deu e continua dando muito certo. Investi em 14 startups, a maioria brasileiras, duas nos Estados Unidos e uma no Canadá. Nem tudo deu certo. Investi em empresas que quebraram e perdi 100% do dinheiro”, confessa Ventura que viveu os dois extremos nos investimentos – ganhar e perder dinheiro.
A carreira ajudou Ventura a vislumbrar o negócio que hoje é referência sobre startups. “Pela minha experiência no mercado financeiro entendo a necessidade de informações. E vi uma oportunidade de empreender com a criação da plataforma sobre startups. Começamos com a coleta de dados de startups brasileiras e, quando tínhamos 90% das informações do Brasil, decidimos avançar para o México. E nos especializamos em dados de startups da América Latina. Não temos a pretensão de ir além da América Latina”, diz o executivo.
Para acelerar a utilização de 2,2 milhões de dados disponíveis sobre as startups latinas, a Sling está lançando uma nova funcionalidade, o Hunter as a Service (HaaS) para permitir o match perfeito entre usuários e startups de forma mais rápida e eficiente. Ventura explica que o HaaS funciona como uma consulta avançada na plataforma, combinando tecnologia e avaliação humana para entregar, em três dias úteis, um relatório completo com até 30 startups que se encaixem no perfil desejado.
O CEO da Sling Hub explica que o grande diferencial do HaaS é que o usuário pode incluir critérios mais específicos, ele não precisa se limitar aos filtros já existentes na plataforma, mas pode simplesmente descrever a sua necessidade ou problema e os requisitos básicos que a startup precisa ter para poder contribuir com a solução da demanda.
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