Exame IN

Prio compra 60% restantes de Peregrino por US$ 3,5 bi. O preço é menos salgado do que parece

Já aguardada pelo mercado, transação é transformacional e gera valor, apontam analistas, mesmo num cenário de preços de petróleo mais pressionados

Peregrino: Sinergias relevantes com campos de Tubarão Martelo e Polvo (Prio/Exame)

Peregrino: Sinergias relevantes com campos de Tubarão Martelo e Polvo (Prio/Exame)

Publicado em 2 de maio de 2025 às 10h32.

Última atualização em 2 de maio de 2025 às 10h41.

Numa transação já amplamente aguardada pelo mercado, a Prio (PRIO3) anunciou a compra da fatia de 60% no campo de Peregrino, na Bacia de Campos, que pertencia à Equinor por um total de até US$ 3,5 bilhões – tornando-se a operadora única.

Os papéis sobem 7% na abertura do mercado.  Em setembro, a companhia já tinha comprado a fatia de 40%  que pertencia à chinesa Sinochem e vinha sendo bastante vocal a respeito do seu interesse pela compra integral, dada as sinergias com seus outros campos.

É uma transação transformacional para a empresa. À primeira vista, o valor a ser pago pelo ativo parece esticado: equivale a dois terços do valor de mercado da Prio na Bolsa e embute um valuation de US$ 5,8 bilhões por todo o ativo, 22% acima do preço estipulado na aquisição da fatia da Sinochem.

A comparação, no entanto, não é precisa e, na prática, o desembolso da Prio será menor. A transação é retroativa a janeiro de 2024, desde quando ela está sendo negociada e a geração de caixa de Peregrino no período vai para a compradora.

Nesse contexto, o BTG estima que o pagamento a ser feito pela Prio deve ficar mais próximo de US$ 2,5 bilhões. A XP calcula que seja ainda menor, de US$ 2,2 bilhões.

“Vemos o negócio como passo estratégico que permite à Prio continuar expandindo por meio de ganhos de eficiência em ativos maduros sem comprometer sua capacidade de geração de caixa – potencialmente acelerando sua transformação em uma máquina de dividendos em 18 meses”, escreveu a equipe do BTG em relatório.

Considerando a performance de Peregrino desde janeiro de 2024, o banco vê a transação avaliada em 3,5 vezes EV/EBITDA, considerando um barril do Brent a US$ 60. Nessas mesmas condições, é um desconto em relação às 4,5 vezes pelas quais a Prio é negociada em bolsa.

Enquanto boa parte do mercado esperava que a transação fosse adiante, o timing é surpreendente, dadas as incertezas em relação ao preço do petróleo, que caiu forte em meio aos temores de desaceleração global por conta da guerra comercial.

Nesse sentido, a Prio parece ter sido bastante oportunista, fazendo um movimento contracíclico aproveitando seu balanço robusto, enquanto outros concorrentes estão mais conservadores.

Boa parte do interesse da Prio no ativo está nas sinergias a serem extraídas. O campo de Peregrino está localizado perto dos campos de Tubarão Martelo e Polvo, o que potencialmente pode trazer economias relevantes de custos.

Nas contas do BTG, essas sinergias podem ser significativas. “Uma estimativa conservador de economias de US$ 80 milhões ao ano pode gerar US$ 550 milhões em valor presente líquido – equivalente a R$ 3,8 por ação, ou 11% de upside em relação ao último preço de fechamento”, calcula o analista Luiz Carvalho.

Nos cálculos da XP, a transação adiciona entre R$ 3 e R$ 5 em valor por ação da companhia – que representa um potencial de alta de 9% a 15%.

De acordo com a Prio, o pagamento será feito usando recursos em caixa, geração de caixa futura e dívidas novas. A expectativa da empresa é que a dívida líquida não ultrapasse as duas vezes o EBITDA.

Para o BTG, o indicador pode chegar a 2,5 vezes no fim deste ano – mas ainda assim não é preocupante. Com a geração de caixa contratada, ela deve cair para 1,5 vez em 2026 nos cálculos do banco.

A expectativa da Prio é concluir a transação entre o fim de 2025 e o começo de 2026. A operação depende do aval da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Acompanhe tudo sobre:Fusões e AquisiçõesPrioPetróleo

Mais de Exame IN

WEG cai 10% com frustração de margens; empresa não vê grande impacto de tarifaço

No Iguatemi, ritmo de compra e venda de shoppings já foi. A ordem, agora, é acelerar crescimento

Gerdau desiste de planta no México e vê EUA mais aquecido – mas ainda sofre com Brasil

Perdeu o rali do ouro? Agora pode ser a hora de a prata brilhar