Exame IN

Com descredenciamento pela Unimed, Rede D'Or cai 7% em três dias

Anúncio foi feito pelo plano de saúde no Carnaval; ações da rede de hospitais figuram entre as maiores perdas no Ibovespa nesta sexta

 (Germano Lüders/Exame)

(Germano Lüders/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 14h24.

Última atualização em 16 de fevereiro de 2024 às 17h22.

Em um anúncio que pegou muita gente de surpresa durante o Carnaval, a Unimed Nacional revelou planos para descredenciar 37 hospitais a partir de 4 de março, em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão e o Distrito Federal.  

Nem mesmo o correr dos dias foi suficiente para diminuir a percepção do mercado de que a Rede D’Or deve ser a que sairá mais machucada das mudanças. Hoje, as ações da rede de hospitais caíam mais de 2%, a R$ 25,91, figurando entre as maiores perdas do Ibovespa. Desde Quarta-Feira de Cinzas, quando a Bolsa voltou a operar, a queda é de 7,33%.  

Dos 37 hospitais, 18 hospitais estão sendo completamente descredenciados e 19 perdendo a credencial parcial, tornando-se inelegíveis para fornecer serviços de emergência para os planos da Unimed. 

A Rede D'Or lidera a lista com 12 hospitais a serem totalmente descredenciados, sendo 10 deles no estado de São Paulo, e um com interrupção prevista nos serviços de emergência. A Dasa aparece com 4 hospitais parcialmente descredenciados, seguida por Amil (1 hospital descredenciado; 1 parcialmente descredenciado), Hapvida (1 hospital descredenciado), Grupo Santa (1 hospital parcialmente descredenciado), Prevent Senior (1 hospital parcialmente descredenciado) e Kora (1 hospital parcialmente descredenciado). 

O impacto potencial na Rede D'Or não pode ser subestimado, observa a equipe do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) em relatório enviado aos clientes. Aproximadamente 12% da capacidade total da Rede D’Or, ou 1.384 leitos, estão prestes a serem retirados devido aos descredenciamentos.  

“Supondo que 80% desses leitos estejam operacionais, e que a Unimed Nacional representa ente 10% e 15% da utilização desses ativos, a interrupção abrupta dos serviços pode resultar em uma perda significativa de cerca de 111 a 165 leitos operacionais para a Rede D'Or, equivalendo a 1% a 2% de seus leitos operacionais totais”, escreve a equipe comandada por Samuel Alves. 

A equipe estima que a empresa de saúde hospitalar deve adicionar 370 leitos operacionais à sua base em 2024, o que pode reduzir o impacto dos descredenciamentos para quase metade do previsto. “Em escala nacional, todos os planos de saúde da Unimed Nacional devem representar menos de 10% da receita total da Rede D’Or no negócio hospitalar.”  

Além disso, a Rede D’Or tem tido sucesso em ser resiliente a esses movimentos dos planos. Anos atrás, passou por isso com Amil, lembra o banco. “Manteve seu ímpeto de ganhos e crescimento orgânico, enquanto a Amil sofreu efeitos colaterais significativos, perdendo mais de 800 mil vidas no período.” 

Mas a decisão da Unimed também tem o potencial, argumentam os analistas do BTG, de redefinir a dinâmica competitiva do setor. Embora o impacto imediato seja considerável para a Rede D'Or, a longo prazo, esses descredenciamentos podem desencadear uma onda de mudanças na carteira da Unimed Nacional, abrindo oportunidades para operadoras de planos de saúde como SulAmérica, Bradesco e Amil absorverem parte dessa demanda. 

Acompanhe tudo sobre:EmpresasMercadosRede D’Or São LuizHospitaisSaúde

Mais de Exame IN

Nestlé aposta em autoprodução de energia no Brasil em parceria com a Enel

Fim do jejum? Cosan dá a largada para IPO da Moove nos Estados Unidos

Nova fase do Pode Entrar dá fôlego a incorporadoras de baixa renda; saiba quem larga na frente

Petrobras: mais um banco se rende à tese de que capex não vai prejudicar dividendos