Fazenda da Pink Farms: dos R$ 15 pretendidos, R$ 5 milhões devem ser captados por meio de crowdfunding na plataforma da SMU (Dan Magatti/Divulgação)
Graziella Valenti
Publicado em 14 de junho de 2022 às 15h16.
Última atualização em 14 de junho de 2022 às 16h31.
A Pink Farms, a fazenda vertical urbana cor-de-rosa que nasceu em 2017, vai dar um salto de produção. A companhia que cultiva e vende verduras, legumes e frutas vai multiplicar sua produção por dez — isso mesmo, por 10! — em 2023 e os preparativos já começaram. Uma nova unidade será erguida, nas proximidades de São Paulo, mas em local ainda a ser definido e a atual, na Vila Leopoldina (zona oeste da capital paulista), será reformada e duplicada. Como resultado, o faturamento também será multiplicado por dez, devendo alcançar R$ 20 milhões no futuro.
A companhia está em meio a uma nova rodada de captalização, mirando levantar R$ 15 milhões, para executar esse plano. Desse total, uma fatia de R$ 5 milhões será mais uma vez obtida via crowdfunding, por meio da plataforma SMU, e a captação abriu hoje para investidores.
A diferença, até o valor integral, virá de fundos de venture capital. Geraldo Maia, sócio fundador, conta ao EXAME IN, que ainda falta uma parte do total para fechar o percentual (2/3) que ficará com fundos. Em janeiro de 2021, a Pink Farms anunciou uma rodada de R$ 4 milhões por meio de financiamento coletivo e levantou 20% a mais do que o previsto. "Na época, fechamos em 12 dias a etapa pública. Agora, a rodada pode ficar aberta por 60 dias. Esperamos concluir tudo até esse prazo."
A nova fazenda vertical e a reforma da atual levarão a companhia a uma capacidade de 25 toneladas mensais de verduras. "O principal motivo da expansão é que já temos uma demanda muito maior do que nossa oferta. Se tívessemos cinco vez mais, estaria vendendo." No ano passado, a companhia chegou a planejar um passo ainda maior do que esse, mas a mudança na taxa de juros modificou o ambiente de forma significativa. "Com essa meta atual de recursos já será possível fazer um grande crescimento. Estamos muito satisfeitos", comenta Maia.
Se tiver sucesso nos R$ 15 milhões, já será uma pernada e tanto. Desde a fundação, a empresa havia levantado R$ 8,8 milhões, incluindo a emissão distribuída na forma de crowdfunding, em que o objetivo foi atrair investidores que sejam também consumidores que atuem como embaixadores e evangelizadores da marca. "Com esse aumento vamos dar escalabilidade ao negócio e aí sim poderemos então pensar, no futuro, em criar duas ou três fazendas em outros locais." Por enquanto, mesmo com a expansão, a empresa seguirá atendendo à região Grande São Paulo. Talvez alguma rota para uma cidade de interior próxima, mas o foco ainda estará na capital.
Com a nova fazenda, a Pink Farms também vai poder ampliar a variedade de produtos, dos atuais 34 SKUs em venda para cerca de 60, podendo alcançar 65. Serão incluídos no portfólio ervas e novas folhas, que já estão com tecnologia desenvolvida, mas ainda não estão comerciais. A próxima unidade terá um layout um pouco diferente da atual, com maior automação. Com mais tecnologia, a produtividade de uma fazenda vertical da Pink Farms, que era 100 vezes superior ao método tradicional no início da companhia, já está em 170 vezes superior por metro quadrado.
Atualmente, os produtos da Pink Farms estão em cerca de 110 pontos de venda em redes como Pão de Açúcar, Carrefour, Natural da Terra, Oba, Záfari, Mambo, além de restaurantes. "Vamos poder estar em mais lojas. No Pão de Açúcar, por exemplo, estamos em 12 lojas, de mais de 90 que possuem na capital paulista. Queremos ver com esses nossos parceiros a melhor forma de fazer, melhorando a experiência do cliente, com mais produtos nas lojas em que estamos e mais unidades também." Segundo ele, é possível que o número de pontos atendidos fique três vezes maior que o atual. "Queremos trazer mais a experiência Pink Farms e o conceito por trás da fazenda."
O objetivo dos fundadores — o trio Maia, Mateus e Rafael Delalibera — nunca foi de mero abastecimento. A Pink Farms nasceu para ser marca de consumo. Daí o crowdfunding ser um caminho que a companhia gosta. Cada vez mais, o objetivo é deixar evidente para os consumidores o que torna o seu produto tão diferente. O plantio em ambiente controlado e a proximidade do consumidor (o que reduz desperdício e emissões), promete uma qualidade e apararência muito melhor do que aquilo que o consumidor está habituado. Além disso, tudo que a Pink Farms entrega inclui 95% de economia de água, 60% menos uso de fertilizantes e zero defensivos químicos. O objetivo é fazer com que o consumidor saiba que colocou na mesa algo diferenciado em toda sua cadeia de produção.
As fazendas verticais da companhia, que são pink devido à mistura das luzes azuis e vermelhas usadas na produção por serem mais eficientes, estão conquistando cada vez mais atenção. Há outras iniciativas no Brasil nesse sentido e mundo afora as companhias dessa modalidade de cultivo já atraem centenas de milhões de dólares. Nos Estados Unidos, Plenty, Bowery e AeroFarms já levantaram mais de US$ 500 milhões cada.
Transformar tudo isso em valor para o cliente final é questão nevrálgica para o negócio. O projeto de Maia e dos Delalibera é que em 2027 — já com uma operação relevante em América Latina, com uma estimativa de 24 fazendas — a Pink Farms seja uma companhia com receita acima de R$ 1,3 bilhão, em valores atuais.
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