Exame IN

Petz: IPO sai no meio da faixa de preço e indica pressão por desconto

Apesar de a empresa estar em ramo inédito na bolsa e cobiçado pelos investidores, múltiplos foram considerados altos

Fachada de loja Petz: 85% dos recursos da oferta primária serão destinados à abertura de novas unidades (Facebook/Petz/Divulgação)

Fachada de loja Petz: 85% dos recursos da oferta primária serão destinados à abertura de novas unidades (Facebook/Petz/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 18h19.

Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 00h33.

O preço da ação no IPO da cobiçada Petz, rede de varejo de produtos para animais de estimação, já foi definido. Para surpresa geral, ficou no meio do intervalo sugerido: em 13,75 reais por ação. O piso era 12,25 reais e o teto, 15,25 reais por ação. Com isso, a oferta ficou em 2,69 bilhões de reais, considerando o lote extra. A venda é coordenada pelo Itaú BBA, e o sindicato de bancos inclui ainda Santander, Bank of America, J.P. Morgan e BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Apesar do grande interesse pela companhia — a primeira do ramo na bolsa —, os investidores acharam os múltiplos da transação salgados. Já no preço intermediário, o valor da empresa na estreia equivale a 55 vezes o lucro estimado para 2021. De janeiro a junho deste ano, a rede teve lucro líquido de 22 milhões de reais. Por esse valor da ação, a Petz chegará ao pregão avaliada em pouco mais de 5,1 bilhões de reais. Mesmo considerado caro desde a largada, o negócio chamou a atenção de diversos investidores.

A oferta é predominantemente secundária, com a maior parte das vendas pelo fundo de private equity Warburg Pimcus, que entrou no negócio em 2013 e detinha atualmente 55% do capital, antes da oferta de ações. O fundador Sérgio Zimerman também vendeu uma parte dos papéis que possui, mas ficou ainda com 35% da companhia.

A operação marca a retomada da prevalência econômica de Zimerman no negócio, ao fim do ciclo de investimento do fundo de participações. A fatia do Warburg, que impulsionou a companhia nos últimos anos, caiu para 12%. Portanto, nesse preço, o fundo obteve 2 bilhões de reais. Quando a gestora iniciou sua aposta no negócio, a Petz tinha apenas sete lojas e ainda se chamava Pet Center Marginal.

A Petz, que agora opera uma rede com 110 lojas, ficará com pouco menos de 340 milhões de reais para o caixa, fruto da parcela primária da oferta — valor muito semelhante ao embolsado pelo fundador em sua parcela secundária. A maior parte dos recursos novos no caixa, cerca de 85%, será destinada para aberturas de  lojas e o restante, para tecnologia. Nos primeiros seis meses deste ano, a empresa teve receita líquida de 617 milhões de reais, com crescimento de 36% sobre igual período do ano passado.

Com a fila de operações na Comissão de Valores Mobiliárias (CVM) acumulando 51 companhias, os investidores estão mais seletivos e exigentes. Até mesmo porque, apesar da grande liquidez do mercado, os recursos não são infinitos. Os dois últimos IPOs realizados, a companhia de construção e incorporação imobiliária Lavvi, que tem a Cyrela como sócia, e a rede de farmácias Pague Menos tiveram de vender suas ações abaixo do piso da faixa de preço sugerida.

 

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3IPOsPague MenosPetz

Mais de Exame IN

Mais Porto, menos Seguro: Diversificação leva companhia a novo patamar na bolsa

Na Natura &Co, leilão garantido e uma semana decisiva para o futuro da Avon

UBS vai contra o consenso e dá "venda" em Embraer; ações lideram queda do Ibovespa

O "excesso de contexto" que enfraquece a esquerda