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Petrobras: em meio ao risco de troca de CEO, ainda há espaço para upside

Percepção positiva acerca de distribuição de dividendos e ganhos a partir do preço do petróleo estão entre os pontos de destaque

Petrobras: receios do mercado aumentam com possível mudança de CEO, mas diminuem com perspectiva de dividendos (SOPA Images/Getty Images)

Petrobras: receios do mercado aumentam com possível mudança de CEO, mas diminuem com perspectiva de dividendos (SOPA Images/Getty Images)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 4 de abril de 2024 às 14h33.

Última atualização em 4 de abril de 2024 às 14h34.

A manhã desta quinta-feira (04) segue dominada por rumores de substituição de Jean Paul Prates no cargo de CEO da Petrobras, com especulações a respeito de uma possível indicação de Aloizio Mercadante ao cargo. Investidores penalizaram o papel na B3 mais cedo (as ações da estatal chegaram a cair 1,09% nesta manhã, cotadas perto dos R$ 38) e depois reverteram para alta com a possibilidade de distribuição de dividendos extraordinários ficando mais clara. Às 14h17, os papéis subiam 1,43%, a R$ 38,97.

No meio do turbilhão, os analistas Pedro Soares, Thiago Duarte e Henrique Pérez do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) reforçam que o risco de troca de CEO é persistente para o papel e pode fazer as ações sofrerem.

O mercado se preocupa que uma eventual mudança brusca no comando da petroleira traga retrocessos em governança e, mais do que isso, a incerteza a respeito do uso de recursos para futuros investimentos. A história joga contra a companhia: praticamente todas as vezes em que a estatal saiu do seu core business de petróleo, destruiu valor.

Sem tirar esse risco da mesa, a equipe do BTG ressalta a recomendação de compra para o papel, tendo em vista principalmente a distribuição de dividendos e o potencial de ganhos (upside) que a companhia pode ter com o aumento do preço do petróleo.

A equipe acredita que a petroleira pode distribuir mais dividendos do que o mercado espera, uma vez que o montante de recursos que iria para o Tesouro está longe de ser desprezível. Dos US$ 8,8 bilhões previstos para isso, cerca de US$ 2,5 bilhões vão para os cofres públicos.

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Convertendo os montantes em reais, caso o pagamento integral se concretize, serão distribuídos R$ 43,9 bilhões aos acionistas da estatal. Entre eles, o governo, no caso, o acionista controlador, embolsaria cerca de R$ 12 bilhões. O movimento é visto como uma vitória para o governo, principalmente para Fernando Haddad,  que alega ser fundamental receber o montante para complementar a receita e compensar o rombo no orçamento e ajudando a cumprir a meta fiscal.

“Nós ainda acreditamos que os dividendos extraordinários serão distribuídos. Primeiro, não deve ser difícil para a Petrobras provar que consegue financiar seus investimentos de longo prazo com a geração de fluxo de caixa. E, segundo, os fundos serão um ponto chave para equilibrar o orçamento fiscal do país”, afirmam os analistas.

Nas contas do BTG, usando estimativas conservadoras para o preço do Brent, a Petrobras teria US$ 4 bilhões em fluxo de caixa em 2024, já descontando o capex previsto no plano de investimento. O plano 2024-2028, apresentado no fim do ano passado, prevê investimentos de US$ 102 bilhões em investimentos, bem acima dos US$ 78 bilhões do quadriênio anterior.

Mas, mesmo caso o cenário mais pessimista se confirmasse — a não distribuição dos dividendos —, a equipe ainda vê espaço para a ação subir.

Hoje, a ação da Petrobras é negociada a um dividend yield de 12% para 2024, com base nos preços do petróleo de US$ 75/bbl e produção de petróleo perto do guidance. Com o preço do petróleo hoje em US$ 82/bbl no acumulado do ano, só isso em si já traria espaço para upside. “Se fizéssemos esse ajuste, a Petrobras seria negociada a um yield de 15%”, afirmam os analistas.

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