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Perdeu o rali do ouro? Agora pode ser a hora de a prata brilhar

Enquanto o ouro bateu recordes, a prata vem em alta menos acentuada; mas a história mostra que, em períodos de estresse, o desempenho deste último metal tende a seguir do seu primo mais rico – com alguma defasagem

Nem tudo que brilha é ouro. Em determinadas situações, pode também ser prata.  (asbe/iStock/Getty Images)

Nem tudo que brilha é ouro. Em determinadas situações, pode também ser prata. (asbe/iStock/Getty Images)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 28 de abril de 2025 às 10h56.

Última atualização em 28 de abril de 2025 às 11h38.

Em tempos de incerteza econômica, o ouro sempre volta aos holofotes como um tradicional porto seguro. Na semana passada, bateu recorde cotado a mais de US$ 3.500 por onça, antes de um recuo após Donald Trump suavizar seu tom em relação a guerra comercial e à independência do Federal Reserve.

Diante da volatilidade crescente e das mudanças tectônicas no mercado, já há quem diga que o metal possa superar os US$ 4.000 por onça ainda este ano. Mas depois de uma alta de 41% nos últimos doze meses, é compreensível que alguns investidores estejam com medo de ter perdido a maior parte do rali.

Há sinais, contudo, de que outro metal precioso pode assumir parte do protagonismo: a prata.

Uma análise feita pelo Wall Street Journal mostra que a prata tende a seguir o desempenho do seu primo mais rico – ainda que com alguma defasagem.

Assim como o ouro, a prata é vista como reserva de valor em cenários de inflação, instabilidade social e guerras (qualquer semelhança com o momento atual não é mera coincidência).

A questão é que ela também tem ampla aplicação industrial, como na produção de eletrônicos e painéis solares, o que a torna mais sensível ao ciclo econômico.

Por isso, quando a aversão ao risco domina o mercado, o ouro costuma sair na frente. Mas, conforme a economia começa a reagir, a prata ganha tração.

Menos popular, a prata já subiu 23% nos últimos doze meses – um desempenho inferior ao ouro, mas ainda bem superior aos 6% do S&P 500.

Razão entre preços

Um indicador acompanhado de perto por quem investe em metais é a razão entre os preços do ouro e da prata.

De acordo com o jornal, na quarta-feira, uma onça de ouro custava 98 vezes mais que uma de prata, abaixo do pico de mais de 100 vezes registrado dias antes — bem acima da média histórica de 68 vezes nos últimos 30 anos.

A última vez que esse desvio foi tão acentuado foi durante o pânico inicial da pandemia, em março de 2020, quando a razão chegou a 113. Se a história serve de guia, o prognóstico para a prata é bem positivo: nos 12 meses seguintes, o metal disparou 73%, enquanto o ouro subiu apenas 8%.

Cenário semelhante ocorreu durante a crise de 2008: nos doze meses subsequentes, a prata subiu 81%, enquanto o ouro teve alta de 44%.

O que poderia quebrar esse padrão? Um colapso prolongado no comércio global, por exemplo, poderia penalizar a prata por conta de sua ligação com a atividade industrial. Ainda assim, mesmo na recessão provocada pela crise de 2008, o metal conseguiu se recuperar com a retomada da economia e os estímulos monetários.

Em resumo, para cenários muito extremos, o ouro segue como a escolha mais segura. Mas, para situações menos dramáticas, a história mostra que a prata pode ter espaço para brilhar.

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