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Pátria compra PE da abrdn e ganha exposição global

Do Brasil para o mundo, firma pagará US$ 122 milhões por carve-out da gestora britânica

Portfólio da Aberdeen está concentrado no mid-market europeu e americano (Jack Taylor/Getty Images)

Portfólio da Aberdeen está concentrado no mid-market europeu e americano (Jack Taylor/Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 16 de outubro de 2023 às 13h57.

Última atualização em 16 de outubro de 2023 às 13h57.

O Pátria anunciou hoje a aquisição do braço de private equity da europeia abrdn (antiga Aberdeen), com US$ 7,8 bilhões em ativos sob administração, no movimento mais agressivo de uma firma local em direção a mercados internacionais.

A aquisição vai lançar as bases para uma vertical voltada para soluções globais, mirando investidores da América Latina que querem ter acesso a transações em moeda forte, nos Estados Unidos e na Europa. A divisão ficará sob o comando de Marco D’Ippolito, chefe de desenvolvimento corporativo do Pátria.

“Com o movimento de ‘financial deepening’ na região, as alocações de investidores estão evoluindo de produtos locais para uma exposição global mais sofisticada”, disse o CEO Alex Saigh em teleconferência com investidores.

O Pátria já tinha exposição de US$ 1,3 bilhão a ativos globais por meio da chilena Moneda, adquirida em 2021, e que agora fará parte da divisão de Global Private Market Solutions (GPMS), a ser lançada oficialmente no próximo ano.

“No Chile, os investidores locais já alocam no mercado global muito mais que no Brasil e apostamos que esse é um movimento que veremos com mais força aqui”, disse Saigh. “O movimento do câmbio nos últimos anos reforçou essa tendência em direção a moeda forte”.

Segundo ele, o Pátria já buscava uma aquisição deste tipo desde antes de seu IPO na Nasdaq, há pouco mais de dois anos.

O Pátria vai pagar 100 milhões de libras pelos ativos, em dinheiro, dos quais 60 milhões serão pagos no fechamento, financiados com uma linha de crédito bancário. Outros 20 milhões de libras serão pagos em 24 meses. A tranche de 20 milhões de libras restantes está condicionada a clausulas de performance, ligadas principalmente a metas de captação de recursos, e vence em 36 meses.

“Estamos com uma posição de caixa confortável e a transação não deve mexer com a nossa política de distribuição de dividendo”, afirmou a CFO Ana Russo. O Pátria tem mantido um payout de 80% a 85% do lucro aos acionistas.

Com uma equipe de 50 funcionários, o negócio de private equity da arbdn tem escritórios em Londres, Boston e Edimburgo. O foco é no chamado middle-market, especialmente nos mercados europeu e americano.

Metade dos recursos sob administração estão no mercado primário, mais tradicional, mas a arbdn vem ganhando presença em transações secundárias com aquisição de ativos de outros private equities, e co-investimentos, feitos em parceria. Cada uma dessas divisões representa 25%.

Um dos principais potenciais de crescimento está justamente nessas últimas duas categorias, que vêm ganhando espaço no mercado internacional. De 2019 a 2022, os ativos sob gestão em secundárias e co-investimentos cresceram 16% e 21% ao ano respectivamente, no mid-market europeu, contra 5% das estratégias primárias.

A abrnd opera com uma taxa de administração média de 0,5% a 0,6%, ou cerca de US$ 40 milhões ao ano. A margem de fee-related earnings (FRE) é de 30% a 40%, abaixo do patamar atual do Pátria, que gira acima dos 50%.

Segundo D’Ippolito, a diferença é da natureza do negócio e não há grande expectativa de ganhos com sinergias, ainda que, um business de relacionamento, a presença interancional do abrdn ajude também a trazer novos negócios e bolsos para outras estratégias da gestora.

Com a aquisição de hoje, a ser concluída em meados de 2024, o Pátria deve chegar a US$ 38 bilhões sob gestão – quase o triplo dos US$ 14 bilhões que tinha no IPO, em 2021.

Boa parte dos US$ 600 milhões captados na época vem sendo empregados em aquisições. Desde então, a empresa já comprou a chilena Moneda, que adicionou US$ 10 bi em ativos, a VBI, de fundos imobiliários, e a Igah e a Kamaroopin, de venture capital.

O Pátria tem como guidance chegar a US$ 50 bi em ativos até 2025, com um fee-related earnings de US$ 200 milhões a US$ 225 milhões.

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