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Para Temer, EUA exageraram ao aplicar lei Magnitsky: 'Preocupante'

Questionado sobre o que faria caso fosse ele a negociar com Trump, o ex-presidente disse que teria visitado o mandatário americano assim que ele tivesse sido eleito. “Diplomacia comercial é fundamental"

Temer: ex-presidente participa de evento da EQI em Balneário Camboriu (Assessoria/Divulgação)

Temer: ex-presidente participa de evento da EQI em Balneário Camboriu (Assessoria/Divulgação)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Repórter de negócios e finanças

Publicado em 1 de agosto de 2025 às 11h33.

Última atualização em 1 de agosto de 2025 às 18h35.

O ex-presidente Michel Temer avalia que houve “interferência exagerada” da parte dos Estados Unidos, ao estender sanções a agentes públicos do Brasil, em particular o poder judiciário.

“Elevar tarifas é uma questão comercial, mas teve algo preocupante que foram essas sanções aos agentes públicos”, disse Temer, no painel de abertura da Money Week, encontro do mercado financeiro organizado pela EQI, em Balneário Camboriú.

No painel, o ex-presidente foi apresentado como “protagonista das saudosas reformas estruturais” e “principal constitucionalista do país”. Questionado sobre o que faria caso fosse ele a negociar com Trump, Temer disse que teria visitado o presidente americano assim que ele tivesse sido eleito. “Diplomacia comercial é fundamental”.

“Precisamos ter relações boas com todos os países. Temos vários exemplos extremos no mundo que mostram o quanto o multilateralismo é fundamental. O que tem havido nos últimos meses é o distanciamento dessa ideia com palavras agressivas de instituições nacionais e de outros países. Isso não é bom”, afirmou.

Temer lembrou de quando encontrou Trump em 2017 em um jantar, durante um congresso da ONU, junto com outros presidentes da América Latina. Eles foram questionados pelo republicano sobre o porquê de ainda não terem invadido a Venezuela.

“Naquele momento eu disse que estávamos impondo sanções diplomáticas. Ele foi compreendendo tudo e amenizando aquela ideia inaugural. Isso é um exemplo de como o diálogo deve ser procurado e as coisas vão se ajustando”.

Provocado a comentar a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), Temer disse que não estava ali para defender a instituição, mas explicou que o Supremo só age quando é acionado.

“Quem mais provoca o supremo é a classe politica. Quando uma ala perde projeto na Câmara, vai ao STF, que, ao ser provocado, tem que acabar decidindo. O Supremo tem direito de errar por último”, disse o ex-presidente.

“IOF é instrumento fiscal, não arrecadatório”

Em tom de crítica, Temer disse que o atual governo usou um instrumento de calibragem fiscal, o IOF, para fins arrecadatórios. E avaliou que o gesto causou “desarmonia entre poderes”, o que, segundo ele, “gera inconstitucionalidade”.

Temer evitou alimentar polarizações e disse ter “absoluto desprezo” por conceitos de direita e esquerda. O ex-presidente foi procurado por possíveis candidatos de oposição ao PT nas eleições presidenciais de 2026. Os governadores do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) buscaram conselhos com Temer.

“Se tiver tudo isso de candidato, ganha o outro lado”, afirmou o ex-presidente. Temer disse que projetos de governo são mais importantes do que candidaturas pessoais. “Se todos se juntassem para elaborar um projeto, isso elevaria a discussão política no país”.

*A reportagem viajou para Balneário Camboriu a convite da EQI

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